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VIOLÊNCIA POLICIAL
Cartas de crianças da Maré pedem fim da violência policial, que cresce no RJ de Witzel
Redação

Crianças e moradores do Complexo da Maré escreveram mais de 1,5 mil cartas à justiça estadual, cobrando reavaliação do arquivamento do processo que exigia medidas mínimas para tentar proteger a população, em meio a cada vez maior ofensiva de operações policiais que fomentam o genocídio da população negra pelos governos violentos e racistas de Witzel e Bolsonaro.

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Segundo estudo do Redes da Maré, somente este ano já ocorreram 21 operações policiais na Maré, mais do que as 16 que ocorreram em todo o ano de 2018. Dessas 21 operações, 8 ocorreram com o uso de helicópteros, apelidado pelos moradores de “caveirão voador”. O que contribui para multiplicar os assassinatos de crianças e jovens negros pelas “balas perdidas” que saem das armas policiais.

A ação que partiu da Defensoria Pública, e que foi suspensa pela justiça estadual desde junho de 2019, sequer pedia o fim das operações policiais e sim medidas de “redução de danos”, como por exemplo a mudança dos horários das ações e acompanhamento de ambulâncias, ou seja, uma adaptação ao poder de fogo e letalidade dos policiais. E diante da suspensão da ação movida pela Defensoria, os moradores do Complexo da Maré não só promoveram manifestações como agora essa ação, com mais de 1.500 cartas endereçadas à justiça estadual.

As cartas denunciam como a política racista de Witzel e Bolsonaro atua cotidianamente nas favelas cariocas e fluminenses e escancaram o que estes reservam para a juventude negra. O Estado é responsável pelo número cada vez maior de “Marias Eduardas”, “Marcos Vinicius”, “Evaldos” “Lucianos” e “Benjamins” nas miras dos fuzis policiais.

Episódios como esse escancaram que o verdadeiro papel da polícia não tem nada a ver com garantir a segurança pública, mas é na verdade reprimir os trabalhadores, a juventude e o povo pobre, e exterminar a população negra.

Leia algumas das cartas:

"Meu irmão morreu por causa dos policiais"
"Boa tarde. Eu queria que parassem as operações porque muitas famílias serão mortas. Agora, eu estou sem quarto porque vocês destruíram na operação. Todo mundo na minha escola chora, meu irmão morreu por causa dos policiais e eles bateram no meu primo. [...] Muito obrigado por ter lido minha carta".

"Não dá para brincar muito"
"O ruim das operações nas favelas é que não dá para brincar muito. E também morrem moradores nas comunidades. Também têm muita violência".

"Eles têm que respeitar os horários que as crianças estão na escola"
"Bom... quando tem operação eu não posso ir a lugar nenhum, tenho que ficar no banheiro da minha casa. Quando tem operação e o helicóptero passa atirando para baixo, minha tia vai para minha casa porque, se não, o tiro pode bater lá. É muito ruim... Eles têm que respeitar os horários que as crianças estão na escola ou até mesmo no curso. A maioria das crianças sai 15h, 15h30. Eles podiam entrar 16h e sair 19h ou 20h. Também acho que eles não podem entrar de madrugada porque tem gente que vai trabalhar ou chegar de madrugada".

"Uma vez deu tanto tiro que me escondi atrás da maquina de lavar"
"(O que) Eu tenho a dizer é que as operações matam muita gente. E essas operações são muito tristes. Uma vez minha mãe saiu para ver minha vó e deu tanto tiro que me escondi atrás da máquina de lavar. É isso que eu tenho a dizer."

"Estou escrevendo esta carta com uma caneta e não com um fuzil"
"Existem crianças e jovens dentro da comunidade que sonham em se formar médicos, advogados, professores, educadores esportivos, mas esses sonhos são interrompidos quando as ações policiais suspendem suas aulas. Parem e pensem se seus filhos passassem pela mesma situação todos os dias que a ’bomba estoura’. Lembrem-se que nas comunidades não existe uma ’fábrica de bandidos’. Cá estou eu escrevendo esta carta com uma caneta e não com um fuzil".

 
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