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REVOLTA POPULAR NO CHILE
Chile: O que fazer agora? 4 propostas para continuar a luta
Pablo Torres

Quatro propostas para continuar a luta pela saída de Piñera e dos militares e para impor uma saída favorável ao povo trabalhador.

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Na quarta-feira, fomos mais de um milhão se mobilizando em todo o país após o chamado à “greve geral”. Estudantes, jovens e trabalhadores mostramos que há forças para ganhar, com amplo apoio popular. Ontem, dezenas de milhares voltamos a mobilizar em todo o país e hoje são marcadas novas marchas.

Piñera, que mantém o estado de emergência, com os militares nas ruas em 11 regiões do país e toques de recolher, busca nos enganar com uma “agenda social” de migalhas para salvar seu governo, preservando as heranças da ditadura. Seu autoritarismo deixou um saldo oficial de 18 mortos, mais de 2.500 presos, centenas de feridos, centenas de denúncias de espancamento e dezenas de torturas. Fala de “diálogo” e “agenda social” enquanto carrega o povo morto em suas mãos manchadas de sangue. O Fora Piñera é um sentimento enorme e seu governo amplamente repudiado.

No entanto, ele não está sozinho, teve o miserável apoio dos partidos a antiga Concertación, como a DC, PPD, PR, e PS, que legitimaram seus toques de recolher e seu apoio aos militares com um acordo de “governabilidade” para que o parlamento se reúna e discuta leis sociais (para aparecer falsamente como “amigos do povo”) enquanto não se questiona a mais aberta violação das liberdades democráticas desde a ditadura.

No entanto, eles não nos tiraram das ruas e a grande maioria quer que Piñera se vá. Essa força enorme pode colocá-lo na prancha e fazê-lo cair, se tivermos uma estratégia que nos permita avançar à isto.

Há dois caminhos: ou avançamos, como propomos desde o La Izquierda Diario e o Partido de Trabalhadores Revolucionários (PTR), para uma verdadeira greve geral ativa e combativa, com mobilizações em direção aos centros de poder político como La Moneda até que caia Piñera e que sumam os militares, impondo uma saída favorável aos trabalhadores e o povo; ou Piñera e os partidos do regime, apoiados pelos grandes empresários e as transnacionais, nos tiram das ruas por meio de armadilhas e concessões mínimas, junto com os militares, para salvar o governo e esse regime velho.

Infelizmente, esse segundo caminho é o que tem seguido o Partido Comunista e a Frente Ampla, que pediram “diálogo” com o governo enquanto este mantém os militares nas ruas, em vez de promover ativamente com greves e nas ruas o “Fora Piñera”, tendo forças para jogá-lo fora junto aos militares. Camila Vallejo (PC) disse que isso “não é contra Piñera” e Javiera Parada (RD) se reuniu junto com ele junto ao bacheletismo!

Enquanto seus parlamentares e dirigentes estão longe das ruas e das mobilizações, eles comemoram com a antiga Concertación o avanço de medidas como as 40 horas, que, embora importantes e populares, se reúnem em meio à repressão nas ruas e dos toques de recolher. Nenhum democrata consequente pode se juntar a esse jogo e às armadilhas dos velhos partidos. Muito menos a “unidade” com uma “oposição” que negociou reformas mínimas com Piñera, mas que de nenhuma maneira está disposta a terminar com a herança da ditadura. Alguém acredita que o Senado é quem vai encerrar as AFPs, quem vai por fim aos salários de fome, quem concederá saúde pública e gratuita, pondo fim a esse negócio miserável, quem colocará transportes a preço de custo com o fim do roubo empresarial? Alguém confia que o Congresso chutará fora Piñera e seus ministros? Alguém confia que nos palácios e nas “cozinhas” poderemos pôr fim ao regime e às heranças da ditadura? Quem nessa cova com maioria de direita e ex-Concertación, políticos milionários a serviço dos ricos, deixará um caminho favorável aos trabalhadores?

1 - FORA PIÑERA! PELA GREVE GERAL ATÉ QUE O GOVERNO E O ESTADO DE EMERGÊNCIA CAIAM.

A grande maioria quer que Piñera saia. O momento é agora. Como faremos? Temos que lutar por uma greve geral ativa e contínua, com um plano de luta e mobilizações de massas no centro do poder político, como La Moneda, até Piñera e os militares saírem. É perfeitamente possível com a paralisia total do país e a mobilização. A CUT e outras organizações da “mesa social” não chamam a continuidade da greve geral e devemos exigi-la. Os sindicatos mineiros, portuários, silvicultores, salmoneiros, docentes, públicos e comerciais podem ser uma grande força para paralisar o país e se mobilizar com jovens e residentes. Com essa força, devemos realizar isso e por fim ao estado de emergência com a força da luta de classes.

2 - IMPULSIONEMOS ASSEMBLEIAS, CORDÕES, COMITÊS OU COORDENADORAS DE TRABALHADORES, ESTUDANTES E VIZINHOS.

Somos milhões que se mobilizam e há forças para realmente vencer. No entanto, se não queremos que nos enganem com as armadilhas do diálogo e da negociação, devemos nos organizar e coordenar-nos amplamente nos locais de trabalho e estudo, com assembleias e coordenadoras. Isso implica em uma luta pela auto-organização para que surjam formas democráticas de organização e de luta, o que as direções burocráticas não pretendem realizar. Diversas amostras se iniciam, os “comitês de primeiros socorros”, o comitê de emergência e abrigo em Antofagasta, o cordão centro em Santiago ou a mesa de unidade em Valparaíso, que continuou a greve nesta semana, as assembleias de trabalhadores da saúde de diversos hospitais da zona sul no Barros Luco, junto aos moradores do setor. Devemos organizar democraticamente os setores em luta e exigir a greve geral com mobilização até Piñera e os militares partirem.

3 - RECHACEMOS AS MESAS DE DIÁLOGO E NEGOCIAÇÃO COM ESTE GOVERNO ASSASSINO. NENHUMA CONFIANÇA NO PARLAMENTO.

Não negociamos nossos mortos. Sabemos que suas medidas são migalhas para nos enganar. O “Fora Piñera” deve ser central, rechaçando qualquer diálogo com este governo. É lamentável a política do PC e da FA, assim como das burocracias da CUT e outras organizações, que se recusam a continuar uma greve geral com mobilização a La Moneda até Piñera cair, que teria ampla simpatia popular. No congresso, os partidos da Concertación desempenham um papel miserável com seus “acordos de governabilidade”. Além disso, 80% do parlamento está dominado por políticos milionários de direita e da velha Concertación, a serviço da classe empresarial e das transnacionais, que tentarão nos enganar com armadilhas que manterão o velho regime e as heranças da ditadura. O parlamento não expressa a soberania popular que hoje quer por fim aos 30 anos de aprofundamento da herança da ditadura.

4 - A FORÇA DAS RUAS, IMPONHAMOS UMA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE LIVRE E SOBERANA, SOBRE A QUEDA DO GOVERNO E DO REGIME.

Não haverá saída favorável para nossas aspirações nem no diálogo com o governo nem nas “cozinhas” do parlamento. Portanto, chutando o governo e os militares, devemos impor uma Assembleia Constituinte, livre e soberana, sobre as ruínas do antigo regime, ou seja, que não tenha restrição nem limitação de nenhum tipo e com base na liquidação da atual Constituição e dos poderes atuais, como o parlamento.

A democracia e a soberania hoje estão nas ruas, não no repudiado governo, nem no rechaçado Congresso. Propomos essa saída democrática de Assembleia Constituinte com 1 delegado para cada 20 mil eleitores, revogáveis por eles e que ganhem como um trabalhador qualificado, que discuta e vote imediatamente um programa emergencial de salários e aposentadorias de acordo com a cesta básica, moradias dignas, transporte público a preço de custo, educação e saúde gratuitas e públicas, e que acabe com o roubo de nossos recursos naturais e estratégicos, como o cobre, para que estejam a serviço dos trabalhadores e não do lucro.

Ao se realizarem essas medidas, que seguramente terão grande apoio popular, os grandes empresários buscarão resistir a elas e, se tivermos coordenadoras e comitês massivos, estes serão fundamentais para enfrentar a defesa dos interesses e privilégios dos poderes verdadeiros e, nesse processo, poderão ser transformados nas bases para lutar por um governo de trabalhadores em ruptura com o capitalismo que realize integral e efetivamente nossas aspirações sociais e democráticas

 
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