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GREVE GERAL NO CHILE
É possível dar um salto nas manifestações? O exemplo dos trabalhadores do hospital Barros Luco, a organização e unidade com estudantes e o povo pobre
Izquierda Diario - Chile
Redação

Nesta segunda-feira os trabalhadores do hospital Barros Luco - Trudeau decidiram paralisar pela saída dos militares das ruas, contra o toque de recolher e a precariedade da saúde pública. Marcharam pela grande avenida junto ao povo pobre de San Miguel e estudantes da Universidade de Valparaíso em uma potente manifestação que colocou a possibilidade de dar um salto neste profundo processo de rebelião popular

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As jornadas de evasão massiva, sustentadas pelos e pelas estudantes secundaristas, se transformaram rapidamente em jornadas de revolta popular em poucos dias, produto da repressão do governo, com uso de métodos radicais de manifestação, com barricadas, cacerolazos e enfrentamentos com a polícia em vários pontos simultâneos da Região Metropolitana.

Até recentemente, a classe operária estava diluída entre a massividade e o espontaneísmo do estouro social, mas nesta segunda-feira este cenário se reverteu com a entrada em cena dos trabalhadores portuários e mineiros paralisando, e organizações como a CUT e o Colégio de Professores convocando uma jornada de Greve Geral para esta quarta - e quinta-feira (23 e 24 de Outubro).

O exemplo de Fenats Barros Luco - Trudeau

Durante a jornada desta segunda-feira (21 de outubro), os trabalhadores do Fenats Barros Luco-Trudeau deliberaram paralisar suas atividades, repetindo os exemplos anteriormente nomeados, mas por sua vez mostraram um caminho que pode se transformar em uma das chaves para dar outro salto ainda maior no desenvolvimento da rebelião.

Porque existiu uma organização conjunta tanto com o povo pobre, quanto com os estudantes da comunidade de San Miguel, organizando uma potente manifestação. As e os trabalhadores de Barros luco fizeram uma manifestação pela grande avenida e atrás deles começaram a se somar estudantes da Universidade de Valparaíso cuja sede se encontra a poucos passos do hospital, assim como usuários e moradores de San Miguel.

Fruto desta experiência e frente à necessidade de estender e aprofundar as mobilizações é que vem impulsionando uma assembleia aberta, como uma fórmula para coordenar forças dispersas e espontâneas e que se se desenvolve pode permitir golpear certeiramente em um único ponto.

E esta experiência abre novamente a perspectiva de que a mobilização dê um salto e se estruture nos locais de trabalho, escolas e universidades, generalizando a luta pela queda de Piñera.

O problema da Hegemonia Operária na virada da esquina

Por que é importante que as organizações sindicais e estudantis se unifiquem na organização e coordenação desde as bases? Por que é importante que os trabalhadores se coloquem à frente?

Os trabalhadores da Fenats e do funcionamento do hospital 24 horas é capaz de organizar as forças hoje dispersas (proporcionando por exemplo locais para as reuniões) e assim se transformar em um exemplo de como desenvolver efetivamente uma greve geral que derrube o governo.

No entanto, esta tarefa não está dada, é uma batalha frente à burocracia estudantil e sindical, à Frente Ampla e ao Partido Comunista que dirigem importantes organizações com a CUT e o Colégio de Professores que se limitam à coordenação por cima entre dirigentes e dividem a discussão política separando-a das ações que realizadas por trabalhadores, estudantes e moradores desde abaixo. É uma divisão de tarefas que limita a mobilização e o poder da base que temos que avançar para romper, construindo instâncias de coordenação, discussão e decisão política a partir dos nossos locais de trabalho e estudo.

A potencialidade máxima não se encontra no entanto por cima entre dirigentes, mas está na possibilidade de levar esta luta aos locais de trabalho e estudo, fazendo real a Greve Geral com paralisação completa e efetiva de todo o país. É com isso que o governo se defronta hoje ao tentar bloquear essa possibilidade restringindo as liberdades de ir e vir e de reunião e criminalizando as manifestações para isolá-las dos batalhões centrais de trabalhadores evitando que entrem em cena.

Este giro do governo ao autoritarismo possibilita o rompimento de amplos setores com os representantes diretos dos empresários, a Direita hoje no governo, assim como com aqueles que se mostram como “falsos amigos do povo” como a ex Concertación, que demagogicamente dizem entender os problemas da classe trabalhadora enquanto condenam a violência ao modelo que eles mesmos conservaram intacto por 20 anos.

Em paralelo, embrionariamente, uma coordenação como a que se está gerando incipientemente a partir da Fenats, estudantes e povo pobre, levantando assembleias comuns e tomando as ruas como hoje se está fazendo, por exemplo, ao longo da Alameda de Santiago, onde as forças militares e policiais não são capazes de manter o control durante horas, destaca, através de suas demandas, o enfrentamento direto contra os privilégios empresariais, não apenas nos termos da relação trabalhistas com demandas como redução da jornada ou aumento do salário, mas nos termos de questionar o conjunto de condições que possibilitam estes privilégios, que hoje se encontram consagrados na forma da constituição pinochetista desde 1980, ou seja, colocando o problema da educação e da saúde públicas, do sistema de aposentadorias do Chile e o roubo indiscriminado dos recursos naturais do país.

Objetivamente, esta entrada coloca a possibilidade de acabar com o estado de emergência, o toque de recolher e inclusive ir além e derrubar tanto o governo de Piñera como a própria constituição.

É necessário desenvolver e multiplicar iniciativas como a dos trabalhadores do Barros Luco - Trudeau, para conseguir desenvolver por uma via revolucionária o atual processo de rebelião popular. Este tipo de experiências são as que podem possibilitar impor os interesses da classe trabalhadora, de estudantes, mulheres e setores populares, fazendo retroceder as forças policiais e militares, o estado de emergência e o toque de recolher, para apontar ao coração do regime, a herança pinochetista, por meio de uma Assembleia Constituinte embasada na mobilização em curso.

 
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