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JUVENTUDE TRABALHADORA
A gigante Mercedes-Benz oferece “oportunidade” para que jovens sejam superexplorados
Redação

Com oferta de vagas de postos de trabalho cada vez mais precarizadas, as grandes multinacionais, que mantém suas filiais aqui no Brasil, avançam com seus planos de garantirem bons lucros em detrimento da saúde e da qualidade de vida dos jovens.

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A multinacional alemã, Mercedes-Benz, que chegou ao Brasil em 1956 (com a produção do primeiro caminhão fabricado no país), está oferecendo aos jovens que cursam mecânica e elétrica de manutenção em uma das maiores instituições de ensino voltada à geração de mão de obra fabril no Estado de São Paulo, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a “oportunidade” de trabalhar por quatro horas em uma de suas plantas, no caso a de São Bernardo do Campo em São Paulo, com remuneração de R$5,82 por hora. Uma enorme chance para que esses jovens sejam superexplorados por uma das maiores montadoras do mundo.

As “oportunidades” de emprego para atuar em uma das maiores multinacionais do mundo tem como público alvo a juventude, através de vagas no projeto jovem aprendiz. O que uma multinacional com o porte da Mercedes Benz ganha oferecendo R$5,82 por hora para um jovem aprendiz em uma função de risco como mecânico e eletricista? Levando em consideração todas as falas e propostas do governo, coisa boa é que não deve ser.

Tendo alcançado uma ascensão considerável no campo ideológico no último período, não é surpresa que a burguesia articularia algum meio de ludibriar a juventude (ou parte dela) para garantir que uma “grande oportunidade” imediata venha se revelar na velha e monstruosa extração de mais valia e instabilidade futura sempre proposta pelos grandes capitalistas. Um jovem, cursando mecânica ou elétrica no SENAI, espera com grande entusiasmo adentrar em uma estrutura industrial renomada do ABC Paulista (berço da industrialização nacional), onde ainda existe um número considerável de fábricas (mesmo com o movimento de desindustrialização na região). É natural perceber nos diálogos desses jovens, principalmente os que fazem cursos profissionalizantes no SENAI, o desejo de atuar nas fábricas da região (Pirelli, Firestone, GM, Volks, Mercedes Benz, etc.).

Mas o desejo do jovem é ser exposto a condições de trabalho precarizadas? Ou de conseguir um salto nas condições de vida através de um emprego em grandes empresas multinacionais? O capitalismo vende isso como possível, mas nunca poderá garantir que essa esperança venha a se realizar para estes jovens.

Logicamente um jovem aprendiz quando consegue uma vaga em uma empresa multinacional pensa em conseguir trilhar sua carreira profissional e conquistar sua independência financeira, mas com essa oportunidade fantasiosa oferecida pela Mercedes Benz (prática comum e legitimada atualmente, haja vista a retirada dos direitos trabalhistas dos brasileiros, como foi feito com a Reforma Trabalhista, e agora a MP da “Liberdade Econômica), são estes mesmos jovens que correm o grande risco de envelhecer e permanecer em condições cada vez mais precárias de remuneração e de execução da sua atividade laboral.

Em um primeiro olhar, realmente a vaga e a “oportunidade” se fazem parecer muito atrativas, dada as condições de se conseguir um emprego atualmente no Brasil. Entre muitos jovens parece uma boa ideia trabalhar 4 horas por dia, mesmo com remuneração baixíssima, afinal de contas, para os que moram com os pais ou avós, trabalhar quatro horas é uma grande oportunidade de planejar uma carreira em uma grande indústria multinacional, organizar a vida para estudar e se qualificar ainda mais ou ter mais tempo livre no dia. Nos casos dos jovens mais pobres, que estudam em busca de uma melhoria de vida (e que na maioria dos casos só tem a mãe para sustentar toda a casa), trabalhar quatro horas em uma multinacional é a possibilidade de crescimento pessoal que pode ajudar a família. Independente da remuneração, estar em uma indústria multinacional é o alvo de todo jovem que cursa o SENAI e, logicamente, utilizando isso como moeda de troca, a casta de burgueses que anseiam cada vez mais o lucro pelo desgaste da classe trabalhadora, oferece esse prato cheio de contradições à juventude.

Mas alguns setores alegarão que tal oportunidade era o que o jovem precisava, afinal de contas, dar início a carreira é o que todos precisam, não é verdade? Mas as coisas não são tão belas e saudáveis assim, não em meio à crise capitalista, que só consegue proporcionar oferta de vagas precarizadas e com baixa remuneração, comparado aos lucros exorbitantes dessas multinacionais.

Ultimamente, se escutam diversos relatos de trabalhadores que já estão atuando através desse regime, recebendo somente as horas trabalhadas e o mínimo de benefícios em atividades arriscadas e insalubres, condições estas que são permitidas após a cruel Reforma Trabalhista aprovada em 2017. Por exemplo, em um projeto de atividade de prestação de serviço de 190 dias, o trabalhador que almeja receber pelos 190 dias de trabalho no projeto, só irá receber os dias que trabalhar, dessa forma, se houver qualquer pausa nas atividades devido algum imprevisto ou condição impeditiva, mesmo que não seja sua responsabilidade, o trabalhador não recebe. Ou seja, ele estava ali à disposição da empresa não importa efetivamente, e só receberá pelo tempo que for vantajoso ao empregador pagar. Definitivamente o que estamos vivendo é um profundo ataque às condições de vida dos jovens trabalhadores.

Se para um jovem trabalhar 4 horas por dia ganhando R$5,82 por hora é uma "oportunidade", legitimada pelo projeto bolsonarista de governo, imagine para o trabalhador adulto que mantém responsabilidades como o pagamento de uma moradia, alimentação familiar, cuidados pessoais e com filhos. Certamente ele não vê um cenário agradável e sim uma fonte inesgotável de preocupações. Diante desta crise que avassala o mundo todo, está imposta à juventude e a classe trabalhadora uma escolha: permitir que avancem contra nossos direitos, que aumentem a exploração e as condições de miséria para que garantam o lucro deles, ou que sejamos nós que façamos com que eles paguem pela crise que eles próprios criaram.

O projeto do golpismo institucional, que se apoiou na Lava-jato e seu espírito de lambe botas dos EUA, e que agora também se curvou ao acordo UE-Mercosul (que retira tarifas de produtos de multinacionais como a própria Mercedes-Benz, por exemplo), quer abrir as portas para que estas multinacionais dos países imperialistas entrem com tudo no Brasil, mas com cada vez menos condições dignas de emprego, cada vez menos direitos trabalhistas, para explorar ainda mais a juventude trabalhadora, as mulheres, os negros e LGBTs no Brasil. Por isso aprovam reformas como a trabalhista, a da previdência (que tramita no Senado ainda), a MP da Liberdade Econômica, dentre outros ataques, para criar as condições para que essas empresas estrangeiras melhor explorem os trabalhadores e as trabalhadoras do nosso país em nome de seus lucros.

Acreditamos que é preciso levantar a força da juventude para lutar contra este regime irracional e bárbaro em decadência. Para que uma classe acumule, outra precisa viver em meio ao caos e a miséria. Assim, nós da juventude Faísca anticapitalista e revolucionária e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, levantamos um programa verdadeiramente transformador, de independência de classe, que apoiado nas forças da juventude e da classe trabalhadora organizada, poderá não só mudar as peças do jogo, mas sim virar de cabeça para baixo todo o tabuleiro, e avançar para a construção de uma nova sociedade.

 
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