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CHILE - ENTREVISTA
“Comitês e coordenação para construir uma greve geral e derrubar Piñera”
Redação
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Piñera anunciou em nesta segunda feira uma mudança de gabinete, como parte de uma série de medidas para tentar frear as mobilizações populares. Os trabalhadores. Os jovens e o povo chileno já anunciaram novas mobilizações massivas que incluem, atos na terça feira e greve para quarta.

O Esquerda Diário entrevistou Pablo Torres, militante do Partido de Trabalhadores Revolucionários (PTR), organização irmã do PTS argentino, ele é editor do La Izquierda Diario Chile, e vai nos falar sobre as mobilizações desta semana e a política dos revolucionários.

Qual o objetivo com as mudanças do gabinete de Piñera?

Pablo Torres: Na manhã desta segunda-feira Piñera anunciou uma esperada mudança em seu gabinete frente ao enorme rechaço ao seu governo, assim ele buscar fingir que está fazendo política, ou seja muda pequenas coisas, para não mudar nada, para tentar nos enganar com gestos desesperados que tem como fundamento manter de pé o governo rejeitado.

As principais mudanças foram a saída do odiado Andrés Chadwick, Ministério do Interior, substituído por Gonzalo Blumel, uma pequena mudança, onde ele procura um rosto mais jovem e "amigável" diante do descrédito pela repressão brutal da semana passada. No caso da porta-voz do governo, Cecilia Pérez saiu e assumiu a até agora prefeita da Região Metropolitana, saiu Karla Rubilar, que esteve encarregada da repressão em Santiago durante esses dois anos de governo. Também houveram mudanças de mesmo calibre na Secretaria-Geral de Governo e nos Ministérios das Finanças, Economia e Trabalho.

Enquanto Piñera é rejeitado nas ruas que exigem cada vez mais sua renúncia, o objetivo deste anúncio é fazer mudanças no gabinete para se preservar na presidência.

As ruas são categóricas e dizem: Fora Piñera! O que precisamos então é de uma greve geral com continuidade e mobilização para derrubá-la e derrubar todo esse regime herdeiro da ditadura de Pinochet.

No entanto, está em andamento uma operação para evitar essa perspectiva, que vai da antiga Concertación à esquerda parlamentar. Pode nos explicar?

P: O governo quer encerrar a luta concedendo pequenas migalhas sociais enquanto mantém todo o sistema ou com gestos políticos enquanto o ódio a Piñera se mantem, ou através de negociações parlamentares com a antiga Concertación para nos desviar para as salas do parlamento onde nossas aspirações sempre se chocam. A antiga Concertación e também o "bacheletismo" tentaram salvar a cabeça de Piñera até hoje e legitimam seu estado de emergência e toque de recolher com suas sessões parlamentares enquanto o povo era morto nas ruas.

Sua "agenda social" são migalhas. Eles concedem algo para não perder tudo só porque essas semanas viram seus interesses e privilégios ameaçados. Eles são migalhas sobre os mortos do povo.

Da esquerda do regime, o Partido Comunista e a Frente Ampla mostraram-se campeões do respeito pelas velhas regras impostas pela ditadura e pela transição pactuada. Em vez de propor a renúncia de Piñera, eles propõe salvá-lo e legitimam todas as manobras deste regime. Por exemplo, agora estão propondo uma "acusação constitucional" contra Piñera: Alguém pode realmente acreditar que este Congresso ou mesmo este Senado e sua corja votaram contra Piñera? Será exatamente o contrário, uma santa aliança para defender as instituições da república herdeira de Pinochet.

A política de "diálogo sem exclusões" com a "Mesa da Unidade Social" [promovida pelo Partido Comunista e pela Frente Ampla] que eles propõem, embora milhões desejem que ele saia, é procurar sentar à mesa com o odiado Piñera e receber suas migalhas. Também o plebiscito, uma ferramenta da constituição de Pinochet dos anos 80, que nem é efetiva, mas apenas "consultiva". Mas já pensamos e a primeira coisa que queremos é que Piñera saia! Mas não só isso: queremos decidir tudo! Onde essas consultas chegarão? Este congresso de políticos milionários a serviço de grandes empresas não podem promover uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana

Apesar desta tentativa de frear a luta, novas mobilizações, paralizações e assembleias estão sendo chamadas...

P:
Sim, novas mobilizações para toda a semana já estão sendo lançadas massivamente através das redes sociais, mas em particular nesta terça-feira, 29 de outubro. A importância dessa marcha é que ela é convocada para La Moneda [Palácio do Governo] e está sendo chamada como uma nova marcha histórica e tem entre seus slogans que "Que se vaya Piñera" (Que Piñera saia).

As marchas são convocadas com a hashtag #EstoNoHaTerminado (isso ainda não acabou), e a ideia de que "Não são 30 pesos, são 30 anos" está presente, fazendo alusão a luta contra toda a herança Pinochetista herdada pelos governos da antiga Concertación e pela direita.

A grande maioria deseja tirar Piñera. Todas as pesquisas mostram que ele conta com menos de 15% de apoio popular e sua rejeição é de quase 80%. Como derruba-lo? Com a luta nas ruas, com a greve geral ativa com mobilização para La Moneda até que ele caia. Acreditamos que na terça-feira a marcha convocada para La Moneda deve seguir até que ele caia.

Você tem que jogar Piñera e todo esse regime. E a única maneira de fazer isso é com mobilização. A CUT e a mesa social, convocaram greve na semana passada apenas por dois dias, sem continuidade. Agora eles convocam uma "paralização nacional" na quarta-feira, mas para ser eficaz, ela precisa ser ativa com mobilização, preparada com assembleias com um plano continuidade da luta. Até que o governo e esse regime caírem e assim impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que acabe com todos os poderes atuais e discuta medidas urgentes para uma saída favorável a trabalhadores, estudantes, povos oprimidos e setores populares.

A partir do PTR vocês impulsionam e participam dessas distintas assembleias para disputar essa política?

P: Sim, é que a luta por comitês e coordenação das lutas é fundamental e organizar desta perspectiva é o que as burocracias não querem. O Comitê de Emergência e Proteção em Antofagasta, promovido pela comunidade do Colégio de Professores e no qual sindicatos e mineração, indústria, comércio, estudantes secundários e universitários, médicos e profissionais participam, votou um plano de mobilização para expandi-lo e ampliá-lo.

O Cordón Santiago Centro fez o mesmo, que poucas horas antes da marcha votou essas moções em uma assembleia massiva. Esta assembleia é promovida pela união do Centro Cultural GAM, do Museu da Memória e do Centro Cultural La Moneda. Fazemos o mesmo na área sul de Santiago do hospital Barros Luco.

As Instâncias como a Mesa Social de Valparaíso , que decidiu continuar a greve até sexta-feira e mobilizou dezenas de milhares em direção ao Congresso, pediram para serem mantidas e aprofundadas, juntamente com a tomada da UPLA (Universidade de Playa Ancha) e coordenação da sede independente.

Nesta segunda-feira, estamos construindo essa perspectiva de assembleias nas universidades e escolas secundárias, que indicam a entrada dos alunos como parte ativa e organizada do movimento de luta. Desde a agrupação anticapitalista Vencer estamos participando das assembleias de Valparaíso , fazendo um chamado a tomar as escolas secundárias e universidades em todo o país.

Também participamos da assembleia dos estudantes secundários e universitários de Antofagasta, realizada no Colégio dos Professores e onde foi decidido continuar a greve geral, em unidade com os trabalhadores, até a queda de Piñera, rejeitando qualquer negociação com ele e fazendo um chamado a ocupar as escolas.

Também participamos de assembleias abertas em algumas regiões, como a realizada nesta segunda-feira em Temuco.

Estes são apenas alguns exemplos de como é possível organizar e coordenar com e assembleias onde os trabalhadores, jovens e o conjunto da população, para lutar por essa perspectiva até a queda de Piñera e de todo esse regime.

 
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