O diário oficial da União teve diversas edições extras em todos os últimos dias de votação da Reforma da Previdência. Eram centenas de milhões de reais em emendas parlamentares liberadas em forma urgente. A conta agora alcançará milhares de cargos segundo matéria do Estadão.

Dois meses após a edição de um decreto que instituiu o Sistema Integrado de Nomeações e Consultas, mais conhecido como "banco de talentos", o governo ainda não preencheu a maioria das vagas de segundo escalão nos Estados, mas promete "destravar" as indicações e acelerar a distribuição dos cargos para partidos que apoiaram a primeira etapa da reforma da Previdência na Câmara. Até agora, a maior parte dos compromissos assumidos pelo Planalto foi com o Centrão, grupo que atuou como fiel da balança para a aprovação das mudanças na aposentadoria.

Ou seja Rodrigo Maia, de inimigo do Bolsonarismo nas manifestações em apoio do presidente passará a ser regiamente recompensando com milhares de cargos. Outros políticos também figuram na lista para assumir os muitos cargos comissionados na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba e em outras autarquias e estatais.

O governo Bolsonaro esteve atravessado por múltiplas contradições entre diferentes alas autoritárias da política nacional, sejam elas do Congresso, dos militares, do judiciário, mas todas elas em uníssono atuaram em prol e votaram pelo fim do direito à aposentadoria. Há que se ver como essa votação e a generosa distribuição de cargos afeta um conflito que segue instalado, entre forças no Congresso capitaneadas por Maia e outras forças autoritárias detrás das figuras de Bolsonaro e Moro.

O loteamento de cargos por Bolsonaro, junto às bilionárias emendas oferecidas do dia para a noite, escancaram como sua “nova política” é somente a velha política agora com cara de ultra-direita, tal como a corrupta e autoritária Lava Jato atuou para substituir um esquema de corrupção por outros mais funcionais ao imperialismo americano e ao governo Bolsonaro.

O escândalo da compra de deputados com cargos e bilionárias emendas só é eclipsado por outro escândalo ainda maior: cada futuro aposentado terá centenas de reais roubado de sua aposentadoria e todos brasileiros terão que trabalhar até morrer.

Para se enfrentar com a reforma da previdência é preciso tirar lições da atuação da “oposição”, que não somente impediu a entrada em cena da classe trabalhadora através dos sindicatos, como ajudou a organizar o apoio a mesma, como fizeram os governadores do PT e PCdoB. Tirar essas lições é crucial para continuar a luta contra a reforma e para se enfrentar com todos ataques que já estão planejando, como privatizações, nova reforma trabalhista, entre outros.