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ELEIÇÕES NA ARGENTINA
Quem é Alberto Fernández, novo presidente da Argentina, que muitos estão comemorando?
Willian Silva

Aconteceram ontem as eleições argentinas. Macri sofreu uma importante derrota e entrará em seu lugar Alberto Fernández com Cristina Kirchner vice. Entenda as comemorações e seus riscos.

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Frente ao neoliberalismo de Macri ou de outros figurões dessa direita que se instalou na América Latina, há uma tendência a se comemorar qualquer saída que não exatamente seja o fim dos ataques aos trabalhadores. Esse caminho é perigoso, pois alimenta ilusões de que é possível vencer os ataques capitalistas por fora da luta de classes.

Pode-se dizer que Cristina Kirchner conquistou uma vitória tática quando decidiu abandonar a cabeça de chapa e posicionar-se atrás de um candidato peronista de centro-direita, Alberto Fernandez. Com isso, ela conseguiu combinar seu capital político entre os setores de esquerda mais raivosos com Macri, mas também conseguiu disputar uma parte muito significativa dos votos da direita mais moderada e que também estava descontente com o governo catastrófico que foi o Macrismo.

Os trabalhadores argentinos deram um voto de castigo a Macri, e agora farão sua enésima experiência com o Peronismo, um movimento político de décadas que congrega distintos setores, indo desde a centro-esquerda até a centro-direita e direita. Desta vez, a experiência será com um governo peronista-kirchnerista mais à direita, sem grandes margens de manobra agora com o fim das commodities, que no passado garantiram uma economia favorecida e o boom dos governos de Cristina Kirchner, como parte dos governos populistas ou pós-neoliberais dos anos 2000.

O peronista Alberto Fernández, é o mesmo burocrata político que em 2008 rompeu com o Governo Cristina Kirchner e aliou-se aos peronistas de direita, protagonizando uma dura campanha "anti-corrupção" contra o Kirchnerismo que ajudou a desgastar Cristina. E agora é a essa criatura a Kirchner se alia e se submete como vice de chapa. Há quem comemore isso e chame de "estratégia política".

Macri sofreu uma derrota e já se vai, mas o FMI continua no país e exigirá de Alberto e Cristina duros ataques contra os trabalhadores. E não nos enganemos: apesar de toda a demagogia, todo o populismo, Alberto e Cristina durante toda a campanha, em momento algum falaram em romper com o FMI, em nem mesmo defenderam direitos democráticos mínimos como a legalização do aborto. Vocês sabem o que isso significa a longo prazo: Ataques. Nesse sentido, a Frente de Esquerda dos Trabalhadores (FIT, com a sigla em espanhol) cumpriu um papel importante ao colocar no centro de sua campanha a denuncia à divida fraudulenta e ilegítima imposta pelo FMI. Tal campanha serviu para preparar os trabalhadores para os próximos enfrentamentos com o FMI, o mesmo FMI que os equatorianos estão enfrentando nas ruas.

A FIT garantiu uma importante votação e se consolidou como quarta força política-eleitoral na Argentina, mesmo em meio à a polarização entre Macri e Alberto (40%x48%, em um país que para se eleger é preciso ter mais de 45%). Com uma campanha criativa e firme, Nicolás Del Caño se tornou muito mais popular entre os argentinos.

A polarização e o mal menor provocaram uma leve queda nas votos de Nico em relação às primárias, ao mesmo tempo que a campanha militante da FIT garantiu um leve crescimento nas votações para deputados, o que mostra a consolidação da FIT como alternativa de esquerda. Isso é importante pois dará força à esquerda para enfrentar um governo complexo, de duas caras, e que se por um lado fará discursos populistas sobre a pobreza deixada pelo neoliberalismo puro-sangue de Macri, por outro atenderá os mandos do FMI e atacará os argentinos em um nível como nunca antes o peronismo-kirchnerista atacou.

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