Os membros do GreenPeace, vestidos todos de preto, jogaram tinta preta no chão, simulando o óleo, e carregavam placas com escritos como “Brasil manchado de óleo” e “governo contra o meio ambiente”, além de posicionar barris em frente ao Palacio, simulando os barris de petróleo. Além da tinta e dos barris, os membros da ONG também empilharam galhos e pedaços de madeira que seriam restos das queimadas da Amazônia Legal, para protestar contra as queimadas.
O Ministério do Meio Ambiente respondeu, de forma extremamente cínica, que “houve depredação do patrimônio público” para justificar as prisões. A equipe técnica do DF legal afirmou que o GreenPeace deve pagar multa por depredar o patrimônio público. Seguindo o discurso de Bolsonaro, colocaram que “não bastasse não ajudar no esforço de limpeza das praias, o GreenPeace ainda depreda o patrimônio público”. Bolsonaro nos últimos dias deu declarações tentando atacar ONGs, responsabilizando-as por uma suposta “falta de esforço” em ajudar a crise dos vazamentos, como uma espécie de retaliação pelas campanhas durante a crise das queimadas na Amazônia, e tentando eximir a responsabilidade do próprio governo por esse cenário absurdo que deixa nossas praias e meio ambiente numa situação drástica.
É preciso que bem fique claro que a responsabilidade pelos danos ambientais causados em todo o litoral do nordeste pelo criminoso vazamento de óleo também é de Bolsonaro, que no ínicio do ano revogou todas as direções de todos os conselhos ligados à área ambiental, desorganizando completamente a atuação dos mesmos, além de ter nomeado para a pasta um o ministro Ricardo Salles, com profundas relações com o agronegócio, de longe o setor mais predatório da burguesia nacional. Essa nomeação atendeu ao único intuito de paralisar o ministério, abrindo caminho para uma intensa devastação ambiental, e que já provocou uma intensa crise na região amazônica.
No caso do vazamento de óleo, Ricardo Salles se omitiu e levou 41 dias para formalizar o acionamento do plano de contingência, que na prática sequer foi efetivo, uma vez que a mancha continua se espalhando livremente pelo litoral. Os impactos no mar serão muito intensos, uma vez que o óleo degradado em macromoléculas será absorvido pelos seres vivos dos ecossistemas marinhos, que terão sua resiliência afetada.
As prisões da PF são completamente absurdas e autoritárias, passando por cima do direito de manifestação dos membros da ONG, com uma argumentação cínica de danos ao patrimônio, num cenário em que o Governo enfrenta a segunda crise ambiental de seu governo. Um governo que desde a campanha eleitoral de 2018 defendeu que não deveria haver terras demarcadas no Brasil, que dava suporte a queimadas ilegais, e avanços do agronegócio na Amazônia, e que agora tenta tirar do próprio colo qualquer responsabilidade sobre o petróleo que toma conta de mais de uma centena de praias em nosso país.
É preciso fazer como os chilenos: a classe trabalhadora unida com a juventude tomando as ruas mostrando a sua força em um movimento capaz de questionar o regime político como um todo.
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