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ECONOMIA
Paulo Guedes afirma que as pessoas são pobres por escolha própria: "pobre consome tudo!"
Redação

Exaltado pela Globo e pela Folha, Paulo Guedes é a ponta de lança dos ataques contra a classe trabalhadora e o povo pobre.

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Em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que as pessoas são pobres por escolha própria. Segundo ele:

“Um menino, desde cedo, sabe que ele é um ser de responsabilidade quando tem de poupar. Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo”

Paulo Guedes, que trabalhou para transformar a economia do Chile numa verdadeira máquina de moer direitos dos trabalhadores, aposentados e da juventude, ainda defendeu uma série de reformas anti-populares e afirmou, na entrevista, que o Brasil não deve voltar a crescer pelo meno nos próximos 4 anos. A única coisa que deve crescer é a especulação financeira e os lucros capitalistas:

“Foram 30 anos de centro-esquerda. Dá para esperar quatro aninhos de um liberal-democrata? Se não melhorar, troca, sem intolerância. Mas deu três meses e já começaram: cadê o crescimento? Vamos ser razoáveis. Não é justo” disse Guedes.

Esta é a primeira vez que um membro do governo Bolsonaro admite abertamente que não há crescimento econômico à vista.

Guedes é a melhor refutação possível das teorias neoliberais da escola de Chicago (aonde estudou por 4 anos recebendo bolsas de estudo, as mesmas bolsas que ele agora está cortando de outros milhares de estudantes). Seu discurso é um verdadeiro "coach" do neoliberalismo: a responsabilidade pela pobreza está nos indivíduos que não economizaram o suficiente para investir e se tornar capitalistas. Esta direita é melhor refutação existente das teorias do empreendedorismo.

Enquanto afirma que "pobre não economiza", além de mostrar que não sabe nada sobre a realidade dos trabalhadores, que têm o salário engolido pela inflação fomentada por gerações de ministros economistas tão geniais quanto este de Bolsonaro, Guedes pretende também esconder o fato de que a "capitalização" dos recursos depende necessariamente e exclusivamente de que outros (os trabalhadores) sejam excluídos do acesso ao capital - que é de propriedade exclusiva da classe burguesa. E mais que isto, a tal "capitalização de recursos" nada mais é do que extração forçada do trabalho extra exercido pela classe trabalhadora que só detém como sua propriedade exclusiva a sua própria força de trabalho e que por isso é forçada a aceitar o trabalho nas condições expressas por aqueles que são os donos do capital.

Um programa para aprofundar a exploração capitalista

Guedes detalhou na entrevista o que será a sua proposta de "Pacto Federativo". Neste, Guedes apresenta uma série de medidas de ataques às empresas e serviços públicos, como parte de reduzir os gastos mínimos que o estado tem hoje com a reprodução da vida dos trabalhadores. Seu objetivo é "capitalizar", também, estes recursos - afinal, é um governo dos ricos.

A proposta pressupõe que a União pare de gastar com serviços públicos, garanta o pagamento da dívida pública que só enriquece bancos e especuladores, e além disso, vire a polícia financeira dos estados podendo intervir diretamente no orçamento destes.

Destacamos algumas das propostas deste pacto aqui:

  •  A criação de um Conselho Fiscal que seria, segundo ele, formado pelos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal, da Câmara, do Senado, do Tribunal de Contas da União e da associação dos tribunais de contas estaduais. O objetivo seria avaliar as contas dos entes federativos, ou seja, seria um conselho com o qual a União interviria contra os interesses dos estados e municípios - algo que poderia ocorrer como a experiência no Rio de Janeiro, que em 2016 e 2017 sofreu com os arrestos nas contas estaduais, arrecadadas pela União para cobrir os gastos com a dívida pública.
  •  Reforma Administrativa para acabar de vez com o funcionalismo público. A reforma proposta por Guedes já conta com o fim da estabilidade dos servidores públicos, e teria também redução dos salários, além da extinção de vários cargos.
  •  Desvinculação do Orçamento para enterrar a saúde e a educação: com esta proposta, poria-se fim aos gastos obrigatórios em saúde e educação. Como vimos, a proposta de Guedes é capitalizar tudo, a ideia é que no futuro, se cobre até o copo de água que o trabalhador toma enquanto espera na fila de atendimento do hospital. Com esta proposta também fica mais fácil para a classe política gastar com o que bem preferir - ou seja, aprofundará a corrupção em um nível ainda não pensado.
  •  Criação de mecanismos constitucionais que aprofundam o Teto de Gastos: ao mesmo tempo que Guedes quer desvincular o orçamento dos gastos em saúde e educação, ele diz que criará "uns dez gatilhos" (em suas palavras) para travar as despesas de entes federativos, com mecanismos que congelem as despesas nos serviços públicos inclusive com o pagamento de professores e servidores públicos dos estados.

    Ou seja, medidas para "capitalizar" em cima da pobreza, do ataque às condições da classe trabalhadora, sua aposentadoria, os serviços públicos essenciais, etc. Tudo para beneficiar meia dúzia de capitalistas, como os acionistas do banco fundado próprio Paulo Guedes, que embolsou bilhões com a privatização da aposentadoria no Chile.

    Leia também: O Estado tem o sangue de Marielle nas mãos! Exigimos investigação independente e punição!

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