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Aumento de mortes de ciclistas revelam crueldade de empresas de delivery e da reforma trabalhista
Redação

No ano de 2019, na capital paulista, aumentou significativamente o número de mortes de trabalhadores de empresas de serviço de entrega, os chamados “delivery”. Segundo dados da plataforma virtual do governo de SP, o Infosiga, cresceu em 63% as mortes de ciclistas na cidade, e muitos desses são trabalhadores de empresas como o iFood, a Rappi, UberEats, entre outras.

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Foto: Thiago Queiroz/ Estadão conteúdo/ Veja SP

No entanto, “especialistas” ouvidos pelo jornal O Estadão, responsabilizam os próprios ciclistas pelas suas mortes, afirmando que muitos dos óbitos se originam no “comportamento de risco de usuários de bicicleta”, já que aumenta cada vez mais os pedidos de serviços de entrega. Para o “especialista”, o objetivo é “espalhar uma série de placas educativas” no trânsito para atenuar a situação.

Perguntada sobre o aumento dos óbitos, a colombiana Rappi afirma que a segurança dos “entregadores parceiros” é “primordial” para a empresa, afirmando que orienta os trabalhadores a seguirem as regras do trânsito e em dar dicas de segurança. O iFood, outra grande empresa do setor, nem mesmo se colocou no cinismo de afirmar que dá dicas de segurança, afirmando que “conclusões precipitadas” sobre a relação entre mortes de ciclistas e o aumento da atividade de delivery não podem ser feitas.

No entanto, trabalhadores entrevistados pelo próprio jornal burguês afirmaram que as mesmas empresas não oferecem equipamentos de segurança e não se preocupam com a vida de seus “parceiros”.

Acidentes, exploração no trabalho e reforma trabalhista: problemas conectados

No entanto, o que não se fala sobre o aumento de mortes é que a modalidade econômica estimulada pelas empresas do ramo de “delivery” é o grande problema, e não tanto problemas no trânsito, como o jornal e os “especialistas” afirmam. Os trabalhadores dessas empresas, muitos deles jovens, também trabalham para outras do ramo, e ainda são cobrados pelos aplicativos a otimizarem o tempo de trabalho para aproveitar o maior número de entregas possível. Isso estimula os trabalhadores a acidentes, pois que o que fala mais alto é a possibilidade de ganhar mais dinheiro, já que os salários pagos normalmente são muito baixos. Isso foi motivo de greves de ciclistas por toda a Europa em 2018 devido às pressões patronais por aumento de produtividade sem levar em conta a segurança dos ciclistas.

Para piorar o cenário, essas mesmas empresas são favorecidas pelas reformas pró-patronais que o governo Temer iniciou e Bolsonaro-Guedes deram continuidade. A insegurança nesse tipo de trabalho se reforçou com a aprovação e o aperfeiçoamento feito pela equipe econômica de Guedes da reforma trabalhista. De acordo com a reforma, estabelece-se no quadro jurídico brasileiro nova modalidade de vínculo empregatício, permitindo emprego sem proteção trabalhista, como o intermitente, em que os serviços de prestação de serviços se subordina. Isso dá segurança jurídica para que empresas como Rappi, iFood ou UberEats continuem a super explorarem os trabalhadores sem carteira de trabalho ou direitos trabalhistas. E o pior, tudo isso vendido como se fosse “modernização da economia”, ou como no discurso dessas empresas, de que o trabalhadores são “colaboradores”, e portanto, sem acesso a direitos. Não à toa, devido às reformas e à forma pela qual elas operam sua atividade econômica, empresas como Rappi e iFood são as maiores empregadoras do país, sendo a fonte de renda de 4 milhões de trabalhadores.

É preciso que essas empresas parem de lucrar dessa forma em cima da morte e exploração desenfreada dos trabalhadores. Exemplos como a sindicalização dos motoristas de Uber nos EUA é um bom exemplo de como os trabalhadores, lutando e se organizando, podem mostrar à sociedade que possuem uma identidade operária e não “colaboradora” de patrão, exigindo das empresas e do Estado o reconhecimento de seus direitos.

 
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