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DISTRITO FEDERAL
Militarização e Hitler: uma capa um tanto simbólica do Correio Braziliense
Letícia Parks

Terça-feira, 20 de agosto. Após a ofensiva militarizante de Ibaneis nas escolas do DF, que levou a militarização de cinco escolas, a capa do jornal Correio Braziliense era a manifestação imagética e discursiva dos novos tempos. O enorme título da militarização apesar de consulta democrática ‘e celebrado com o estudante que exibe “Minha luta”, de Hitler, em uma “viagem a bordo dos livros” que levou a caminhos um tanto estranhos.

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A consulta sobre a militarização feita em 5 escolas perdeu votação em duas delas, que apesar disso, também serão militarizadas, de acordo com afirmação do governo Ibaneis. A decisão de militarizar todas as 5, apesar da contrariedade da comunidade e usuários das escolas, levou ao pedido de demissão do então secretario de educação, Rafael Parente. Não porque fosse contra a militarização, mas porque era a favor de que se respeitasse a decisão democrática das escolas.

O projeto de educação que ‘e acompanhado pela militarização, curiosamente, esta estampado com forca na capa do jornal. Isso porque os mesmos sujeitos de cujas bocas se vocifera um discurso de ódio ao debate de gênero, sexualidade, identidade e história negra, está também o endeusamento de ditadores e torturados, como brilhante Ustra, herói de Bolsonaro. A escola sem partido que quer a extrema direita, como se sabe, é na verdade a escola com censura, onde Karl Marx, Engels, Foucault e qualquer coisa minimamente crítica é proibido e Minha Luta, de Hitler, está mais do que liberado: estampa capas de jornais.

A cena me impressionou. Por quantas pessoas essa foto passou antes de ser publicada? Ninguém achou minimamente estranho que se publicasse na capa de um jornal um jovem lendo os delírios de um dos maiores genocidas da história moderna? Fotógrafo, professora, coordenação da escola, repórter, diagramador e editor permitiriam que se publicasse a foto caso fosse O Capital na mão desse garoto?

Na sala de professores o debate se estendeu. Dividimos as perseguições que vivemos em escolas apenas porque decidimos ler Chimamanda. Ou o constrangimento de explicar sob investigação porque se ensinou sobre história das religiões e não o cristianismo como verdade. A conclusão? O terreno da censura, da venda e do obscurantismo não cria, de nenhuma forma, neutralidade. Eh na verdade um filtro político do qual apenas a direita e a extrema direita conseguem se safar. Qualquer lugar em que ideias transformadoras que humanizam e sensibilizam homens e mulheres frente a realidade e dores do mundo são perseguidas, Minha Luta se sentirá à vontade para circular, ser lido, fotografado, diagramado e publicado. Não sem protestos.

Afinal, na página específica, conta-se como em a mesma escola em que se votou contra a militarização, estudantes organizaram um protesto em defesa da democracia na escola, que está sendo desafiada por Ibaneis. Isso nem mesmo o Correio Braziliense foi capaz de esconder. E ainda que em seu discurso tente dar mais importância ao fato de que em outra escola anti-militarização um aluno foi esfaqueado, os olhos de qualquer lutador miram a imagem desses jovens lutadores e se encorajam a desafiar o obscurantismo que ameaça invadir nossas escolas.

 
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