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BOLÍVIA
Evo reafirma seu triunfo e fala de "golpe de estado", enquanto oposição convoca uma paralisação cívica
Juana Gabriela Runa

Pela manhã Evo Morales reafirmou sua vitória em uma entrevista coletiva de imprensa denunciando que a oposição lançaria um golpe de estado ignorando os resultados das eleições. A contagem oficial ainda está em andamento. Comitês cívicos departamentais iniciam a paralisação indefinida e bloqueios de estradas. O oficialismo preparam uma grande concentração com a COB e a Codelcam para hoje ao meio-dia. O MAS e a opositora CC disputam a "democracia".

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A denúncia do “candidato da oposição” Carlos Mesa da Comunidad Ciudadana (CC) de interrupção intempestiva da contagem de votos incentivou a “defesa da democracia”.

Leia também: Crise política: Evo Morales ganha o segundo turno no primeiro

Seu chamado para "defender o voto" iniciou um processo de vigília e mobilização que começou a exigir que se garantisse o que consideram um "iminente segundo turno" já que, como esperado, o discurso de fraude anunciado durante toda corrida eleitoral havia sido consumado. Ontem à tarde, enquanto a contagem oficial de votos foi retomada após as 15h, mobilizações massivas - em oito dos nove departamentos do país - foram protagonizadas por diferentes setores da oposição, como a Conade e os comitês cívicos departamentais.

Em Santa Cruz, exigiram que até o meio dia de hoje, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha um prazo para emitir os resultados finais da contagem, "ratificando o que o povo decidiu que é um evidente segundo turno" e indicaram que "caso contrário, amanhã (hoje), às 12:01, convocaremos o Cabildo Nacional para ignorar este quarto mandato e reconhecer o candidato em quem o povo votou", frente ao qual as pessoas começaram a cantar "Mesa Presidente", " Mesa presidente ", "e vai cair, vai cair, Evo Morales, vai cair". Desse modo, de conjunto, as concentrações ignoraram a autoproclamação do binômio Evo Morales-Álvaro García Linera.

Alguns representantes da oposição, como Alejandro Almaraz, ex-ministro de Terras do MAS e hoje um dos representantes da Conade, disseram que existem apenas duas saídas para esta crise: que o segundo turno seja oficialmente declarado ou que as eleições sejam anuladas.

Existem vários fatos que continuam a aumentar a tensão, aguardando os resultados finais da contagem que já está bastante lenta. A renúncia - ontem à tarde - do vice-presidente do TSE, Antonio Costas, deixa um véu de mais incógnitas, apontando que não fazia parte da decisão de interromper a contagem rápida de votos que ele descreveu como uma decisão "infeliz" tomada por "inexperiência política dos vocais".

Tanto Evo Morales como Carlos Mesa se reuniram com a OEA. O resultado disso foi que essa instância aceite a oferta do oficialismo de auditar o processo de contagem de votos, mas sua condição é que seja vinculativo. A isto se acrescenta uma declaração difundida pelo subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental, Michael G. Kozak, que na segunda-feira à noite anunciou que desde os EUA trabalhará com a "comunidade internacional" contra "qualquer pessoa que prejudique instituições democráticas da Bolivia".

Nesse cenário de crise política, ambos os candidatos se acusam de serem responsáveis pelos confrontos desencadeados no país.

Evo Morales, firme em reafirmar sua vitória, disse que "ele entende o desespero da direita boliviana que não quer reconhecer o voto indígena" e que "ignorar o voto indígena, novamente traz ódio e racismo". Também é esperado hoje, concentrações massivas do MAS, um deles será ao meio-dia no centro da cidade de La Paz, convocado pela Coordinadora Departamental por el Cambio (Codelcam) que, por meio de seu representante, Hugo Tórrez, afirmou que "com o voto rural venceu no primeiro turno e não há possibilidade de um segundo turno".

A atual crise política se expressa em uma disputa sobre o conteúdo da "democracia"

Finalmente, na Bolívia, a polarização política foi instalada e desencadeou uma crise que também começa a marcar uma polarização social. A disputa sobre o voto parece hoje ser o depósito final de "esperanças democráticas". Os confrontos entre "mesistas" e "masistas" espanaram as tensões racistas e regionalistas que a bonança econômica do governo do MAS pode conter por mais de uma década.

Os dois campos opostos sustentam a defesa do voto e da "democracia", alguns contra a eventual fraude e outros contra o possível golpe de estado. Para a oposição política, a democracia é reduzida ao respeito dos regulamentos institucionais e a alternância na gestão do Estado, para o oficialismo, a democracia é reduzida para garantir o quarto mandato de Evo Morales. Ambas as visões da democracia, porém, excluem do seu conteúdo a discussão dos direitos, hoje cada vez mais violados, dos trabalhadores, das mulheres, da diversidade sexual, dos povos indígenas e camponeses, como Tariquía, TIPNIS, del Chepete e Bala, entre outros. Ambas as visões excluem da discussão sobre democracia a propriedade da terra, a presença de transnacionais de petróleo e mineração no país, ou a situação dos trabalhadores em fábricas, oficinas, indústrias e até no Estado onde os direitos de organização sindical e protesto são proibidos.

 
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