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ELEIÇÕES NA GRÉCIA
Tsipras encerrou sua campanha junto a Pablo Iglesias, numa eleição apertada
Josefina L. Martínez
Madrid | @josefinamar14

As últimas pesquisas eleitorais antes da votação deste domingo na Grécia, apontam para uma votação muito apertada entre o Syriza e o Partido Nova Democracia. O resultado final está nas mãos dos indecisos e dos partidos pequenos. Neste artigo o leitor confere o apoio de Pablo Iglesias a Tsipras e as posições da esquerda europeia.

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As pesquisas publicadas nesta semana indicam uma diferença de apenas 0,5 ponto percentual entre Syriza e o Nova Democracia. Outras pesquisas dão pequena vantagem para o Syriza. O resultado deste domingo é completamente incerto.
Muitos estudiosos de opinião assinalam, dias antes das eleições, que se mantém 10 a 15% de indecisos. Grande parte deles votaram no Syriza em fevereiro, mas depois da histórica capitulação do Syriza diante da Troika, estão desencantados, e muitos pensam em se abster na votação.

“Calculo que temos perdido cerca de 40% de nossos membros. E, destes, 90% são jovens”, confessa um atribulado militante do Syriza em uma entrevista. Traídos, desconcertados, frustrados; estas palavras descrevem os sentimentos de muitas pessoas que votaram no Syriza há apenas alguns meses.

Tsipras poderá, após tudo que já fez, que votem nele para que “não haja uma volta da direita”? Ou, o que prevalecerá é a decepção com um partido que prometeu acabar com os planos de austeridade e que agora vai aplicar as medidas mais duras contra o povo grego?

O partido conservador Nova Democracia poderá voltar ao governo após 9 fugazes meses de “governo de esquerda”. Esta é outra demonstração clara do fracasso do Syriza.

Se o Syriza consegue o primeiro lugar, terá a opção de formar uma nova coalizão de governo com partidos de centro liberais como o PASOK ou o To Potami, já que os seus ex-aliados do Anel poderiam ficar fora do parlamento. A lei eleitoral grega presenteia 50 cadeiras “adicionais” no parlamento para o partido vencer as eleições. Conseguir estes 50 deputados extras é a chave da eleição, onde nada levará a maioria absoluta.

O projeto do Syriza, como modelo de “nova esquerda” europeia que pretendia pressionar os “sócios” europeus para freiar a Troika, foi derrotado. Se o Syriza conseguir formar um governo será defendendo um novo “programa” político, baseardo na ideia de que “não há alternativa” para a austeridade de Berlim e Bruxelas.

Ao final desta campanha, Tsipras convocou a votação no Syriza para “dizer NÃO ao velho e corrupto sistema político”. Já não se trata mais de enfrentar à Troika nem de recuperar o salário e as pensões, como prometia antes, mas sim, trata-se tão somente de uma administração “honesta” diante dos cortes e das privatizações. Algo que dificilmente pode entusiasmar alguém. Por isso, segundo testemunhas locais, esta campanha eleitoral está marcada pela apatia. Porque o que se votará neste domingo é quem vai aplicar o terceiro memorando da Troika.

Pablo Iglesias sobre Tsipras: “um exemplo de democracia”

Pablo Iglesias viajou especialmente para apoiar a Tsipras no ato de encerramento da campanha eleitoral, junto a Gregor Gysi do partido alemão Die Linke e Pierre Laurent do Partido Comunista Francês. A Esquerda Unida, no entanto, recusou o convite, se referindo a “compromissos anteriores”.

Iglesias e a direção do Podemos continuam a defender a claudicação histórica de Tsipras com o argumento de que “não haveria outra opção”, e disseram que estas eleições antecipadas seriam um “exemplo de democracia”. Durante uma entrevista para uma rádio em Atenas, Iglesias, defendeu que “Alexis lutou como um leão contra as forças mais duras”. Após o ato, trocaram tuites saudando que os “amigos se provam nos tempos difíceis”.

O Podemos deixa claro que, em meio a campanha eleitoral espanhola, é um “partido responsável” e moderado, completamente adaptado ao regime e as regras do jogo das reacionárias instituições europeias. Um partido que transformou “os limites do possível” no fundamento de seu programa de governo.

Unidade Popular, reformismo reforçado

Alguns setores da esquerda europeia, no entanto, se inclinaram a apoiar a Unidade Popular, como os setores da Esquerda Unida e a corrente “Anticapitalistas” dentro do Podemos.

Mas, a Unidade Popular, tampouco, é uma alternativa para os trabalhadores e o povo grego, já que defendem a volta de um “Syriza das origens”, sem questionar seu DNA reformista e sem a mais mínima autocrítica sobre os 8 meses que fizeram parte do governo. Compartilham com o Syriza uma estratégia reformista de ocupar espaços instituicionais “por cima”, a despeito da mobilização independente dos trabalhadores e do povo. Sua estratégia de “saída ordenada do Euro”, busca a “reconstrução da economia nacional” nos marcos do capitalismo grego.

À esquerda do Syriza, o outro partido que atualmente tem presença no parlamento é o KKE de tradição estalinista, que mantém uma importante influência em alguns sindicatos através de sua corrente sindical PAME. Mas por trás de um discurso de aparência muito radical, tem uma política auto proclamatória e burocrática que bloqueia a mobilização operária e popular, sendo inimigos da frente única dos trabalhadores e das organizações combativas.

A coalização de esquerda anticapitalista Antarsya se colocar nestas eleições em defesa de uma posição política independente dos reformistas, após dois grupos que eram parte desta decidiram apoiar a campanha da Unidade Popular. Internamente, continuam os debates sobre qual o partido e qual a estratégia desenvolver no próximo período, onde alguns setores buscam confluir com setores reformistas, enquanto outros sustentam uma política anticapitalista.

Os resultados deste domingo são, no entanto, incertos, mas o que não há dúvida é que no próximo período será fundamental retomar as mobilizações e a auto organização operária e popular para enfrentar as medidas reacionárias do governo. Neste caminho, a construção de uma forte esquerda anticapitalista e revolucionária, com influência entre os trabalhadores e a juventude, é uma necessidade urgente.

 
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