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REFORMA AGRÁRIA
Militante do MST é covardemente assassinado em Quatis, RJ
Redação

Sebatião Carvalho, de 68 anos, veterano do garimpo de Serra Pelada e, junto com sua esposa Lúcia, conhecido produtor agroecológico de alimentos, foi covardemente assassinado no último Domingo no Assentamento Irmã Dorothy, em Quatis no sul-fluminense.

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Seu Tião, como era conhecido, lutou em diversos estados pela reforma agrária, vindo a se estabelecer no sul-fluminense a sete anos. O seu assassinato vem em um momento de grandes ataques do governo Bolsonaro aos direitos dos povos dos campos, das florestas e dos rios, com a retirada de diversos direitos e o esvaziamento diversos órgãos relacionados tanto com a proteção do meio ambiente quanto com a reforma agrária, como a FUNAI, INCRA, IBAMA e ICMBIO, e no momento em que explodem diversos conflitos no campo, associados sempre com a expansão predatória do agronegócio.

Os latifúndios no Brasil crescem a medida que devastam o meio ambiente e arrasam as condições de trabalho no campo, utilizando o que há de mais moderno na técnica de produção para reforçar o que há de mais atrasado nas relações sociais, muitas vezes utilizando-se da espoliação dos povos tradicionais para se expandir. Por isso se faz necessário um programa de luta anticapitalista, que alie os trabalhadores da cidade com os do campo para construir um volume de forças capaz de reivindicar a expropriação dos latifúndios e a reforma agrária.

Abaixo reproduzimos a nota do MST:

NOTA DE PESAR DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA DO RJ

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público informar que neste domingo, dia 10 de novembro, o companheiro Sebastião Carvalho, seu Tião, do Assentamento Irmã Dorothy no Município de Quatis foi assassinado dentro do próprio assentamento.

Denunciamos o descaso e a lentidão da Reforma Agrária que faz com que as famílias fiquem em condições precárias, acampadas por muitos anos sem ter o acesso efetivo à terra e, por conseguinte, às políticas públicas que garantam qualidade de vida e geração de renda.
O Assentamento Irmão Dorothy é fruto de uma ocupação de terras em 2005, tendo a desapropriação da fazenda ocorrida em 2014 que garantiu a criação do Assentamento. Desde então, nenhuma família foi regularizada, não teve acesso a nenhum crédito ou infraestrutura para que se efetivasse o assentamento, que se encontra até os dias de hoje em situação de vulnerabilidade e abandono dos poderes públicos. Apesar de toda luta e pressão exercida no INCRA, este órgão insiste em ignorar esta situação.

Todo esse descaso e morosidade geram desgastes e conflitos na área e na região. O INCRA, ao invés de mediar e amenizar esses conflitos, deixa de lado suas responsabilidades, potencializando os conflitos, que neste domingo vimos chegar ao extremo de um assassinato.
Exigimos a regularização e a efetivação completa das políticas de Reforma Agrária que garantam o desenvolvimento do assentamento e as melhorias das condições de vida das famílias que ali se encontram, garantindo-lhes a tão sonhada dignidade imposta pela Constituição, bem como a responsabilização de quem tirou a vida do seu Tião, e do poder público por este crime bárbaro.

Seu Tião sobreviveu ao garimpo aberto da Serra Pelada, passou pela luta pela terra em diversos estados do Brasil para chegar na região norte fluminense onde começo sua luta dentro do MST-RJ. Anos de luta embaixo da lona preta fizeram ele e sua família imigrar ao sul do estado onde conseguiu se assentar na região Sul no assentamento Irmã Dorothy. Pai de uma extensa família é casado com dona Lúcia uma referência na produção agroecológica e dos valores Sem Terra.

Nos solidarizamos com a família do seu Tião, que tem uma longa história de luta pela terra e todas as demais famílias que vêm a tantos anos lutando e resistindo embaixo da lona preta. Continuaremos lutando até que todas as cercas sejam rompidas e famílias como a do seu Tião, tenham o direito à terra e vida digna no campo.

Seu Tião, Presente, Presente, Presente!
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2019.

 
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