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OPINIÃO
"Deus acima de tudo, Lucro das igrejas acima de todos"
Vitória Barros
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Nasci, como muitos brasileiros num lar evangélico. Minha infância/adolescência toda se passou na igreja. Disso parte grande das mais famosas historias bíblicas eu sei de trás pra frente, uma delas é a da libertação do povo do Egito. Era a historia de Moises que veio de uma família humilde, adotado pela esposa de faraó e que se tornara um príncipe e que futuramente levou o povo que era escravizado e que viva nas piores condições de trabalho e de vida humana a se libertarem das mãos dos soldados, dos chicotes e das amarguras da vida e irem para a terra prometida, onde iriam viver os gozos que dela emanavam e poderiam ter uma vida melhor.

Ouvi essa historia minha vida toda e nunca tinha refletido bem a relação dela com o que ta acontecendo no país, até uma colega de trabalho terceirizada e evangélica comentar: "a gente tá tipo no Egito, ou trabalha ou morre de fome". Ontem assistindo aquele show de horrores da votação de primeiro turno da reforma grotesca que ataca diretamente a vida de milhões de trabalhadores e o futuro da juventude me peguei lembrando dessa historia novamente. Os pastores que pregam nos altares das igrejas em que estive e do país afora sobre a possibilidade de uma vida apos a morte, onde poderíamos gozar de uma eternidade plena hoje defendem que nós trabalhadores e trabalhadoras do país trabalhemos ate morrer para sustentar uma dívida que não é nossa. Pq para eles pastores e grandes empresários só apos a morte a classe trabalhadora e a juventude terá uma vida boa, já que aqui seguiremos trabalhando para garantir os seus altos lucros.

No governo Bolsonaro, o mesmo que se aliou a bancada evangélica nas eleições sendo contra a corrupção brasileira, hoje barganha para garantir votos a favor da reforma. Ainda que ele negue que a redução de obrigações fiscais para as igrejas, seja uma barganha, a pratica mostra o obvio. As dívidas das igrejas com a Receita Federal chegam 453,3 milhões de reais atualmente. Destes, R$ 12,5 milhões são multas por descumprimento das “obrigações acessórias”, que seriam o montante perdoado pelo governo para garantir apoio à reforma. Outras medidas a serem adotadas são p fim da obrigação de igrejas menores de se inscreverem no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), já editada pela Receita; e a elevação (de 1,2 milhão para 4,8 milhões de reais) do piso de arrecadação para que uma igreja seja obrigada a informar suas movimentações financeiras diárias.

Os falantes dos bons costumes e da moral abusam da fé de milhares de fiéis e dos benefícios de um Estado que está vinculado com a igreja e mantém a estas toda uma rede de benefícios fiscais. Esse Estado que segue atacando a vida das mulheres, dos negros e dos LGBTs em nome de Deus e que elegeu um presidente dito "enviado por Deus" para atacar diretamente a população e que agora promete um ministro no STF "terrivelmente evangélico" para avançar com os ataques goela abaixo, numa maneira de permitir que um só pensamento religioso vire lei e que todos sejam obrigados a obedecer.

Dos 104 votantes da bancada evangélica, apenas 4 foram contra a reforma. Isso mostra claramente quais são os interesses reais desse setor que ostentam em seus carros caros, suas mansões e suas viagens pelo mundo de puro luxo, justificando que tudo isso "veio de Deus". Pois bem, como todos sabem, do céu só cai chuva, avião, granizo e as vezes uns pássaros mortos. Na sociedade capitalista que vivemos tudo gira em torno do dinheiro, este que hoje eles recebem do trabalho suado de milhões de pessoas e que agora com essas reduções nas obrigações fiscais aumentarão em múltiplas vezes.

A juventude e os trabalhadores não precisam morrer para ter uma eternidade plena. Queremos viver aqui na terra o que é nosso por direito. Não vamos aceitar essa reforma, muito menos morrer trabalhando para seguir pagando a dívida pública que arrecada R$ 1 trilhão por ano do orçamento público. Que esses "faraós" paguem pela divida! Pela separação da igreja e do Estado! Tirem suas mãos sujas do nosso futuro!

Basta das hipocrisias e da negociação do nosso futuro!

 
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