Na esteira dos ataques de Bolsonaro e Guedes contra as aposentadorias dos trabalhadores a nível federal, governadores de praticamente todos os estados se apressam em aprovar seus próprios projetos de reforma da previdência para atingir, agora, os servidores estaduais, que há muito sofrem com o saqueio de seus salários e benefícios. Até o momento 7 Estados já aprovaram esse brutal ataque
Desde a tramitação do projeto de reforma da previdência elaborado por Guedes e sua tropa de ultraliberais, a inclusão de estados e municípios no texto foi discutida e defendida arduamente pelo Planalto; o texto aprovado posteriormente acabou não incluindo esses entes federativos, mas a sanha em atacar a totalidade da classe trabalhadora não cessou e, pouco tempo depois, o texto da chamada “PEC paralela”, que trata da inclusão de estados e municípios nas mesmas regras previdenciárias aprovadas meses atrás, tomou corpo e agora já tramita no congresso nacional.
Antes mesmo da aprovação de mais esse ataque à classe trabalhadora via congresso nacional, diversos governadores se anteciparam e já aprovaram suas próprias reformas a nível estadual. Sete estados já tiveram as regras previdenciárias de seus servidores alteradas e em outros dezessete tramitam projetos semelhantes em suas assembleias legislativas.
É nesse momento de maior endurecimento contra a classe trabalhadora que podemos enxergar melhor os papéis que cumprem os partidos da esquerda institucional brasileira e, a partir daí, tirar lições para superar essas direções que se colocam cada vez mais como um “braço esquerdo” da burguesia nacional e internacional, travando qualquer ânsia de movimentação dos trabalhadores em defender seus direitos.
No Piauí do petista Wellington Dias a reforma previdenciária estadual foi colocada em votação em regime de urgência à pedido do próprio governador e foi aprovada com uma votação esmagadora, inclusive da bancada do PT, que foi unânime em atacar a aposentadoria dos servidores. No Ceará do também petista Camilo Santana o projeto de reforma da previdência também avança na casa legislativa, com aval com governo. No Maranhão, governado por Flávio Dino (PCdoB), um texto aumentando o valor das alíquotas descontadas dos servidores também já foi aprovado. Não nos esqueçamos também que, recentemente, todos os parlamentares do PCdoB votaram à favor da entrega da Base de Alcântara aos Estados Unidos, com aval de Flávio Dino e da direção nacional do partido!
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Se durante a tramitação da reforma da previdência de Bolsonaro e Guedes os partidos da esquerda institucional se valiam de um discurso contra a aprovação desses ataques, o que vemos hoje é que essa retórica não passava de pura demagogia para suas bases, já que agora encabeçam os mesmos ataques contra os servidores estaduais nos estados que governam.
É nesse marco que devemos analisar, também, a atuação das principais centrais sindicais do país, como a CUT e a CTB, dirigidas por PT e PCdoB, respectivamente, e que durante a tramitação do projeto não organizaram nenhum plano de luta real para barrar os ataques; ao contrário, cumpriram um papel de contenção da classe trabalhadora nos locais de trabalho e estudo. Se por um lado alguns sindicatos faziam chamados tímidos para as paralisações e greves, por outro as direções nacionais por trás desses mesmos sindicatos negociavam termos e barganhavam pequenas concessões em cima do ataque à aposentadoria do trabalhador brasileiro.
Se faz necessária de forma urgente a superação desse modelo de esquerda institucional que se assentou no Brasil nas últimas décadas com o ascenso do petismo; esse modelo não é uma alternativa real para a classe trabalhadora e o povo pobre tomarem o que lhe é de direito! Uma esquerda que há muito se confunde com a direita, defendendo os interesses de diversos setores da burguesia em detrimento da classe trabalhadora, jamais deve ser considerada como uma saída para enfrentarmos os ataques que vieram e que estão por vir; depositar confiança nesse modelo é estar certo do fracasso nas nossas próximas batalhas.
Nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, que impulsionamos o Esquerda Diário, nos colocamos a serviço de construir uma alternativa real, à esquerda do petismo e com total indepedência de classes, para a superação dessas crises e desse sistema que naufraga cada dia mais, organizando trabalhadoras e trabalhadores em seus locais de trabalho, estudantes nas universidades, tomando como exemplo as batalhas que ocorrem em toda América Latina, norte da África, França e em diversos outros locais do mundo contra a exploração que as classes mais abastadas nos submetem diariamente.
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