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Rebelião popular no Chile
Precarizados unidos no Chile: trabalhadores do McDonald’s, Burger King e Starbucks lutaram juntos
Redação

A rebelião que percorre o Chile há mais de dois meses sacudiu as estruturas do país. Junto com o questionamento aos 30 anos do pinochetismo, chegou também a crítica a precarização e as condições de trabalho. Em um feito histórico, trabalhadores do McDonald’s, Burger King e Starbucks se uniram para lutar por salário dignos entre outras coisas.

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Imagem do arquivo: estudantes protestam em Santiago contra a tentativa de passar uma lei trabalhista de precarização

A rebelião chilena que veio a questionar as estruturas mais profundas da herança pinochetista no país chegou ainda mais longe que as conhecidas imagens das dezenas de marchas, greves e centenas de “batalhas”, nas quais os manifestantes enfrentaram a brutal repressão policial. Esse questionamento ao neoliberalismo selvagem e a anos desigualdade tocou uma fibra sensível em todas as áreas da vida social e do trabalho

Assim, nas "bordas" da rebelião, emergindo dos combates nas ruas, no dia-a-dia de milhões de jovens com empregos precários algo começou a se mover. Assim, vimos imagens de trabalhadores dos shoppings mais exclusivos de Santiago protestando nos corredores dos shopping center ou paralisando a fila de caixas de supermercado, como Jumbo, no meio das compras de Natal para protestar contra os horários prolongados, falta de transporte de volta para suas casas e condições precárias de trabalho.

E outro exemplo é ainda mais importante porque se trata de algo histórico. As duas grandes franquias de fast food, McDonalds e Burger King, que realizam uma concorrência acirrada no nível empresarial, encontraram um ponto de contato quando se trata de seus trabalhadores. Pela primeira vez, empregados das duas empresas decidiram estabelecer um sindicato comum para lutar contra as condições precárias de trabalho em ambas as redes. A isto se somou o sindicato dos trabalhadores da Starbucks (que lhes havia dado apoio para planejar e montar o projeto sindical de fast food), para lutar todos, em comum, por um salário mínimo de 550.000 pesos chilenos (US $ 740).

Trabalhadores precarizados unidos

É de conhecimento do público que trabalhar em grandes redes de fast food implica baixos salários, jornadas exaustivas e alta rotatividade, tudo isso concentrado em um setor da sociedade: a juventude

isso é evidenciado por Kelly Torres, 21 anos e é parte da diretoria do sindicato unificado, em entrevista à Publimetro: “Esse é o slogan, eles são jovens e precisam estar dispostos a fazer tudo. Mas não é assim, você se cansa, o trabalho deixa você morto "

E as condições de trabalho nesses lugares são realmente indignantes. No Starbucks obrigaram os trabalhadores a pagar eles mesmos pelos os seus uniformes, quer dizer, os obrigaram a pagar para trabalhar, no Burger King, a hora de trabalho é paga a $ 1625 (2 dólares), de modo que, por 45 horas de trabalho por semana, são recebidos US $ 295.000 (400 dólares) miseráveis no final do mês e, no McDonald’s, há denúncia de jornada de trabalho de até 15 horas em um único dia.

Essa mesma juventude que foi a faísca para acender a chama das mobilizações históricas que vive o país, agora começa a se organizar em seus locais de trabalho. Para Antonio Paez, secretário do sindicato do Starbucks “Ao não existir organização neste tipo de empresa, as condições de trabalho e os abusos cometidos são muito semelhantes. Mas foi demais, hoje somos forçados a deixar nossas vidas no trabalho por um salário miserável, e a única maneira de superar essa realidade é nos unirmos entre os trabalhadores, é por isso que estamos nos organizando, se lutarmos cada um pra seu lado, não serve ”

Um exemplo para ser seguido em todos os locais de trabalho

A legislação trabalhista vigente, herdada da ditadura com o Plano de Trabalho de José Piñera (irmão do atual presidente), foi responsável por atomizar, tanto quanto possível, a força e a organização dos trabalhadores. Uma das ferramentas centrais para alcançá-lo foi limitar os sindicatos e as negociações coletivas unicamente a uma empresa. O objetivo era (e é) que os trabalhadores se dispersem e lutem de maneira isolada, cada um em seu lugar de trabalho, restringindo qualquer possibilidade de unificação

Por isso esta ação de unidade é tão relevante, porque vai em sentido contrário ao que pretendem os empresários e suas legislações. Mas as possibilidades que se abrem com esse exemplo vão além da formação de sindicatos maiores ou de uma melhor negociação coletiva. Se as trabalhadoras e trabalhadores multiplicarem esta unidade e entrarem em cena nas mobilizações, podem ser um fator chave que permita mudar estruturalmente este modelo. Não à toa que, dois dias após a greve de 12 de novembro, onde importantes "batalhões" da classe trabalhadora entraram em ação, todo o regime político se viu obrigado a propor uma nova constituição . Só neste dia de paralisação com milhões que se mobilizaram nas ruas, permitiu ir mais longe do que nunca antes em 30 anos, evidenciando o potencial transformador que tem a ação do conjunto da classe trabalhadora

Multipliquemos este exemplo de unidade em todos os locais de trabalho para que se desenva a força que permita derrotar Piñera e toda sua repressão, lutar por uma assembleia constituinte realmente livre e soberana, e terminar com este regime de opressão e exploração.

 
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