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DEBATES
Entre a estratégia da pressão e da obstrução do PT e PCdoB, avança a cruel reforma da previdência
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED

A cada dia que a reforma da previdência não é votada, os trabalhadores ganham um respiro para poder resistir e se defender, portanto toda atuação parlamentar que busque impedir essa votação é legítima e pode contribuir na luta. Entretanto, o que é feito com o tempo que se ganha com as obstruções? Não é exagero dizer que não é feito nada.

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O projeto do golpe institucional, que teve início com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, sempre teve como objetivo central implementar um plano de ajustes vigoroso que fosse capaz de descarregar a crise econômica sobre as costas dos trabalhadores, da juventude e da população pobre, aprofundando ataques mais duros e profundos do que o PT fez em seu governo. Com eleições completamente manipuladas e a prisão arbitrária de Lula, Jair Bolsonaro como expressão da extrema-direita no país chegou ao poder. Mesmo com as divisões no condomínio bolsonarista, os militares, o judiciário, o Congresso Nacional, entre outros atores, há algo que unifica todos eles: avançar na subordinação ao imperialismo atendendo as demandas do capital financeiro. Por isso querem avançar na aprovação da reforma da previdência.

Frente a todos estes ataques, vimos que a política do PT e seus satélites sempre foi de fazer um tipo de oposição "responsável" apostando nas vias institucionais, na justiça e sempre temendo a possibilidade de que a força da juventude e dos trabalhadores saísse do seu controle - que conseguem manter sob rédeas curtas através das direções da CUT, assim como o PCdoB com a CTB e a UNE. Uma breve retrospectiva dos últimos três anos no país mostram que essa estratégia somente levou os trabalhadores à derrota. Ao mesmo tempo, o PSOL que é o principal partido que se coloca a esquerda do PT, e portanto poderia ser um contraponto a todo essa política, termina encobrindo pela esquerda a orientação traidora das centrais sindicais, como vimos em alguns episódios recentes. Esse encobrimento ocorre através do silêncio do PSOL, seus parlamentares e suas principais figuras que não fazem qualquer crítica as políticas do PT nos sindicatos e entidades estudantis, ao mesmo tempo em que no parlamento conformam com o PT um "bloco parlamentar de oposição".

A entrega dos nossos direitos sem plano de luta foi sendo construída "sob o nosso nariz" e somente não se contrapôs a isso quem quis fechar os olhos. No 1o de maio deste ano, o burocrata Paulinho da Força participou do ato de unidade de todas as centrais sindicais e lá teve a oportunidade de falar tranquilamente que não era possível derrotar a reforma nas ruas e por isso era necessário batalhar por uma reforma desidratada. Uma fala destas, que é uma ofensa ao dia internacional dos trabalhadores, foi encarada como apenas uma fala a mais que compunha a unidade. Depois disso, a juventude se levantou fortemente nos dias 15 e 30 de maio com a bandeira da luta contra os cortes na educação e a direção da UNE buscou de todas as maneiras para controlar este processo e evitar que ele confluísse de forma explosiva com a luta dos trabalhadores contra a reforma da previdência, que também atingirá muito fortemente a juventude.

Agora, quando a reforma avança a passos largos na Câmara dos Deputados, não existe absolutamente nenhum plano de luta concreto ou, pior ainda, sem nenhuma manifestação. Enquanto o silêncio reina frente a este fato escandaloso, a política da CUT e da CTB para essa semana é pressionar os deputados para que "virem o voto" contra a reforma da previdência através de um site chamado "Na pressão". O nome do site transmite o fundamental da estratégia: uma estratégia de pressão vazia da força da classe trabalhadora. Ao mesmo tempo, os parlamentares do PT buscam posar de combativos nas sessões da Câmara batalhando para obstruir as votações e assim "ganhar tempo". A cada dia que a reforma da previdência não é votada os trabalhadores ganham um respiro para poder resistir e se defender, portanto toda atuação parlamentar que busque impedir essa votação é legítima e pode contribuir na luta. Entretanto, o que é feito com o tempo que se ganha com as obstruções? Não é exagero dizer que não é feito nada.

A atuação parlamentar sem uma força extra-parlamentar que possa ser parte de uma estratégia de combate pra enfrentar os ataques dos governos e dos capitalistas é uma estratégia que nos leva a derrota. Mesmo os vazamentos do site Intercept contra a Lava Jato que confirmam as denúncias contra esta operação que foi pilar do golpe institucional não podem substituir a força dos trabalhadores e da juventude, e não podem se separar da batalha contra a reforma da previdência.

É por isso que frente ao governo Bolsonaro viemos batalhando em todos os locais de trabalho e estudo pra que as entidades estudantis e sindicatos exigissem das centrais sindicais um plano de lutas que pudesse desenvolver a auto-organização da juventude e dos trabalhadores, pra que inclusive pudessem superar as direções burocráticas. Neste caminho, fizemos uma série de chamados ao PSOL, porque consideramos que o PSOL poderia fazer um contraponto a esta política do PT e construir um pólo anti-burocrático que tivesse um alcance na juventude e entre os trabalhadores.

Diante da estratégia de pressão e da obstrução os parlamentares do PSOL se adaptam a essa política que quer transmitir a ideia de que a força de dezenas de parlamentares de uma oposição responsável seria maior do que a força da classe trabalhadora e da juventude organizada em todo o país. Não há nenhuma contraposição entre a batalha parlamentar e a extra-parlamentar desde que haja uma estratégia clara pra isso. O que está colocado agora é uma oposição do PT, que enquanto obstrui as votações no parlamento impede um plano de luta através da CUT, traindo os trabalhadores, e coloca seus governadores para diretamente apoiar e negociar a reforma da previdência. Ou então uma oposição do PCdoB, que simplesmente apoiou a candidatura de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara dos Deputados, justamente o grande articulador da reforma da previdência liderando o chamado "centrão". Este mesmo PCdoB dirige através da União Nacional dos Estudantes (UJS) que nesta semana tem seu Congresso que já começa de olhos fechados para essa aprovação da reforma da previdência sem alterar em nada sua programação.

Nos próximos dias veremos o resultado da votação e será necessário debater como seguir a luta contra todos estes ataques. Mas para a juventude e os trabalhadores que se colocam objetivos estratégicos na luta contra a sociedade capitalista, é necessário tirar lições profundas de cada uma das batalhas. Debater a política das direções e da esquerda é a única maneira de avançar para uma alternativa que realmente organize os trabalhadores e a juventude desde a base, em suas estruturas e de forma auto-organizada para tomar a luta em suas mãos e derrotar os planos de Bolsonaro e de todo o projeto do golpe institucional e da Lava Jato. É por esta perspectiva que batalhamos através do Esquerda Diário, do MRT e da Juventude Faísca.

 
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