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4 anos do desastre em Mariana
4 anos de Mariana: não esquecemos nem perdoamos a Vale/Samarco, os governos e o judiciário
Faísca - UFMG

Nestes quatro anos não vimos avanços. Ao contrário, sofremos com os crimes socioambientais em Brumadinho, na Amazônia e o óleo nas praias. Portanto, reforçamos: é preciso impor, lutando como os chilenos, a estatização da Vale sob gestão dos trabalhadores e controle da população, e dar uma resposta anticapitalista para a crise ambiental, nos inspirando na juventude que luta em todo o mundo.

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No dia 5 de novembro de 2015 aconteceu o maior crime ambiental da história do Brasil. Por causa da sede de lucro dos empresários da mineração, se rompeu a barragem do Córrego do Feijão, em Mariana, deixando o distrito de Bento Rodrigues submerso em lama tóxica, assassinando 19 pessoas e milhares de animais, causando a morte do Rio Doce e desaguando esse rastro de ganância capitalista no mar do Espírito Santo. Não bastou: a Vale, assassina, repetiu o crime (“incidente”, nas palavras do governador do Estado) em 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, uma tragédia que entrou para a história como o maior “acidente de trabalho” do país, com centenas de trabalhadores mortos sob a lama, alguns destes cujos corpos ainda não foram resgatados.

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Apenas esse ano, sob os governos de Jair Bolsonaro e Romeu Zema, os maiores capachos dos imperialistas que já vimos, sofremos não apenas com o crime da Vale em Brumadinho, mas com as queimadas na Amazônia e o derramamento de óleo nas praias do Nordeste. Se após Mariana a Vale seguiu tendo lucros exorbitantes, depois de Brumadinho não tem sido diferente.

Bolsonaro é o “pau mandado” de Trump – o maior representante do negacionismo ao aquecimento global, atualmente – e foi o primeiro presidente brasileiro a enviar representantes a uma conferência obscurantista cuja finalidade foi repetir que o meio ambiente e o clima não importam, e que a poluição desenfreada tem que prosseguir. Zema deu sinal verde à construção de uma megabarragem no Norte de MG, se aproveitando de uma população vulnerável para prometer empregos e ameaçar que isso lhes custe a vida sob a lama; e ontem mesmo (4) o governo de Minas foi acusado por estar, junto da Vale, escondendo alto risco de contaminação da população de Mariana e Barra Longa por poeira tóxica, como mostrado em investigação da Agência Pública. Além disso, às vésperas de se completar 4 anos do caso de Mariana, vemos a Samarco receber uma nova licença para minerar no mesmo local onde cometeu este crime.

Mas já vimos, nos governos anteriores, que qualquer perspectiva de “desenvolvimento” a todo custo leva a tragédias como estas, porque os grandes empresários da mineração (assim como os latifundiários e petroleiras imperialistas) só se preocupam com seus lucros. No 11º ano da crise capitalista a solução que essa classe dominante quer dar é aumentar a destruição da natureza e liquidar os direitos sociais, trabalhistas e democráticos. Todo governo que se proponha a governar para e com eles está disposto a flexibilizar as leis ambientais, como fez Fernando Pimentel do PT em 2016, e como fazem desenfreadamente Bolsonaro e Zema.

Por isso é preciso estatizar a Vale, para que a atividade minerária não esteja mais subordinada à vontade dos capitalistas – uma classe que é inimiga dos trabalhadores e da maioria das mulheres, negros, LGBTs, indígenas, imigrantes e refugiados pela guerra ou por catástrofes “ambientais”. E isto precisa ser imposto pela mobilização, assim como fazem os jovens, mulheres, portuários, mineiros e setores amplos da população chilena para arrancar de Sebástian Piñera seus direitos, e como fizeram milhões de estudantes em todo o mundo, que protagonizaram a “greve global pelo clima” em setembro deste ano, e que têm organizado as “Fridays For Future”.

Esta força seria capaz de colocar a exploração mineral sob gestão de quem está neste ramo apenas pelo interesse de alimentar suas famílias e ter uma vida digna e em equilíbrio com toda a natureza: os trabalhadores. Essa gestão operária poderia contar com o controle da população, que deve poder eleger representantes (profissionais e ambientalistas nas comunidades atingidas, universidades e outros centros de conhecimento), sabendo que estes devem poder ser revogados por quem os elegeu caso não representem os interesses da maioria da população. Só assim é possível pôr fim a este modelo totalmente predatório, arcaico e ecocida de mineração, que só é usado ainda hoje devido à sua lucratividade.

Para que nem mais um ano seja contado sem que haja justiça pelas vidas tiradas pela lama, para que nenhuma família tenha que conviver com o medo de perder um parente por um “acidente de trabalho” ou mesmo perder suas próprias casas e vidas, para ninguém mais tenha que morrer vítima de um sistema insustentável e poluente em todas as áreas de exploração da natureza, para que a destruição do planeta pare e que possamos fazer uma reconstrução ecológica...para tudo isso é preciso transformar o luto, a tristeza e a indignação em força real para que em cada local de trabalho e estudo seja travada uma luta anticapitalista, sabendo que esse sistema é incapaz de ser “verde”. Que esta luta imponha que a Vale (assim como outras empresas responsáveis por crimes ambientais) seja estatizada sob gestão operária e controle popular, como um primeiro passo para podermos dar um basta aos ditos desastres ambientais, que nada mais são do que crimes capitalistas, e construir uma nova sociedade.

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