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EDITORIAL MRT
Praias cheias de óleo, mas governadores do Nordeste negociam sua parte da venda do Pré-Sal
Mateus Torres

Não bastou Brumadinho, Mariana e a Amazônia em chamas. O país está mais uma vez impactado por uma enorme catástrofe ambiental: as praias do Nordeste estão banhadas de óleo, mais um fruto da sanha predatória de Bolsonaro e dos capitalistas na busca por lucro. Nem essa barbárie muda que governadores do Nordeste, incluindo os do PT e PCdoB, estão negociando “sua parte do bolo” da maior venda do Pré-Sal da história, agravando ainda mais seu papel no ataque da reforma da previdência e na venda do petróleo para o imperialismo.

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Cada imagem que chega do Nordeste gera mais indignação. As praias contaminadas, banhadas por óleo, contaminação e morte de peixes, golfinhos, uma ainda incomensurável consequência para o meio ambiente e também para toda a economia da região, que tem vínculo com o turismo, os mares e rios. Isso não é simplesmente um acidente.

Ainda não se comprovou a origem do óleo, o que em si é um absurdo e coloca a necessidade de uma investigação independente feita por petroleiros, pesquisadores e ambientalistas que queiram buscar a verdade dos fatos, pois há todo tipo de interesse por trás das investigações em curso, lentidão e resultados contraditórios. Mas o que é certo é que este tipo de vazamento, que destrói o meio ambiente e impacta na vida de povos inteiros, está vinculado à forma predatória como os capitalistas (em sua maioria de origem imperialista) extraem as riquezas naturais ou a transportam, causando mortes e destruição, buscando de maneira totalmente irracional o lucro, reduzindo custos com segurança, etc.

Assim como as tragédias em Brumadinho e Mariana, esse vazamento é produto direto da sede de lucro dos capitalistas, em nome da expansão da mineração ou, neste caso, da entrega dos nossos recursos ao imperialismo, protagonizado pelo governo Bolsonaro. É exatamente isso o que está em jogo com a venda histórica do pré-sal, que está para ser efetivada nas próximas semanas, na chamada “cessão onerosa”. Um crime contra a riqueza natural do país, que está sendo vendida a preço de banana para o imperialismo, como Marcello Pablito explica detalhadamente neste artigo (http://www.esquerdadiario.com.br/Bolsonaro-fara-maior-privatizacao-de-petroleo-da-historia-mundial-Governadores-do-PT-e-PCdoB-sao), mas que em termos numéricos seria um lucro para os imperialistas de ao menos R$ 1,6 trilhões de reais, comprados por uma ninharia de 100 bilhões. Vender ainda mais nossas riquezas naturais para os capitalistas e imperialistas, sejam eles de qual nação, é não somente um crime e roubo contra o patrimônio nacional, numa verdadeira liquidação do país, como também prepara novas catástrofes como essas que agora vemos nas praias do Nordeste.

Os governadores do Nordeste não pouparam palavras para manifestar seu ávido interesse nessa “receita extra”

O caso da chamada “cessão onerosa” é ainda mais escandaloso, se analisado do ponto de vista do papel dos governadores do Nordeste, em especial os que são do PT e PCdoB. Enquanto algum parlamentar desses partidos faz discurso contra a reforma da previdência e a venda do pré-sal para se cobrir com uma máscara de esquerda, os governadores foram além do que nós do MRT viemos denunciando há meses, que era a negociação da reforma da previdência federal e a inclusão dos seus próprios estados na reforma, bem como os municípios. Não contentes em ser parte da elaboração do ataque às aposentadorias, agora sua postura se agrava com a “troca” de apoio de parlamentares à reforma da previdência, para receber “em troca” nada menos do que uma parte da “cessão onerosa”, sendo cúmplices de todos estes crimes.

“Temos uma necessidade real e urgente de conseguirmos receitas extras para equilibrarmos as finanças do nosso estado. A partilha da cessão onerosa possibilitará exatamente isso”, disse a governadora Fátima Bezerra (PT-RN).

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi ainda mais escancarado na exposição das condições do acordo para que contassem com seu apoio para a reforma da previdência. Nem a entrega desses bilionários recursos daria conta do ataque pretendido por ele, sendo necessário incluir os estados e municípios na reforma: "Isso [os recursos da cessão onerosa] ajuda a financiar o déficit da previdência estadual e evidente que, se ajuda a resolver a previdência dos Estados, ajuda a somar esforços para resolver a questão da Previdência (...) Isso é uma posição política, quantos votos cada um vai trazer, cabe a cada um reunir sua base e definir. O que eu estou dizendo é que ou os Estados estarão inclusos do ponto de vista da solução do seu déficit ou a reforma atual, a proposta atual não alcança nem arranha o déficit previdenciário dos Estados", afirmou o governador petista Rui Costa.

Outro governador petista, Welligton Dias (Piauí): “É uma receita nova que, pela proposta, vai servir de base para o equilíbrio atuarial da Previdência, principalmente dos estados. De acordo com os termos da proposta, R$ 10,5 bilhões (15% da arrecadação com a cessão onerosa) serão destinados aos estados e municípios, e outros R$ 10,5 bilhões aos estados e ao Distrito Federal”, complementou Dias.

Que conclusões tirar dessa postura nefasta dos governadores do PT e PCdoB?

Essas declarações e posicionamento dos governadores ganham contornos mais criminosos vendo as praias dos estados governados por eles sendo destruídas por óleo, em mais uma tragédia fruto da ganância capitalista, e devem levar a todos os que querem resistir aos ataques de Bolsonaro, dos golpistas e da extrema direita, a tirar profundas lições do papel desses partidos.

Essa postura dos governadores é parte essencial do que explica o silêncio ensurdecedor ou a completa inação das direções majoritárias do movimento de massas, justamente o PT e PCdoB, com a aprovação da reforma da previdência, que, no Senado, se agravou com a inclusão de estados e municípios e se vinculou à essa entrega escandalosa do petróleo. Eles estão sendo negociadores e, portanto, cúmplices de todo o ataque, buscando “sua parte do bolo”. Isso é um alerta a todas e todos que ainda se iludem com os discursos de alguns parlamentares do PT contra estes ataques, pois servem somente para cobrir pela esquerda essa divisão de tarefas nefasta com os governadores e as direções que impõe uma paralisia no movimento de massas. Todos esses ataques em nome da responsabilidade fiscal e da manutenção do saque do capital financeiro através do pagamento da dívida pública também nos estados.

É preciso romper as ilusões no PT e PCdoB e construir correntes no movimento de trabalhadores, da juventude e dos movimentos sociais com um programa e uma estratégia capaz de impedir que siga a sanha predatória dos nossos recursos naturais. Correntes que não aceitem meros discursos, mas que exijam ações pelo fim de todas privatizações do Pré-Sal e das refinarias, que todas as riquezas entregues ao imperialismo sejam estatizadas sem indenização e que todo o petróleo nacional seja produzido por uma Petrobras 100% estatal e administrada democraticamente por seus trabalhadores com controle popular, única maneira de garantir segurança operacional e ambiental, transparência nas operações e contratos, combatendo verdadeiramente a corrupção, o que nunca interessou à Lava Jato e, assim, garantir que somas tão imensas sejam usadas não para o enriquecimento de imperialistas, empresários e políticos, mas para servir aos interesses do povo brasileiro. Garantir que os recursos minerais do país sejam usados em benefício da população, e não de empresários e imperialistas, é parte da mesma luta pelo não pagamento da dívida pública, para romper os laços de subordinação e roubo do país.

É preciso tirar lições da colaboração dos governadores petistas com os ataques do bolsonarismo e de todo o golpismo, debater a inatividade dos sindicatos e centrais sindicais mediante tal situação que ocorre ao mesmo tempo em que mês a mês decai mais um pouco a popularidade de Bolsonaro e a extrema-direita mostra grandes dificuldades políticas e eleitorais em todo o mundo. Tirar essas lições nos leva a superar a estratégia estritamente eleitoral, institucional e parlamentar da oposição, que só nos tem levado de derrota em derrota.

O levante das massas trabalhadoras, indígenas e camponesas do Equador é um grande exemplo na América Latina que pode nos mostrar o caminho de como enfrentar os ataques de Bolsonaro, com os métodos da luta de classes, nos apoiando na juventude que tem se mostrado o setor de oposição mais dinâmico aos planos do golpismo. Somente assim é que os ajustes e o conjunto do projeto entreguista de Bolsonaro e do golpismo podem ser barrados, com um programa de independência de classes e assim recuperar os sindicatos e entidades estudantis para os métodos da luta de classes.

 
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