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ATO INTERNACIONALISTA DO PTS NA ARGENTINA
Del Caño: “Temos que preparar um grande partido da classe trabalhadora para quando venham levantes como no Equador e no Chile”
Redação

Compartilhamos o discurso de Nicolás Del Caño no ato internacionalista realizado no estádio de Ferro em Buenos Aires, reivindicando a luta dos trabalhadores e dos jovens no Chile, contra o golpe de estado na Bolívia e por levantar uma organização política internacionalista dos trabalhadores para que a crise seja paga pelos capitalistas.

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Íntegra do discurso do candidato nas eleições presidenciais pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, Nicolás del Caño:

Estou muito emocionado em estar nesse ato internacionalista, onde podemos ver e escutar alguns dos protagonistas dos novos processos da luta de classes em nosso convulsionado continente.

Parece que faz muito tempo, mas passaram apenas quatro semanas do primeiro debate presidencial. Muitos nos criticaram porque no debate demos muito destaque para a imensa luta no Equador contra os planos do FMI ao invés de falar de propostas para a Argentina. Em uma semana, no segundo debate, já haviam passado dois dias de levante popular no Chile, e também aí destacamos nossa solidariedade aos nossos irmãos do outro lado das Cordilheiras. E temos orgulho de que a Frente de Esquerda tenha fechado sua campanha eleitoral com um ato internacionalista diante do Consulado do Chile em Buenos Aires.

Mas, voltando ao questionamento que nos faziam. O que tem a ver as lutas no Equador, Chile, e agora contra o golpe na Bolívia, com o que se passa aqui? Bolsonaro e Trump incentivam e apoiam os golpistas bolivianos. Buscam acabar a ferro e fogo com todas as conquistas do povo trabalhador, e para isso contam com a política vacilante de Evo Morales e do MAS (partido do presidente derrubado), como acabamos de escutar Violeta. Trump quer que o levante do Chile seja esmagado, e por isso saiu rapidamente para apoiar o assassino do Piñera (presidente do Chile). Lenín Moreno no Equador é o responsável por aplicar as políticas de ajuste do FMI.

Um fortalecimento e uma estabilização do golpe na Bolívia, e uma derrota desse histórico levante chileno daria força e moral a todas as classes dominantes de nosso continente para que apliquem sua guerra contra os interesses do povo trabalhador. Imaginem se passasse sem pena nem glória o pacote do FMI no Equador!
Pelo contrário, um triunfo de nossos irmãos chilenos, a derrota do golpe na Bolívia e dos planos do FMI para o Equador, nos deixariam em muitas melhores condições para enfrentá-los, para que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmo criaram. Por isso, a classe operária é uma e sem fronteiras!

Mas como escutamos hoje aqui, há disposição de luta de sobra, há muita energia nessa juventude, nesses trabalhadores, nesses povos indígenas que se levantam para lutar por seus direitos. Porém, há correntes políticas que se dizem de esquerda ou “progressistas” cuja estratégia é impedir que os explorados se auto organizem e lutem por sua própria saída.

O Grupo de Puebla se reuniu aqui em Buenos Aires, presidido por Alberto Fernandéz, com toda a alta cúpula do PT brasileiro e de muitos ex-governos “progressistas” da região. Se reuniram no mesmo momento que acontecia um golpe na Bolívia. Vocês acreditam que esses fascistas como Camacho e os cívicos de Santa Cruz podem ser enfrentados com uma série de tweets? Eles [os presentes no Grupo de Puebla] são defensores desse sistema capitalista.

Evo Morales está demonstrando isso, preferem ser derrotados ao invés de impulsionar a organização e a luta dos trabalhadores e do povo. Mas as vítimas de sua política quem paga é o povo. Aqui estão os que chamam para o diálogo os fascistas da Bolívia. Aqui estão os que se negam a levantar uma luta decisiva para que Piñera saia do governo e assim impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Quem coloca o corpo e os mortos são os que lutam no Chile e na Bolívia. Os que morrem por não ter acesso à saúde é o povo trabalhador. Os que caem na pobreza e na indigência são as maiorias populares. E eles querem mais. A presidenta usurpadora da Bolívia, [Jeanine] Añez, já anunciou um plano de ajuste e entrega comandado diretamente pelos ianques.

Por isso não alcançam a enorme energia das massas nas ruas de nosso continente. Com suas humildes forças nossos companheiros do PTR [Partido dos Trabalhadores Revolucionários] em Antofagasta são uma pequena demonstração do que significaria ter um partido que pudesse orientar essa enorme força operária e popular até a vitória. Imaginem o que se passaria se houvesse um grande partido revolucionário no Chile para coordenar organismos de auto-organização, preparar a greve geral, derrubar Piñera e impor uma assembleia constituinte livre e soberana! Por isso estivemos junto com Raul Godoy e Alejandro Vilca acompanhando nessas semanas nossos companheiros! Mas desde o PTS vamos redobrar todas as nossas energias para que o PTR chileno avance em se construir como um grande partido com influência nos principais setores do movimento operário e estudantil.

Mas claro, o imperialismo existe e tem seus aliados, são as classes dominantes de nossos países, que vão se unir para evitar qualquer triunfo revolucionário. Isso já vimos. Em 1973 Pinochet toma o poder. Uns meses antes houve o golpe no Uruguai. Se esses golpes fossem derrotados, não fica a menor dúvida de que poderia se ter evitado o golpe genocida de 1976!
Por isso a solidariedade internacional é chave, mas não apenas isso. Nós lutamos para reconstruir a Quarta Internacional, o partido mundial da revolução socialista, que prepare a conformação de comitês de autodefesa frente aos golpes e à repressão, no caminho de promover as organizações de luta dos trabalhadores e do povo para que se tome o poder, um governo dos trabalhadores, uma democracia direta, mil vezes mais democrática que a mais democrática das repúblicas capitalistas, no caminho da construção internacional do socialismo, para passar ao reino da necessidade ao reino da liberdade. Queremos tomar o céu de assalto!

Cada país tem suas tradições, sua história, sua estrutura de classes sociais, seus tempos. Na Argentina lograram desviar a luta que teve seu pico em dezembro de 2017 no Congresso, quando o macrismo e os governadores peronistas impuseram a ferro e fogo a reforma previdenciária. “Há 2019”, nos disseram. E enquanto isso, milhões de novos pobres, o pacto de colonização com o FMI, milhares de milhões de dólares saíram do país, pulverizaram os salários, nos colocaram mais impostos. Foi o povo trabalhador quem terminou pagando por não ter derrotado o governo de Macri nas ruas.
Os Fernandéz prometem que podem frear a queda salarial com um acordo, o Pacto Social. Mas como dissemos nos debates, nada bom pode sair de uma mesa com as patronais que querem mais flexibilização trabalhista e precarização, com os banqueiros que fugiram com todo o dinheiro e com os supostos representantes dos trabalhadores, essa burocracia sindical que permitiu Macri deixar o país em ruínas.

Como dissemos na campanha, não há forma de compatibilizar o pagamento da fraudulenta dívida que Alberto se comprometeu a pagar e a seguir sob a órbita do FMI para recuperar os dólares perdidos. Não sabemos os ritmos, mas o povo trabalhador não vai aceitar de forma mansa os novos ajustes. É por isso que temos que redobrar os esforços para construir um grande partido revolucionário para que quando venham levantes como os do Equador ou do Chile esteja preparado para desenvolver a auto-organização dos trabalhadores, das mulheres e da juventude, recuperando os sindicatos para a luta, passando por cima de todos as armadilhas e que essa energia possa nos levar à vitória.

Viva a luta do Chile!

Pela derrota do golpe na Bolívia!

Pela unidade socialista da América Latina!

Viva a Quarta Internacional!

 
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