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VISITA DO PAPA AOS EUA
Febre papal nos Estados Unidos: não temam, Francisco não é progressista
Celeste Murillo
Argentina | @rompe_teclas

Depois de seu discurso “progressista” no Congresso dos Estados Unidos, que deixou vários republicanos com um “gosto ruim na boca”, o Papa se prepara para participar do Encontro Mundial de Famílias na Filadélfia.

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O papa Francisco, Jorge Bergoglio falou na quarta-feira ao Congresso dos Estados Unidos, convidado por seu porta-voz John Boehmer (líder republicano que hoje anunciou sua renúncia no fim de outubro).

Seu discurso foi recebido com aplausos e clamor pela maioria da bancada democrata (e simpatia de vários republicanos, ainda que a maioria não gostou tanto) que sentiu as palavras do pontífice como um respaldo à gestão de Obama. E em parte é certo ainda que não seja toda a verdade. Bergoglio se ocupou também de enviar saudações a tribuna republicana, com sua “preocupação” sobre a família e a vida “em todas as etapas de desenvolvimento”.

Francisco desencadeou nos Estados Unidos a “febre papal” ao redor de uma imagem de padre progressista, que defende os pobres e tem um discurso moderno para atrair a juventude. Seguindo suas próprias palavras de 2013, “um bom católico participa da política”, aproveitou todas as oportunidades para reafirmar sua vontade de recompor a autoridade da instituição que preside.

Com esse objetivo, condenou os abusos e a pedofilia de padres estadunidenses, enviando uma mensagem a comunidade latina e imigrante (majoritariamente católica) e guardou silêncio elegantemente sobre temas espinhosos como o fato da Corte Suprema que reconheceu o direito de casamento de pessoas do mesmo sexo. Tampouco comentou da forte oposição da Igreja Católica para que o seguro médico contemple métodos anticoncepcionais para empregadas de organizações religiosas.

Ainda que Francisco não é um progressista, o certo é que a “Pope Fever” (febre papal) se baseia mais em um perfil político que na doutrina religiosa da Igreja Católica, que mantém seu caráter reacionário intacto e imutável. Isto é o que explica que exista simpatia entre setores do movimento por salário mínimo, majoritariamente jovem e com grande peso latino. Seu discurso a favor dos imigrantes, os refugiados e as “pessoas que buscam uma vida melhor” tenta emplacar um diálogo com esse setor e a Igreja, sobretudo, é um “empurrão” para que as Igrejas locais participem.

Assim mostrou a repercussão da participação de uma militante da Fight For 15 (organização respaldada pelo sindicato de serviços SEIU, que impulsiona a campanha pelo aumento do salário mínimo) na recepção do Papa em Washington. Algo similar acontece com as organizações de imigrantes, onde as paróquias e organizações comunitárias tiveram e tem um papel muito importante. Assim, uma parte importante das reuniões de imigrantes que mobilizou um milhão de pessoas em 2006 contra as políticas xenófobas, se realizava em Igrejas Católicas ou ao redor de paróquias. Nos Estados Unidos, como em outros países, o Papa aspira que a Igreja recobre essa autoridade e seja um ator ativo em temas políticos.

Essa grande simpatia também se vê na grande expectativa que despertam todas as conferências e discursos. Como se fosse uma estrela de rock, 20 mil pessoas fizeram fila para presenciar a missa que o Papa dará na Madison Square Garden.

O Papa Francisco não deixou passar a oportunidade para confirmar que a doutrina da Igreja Católica não tem “bambeado” com respeito à homossexualidade, às pessoas trans, o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo e a condenação ao direito do aborto. Tampouco defende a luta dos direitos das mulheres. Outra mancha, que o Vaticano e seus seguidores se empenharam em esconder, foi a participação de Jorge Bergoglio na ditadura militar argentina, como já denunciado no Esquerda Diário.

O Encontro Mundial de Famílias

No domingo (27), o Papa participará do Encontro Mundial de Famílias na Filadélfia que, segundo a Oficina de Imprensa do Vaticano, busca “involucrar ante todas as Igrejas do continente americano: desde Alaska a Terra do Fogo, com a participação de diversas culturas que povoam esse vasto continente”, segundo a Oficina de Imprensa do Vaticano. Do encontro participam membros da Igreja Católica, organizações e militantes religiosos.

De acordo com jornais locais, a discussão da homossexualidade, muito atual na EU, pela decisão favorável do Supremo Tribunal Federal, é uma das pedras angulares da reunião. E mesmo nas pesquisas, muitos católicos apoiam o direito de casamento do mesmo sexo, os mais de 17.000 assistentes do Encontro os vêm com "preocupação" com o que eles chamam de "erosão da família."

É provável que no domingo, ainda que haja uma mensagem para os imigrantes e latinos (que se espera que comam na missa de encerramento), a tribuna conservadora saia ainda muito satisfeita.

 
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