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ONDA DE FRIO EM SP
Mortes por frio em São Paulo mostram miséria que governos e empresários querem aumentar
Rafael Barros

Chegou a 5 o número de mortos no estado de São Paulo, devido a onda de frio nesta semana. As condições às quais estão sujeitos moradores e moradoras de rua são uma expressão bastante profunda da miséria que Bolsonaro, Doria e os governantes querem impor para a população.

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Já chega a 5 pessoas o registro oficial de moradores de rua que faleceram após o inicio da onda de frio no estado de São Paulo. Na noite de ontem (domingo, 7) foram registrados dois novos óbitos, um em Santo André, no ABC paulista, e outro em Assis, no interior do Estado de São Paulo.

Há anos a questão da morte de moradores durante as ondas de frio no inverno em São Paulo gera grande comoção. Afinal, falamos de algo tão básico, como é a proteção ao frio, que causa dezenas de mortes todos os anos. A situação dos moradores de rua, exibe diariamente em São Paulo, mas de forma mais desvelada em períodos como esse, o descaso dos governos com essas pessoas, e também a miséria reservada pelo capitalismo para a vida de milhões de pessoas em situação de rua. Miséria essa que governos como o de Bolsonaro e João Dória querem aumentar ainda mais com seus ataques, e que em São Paulo, Doria tem como espelho e inspiração mais de 20 anos de gestão do PSDB.

Em anos anteriores, como em 2016, e também em 2017, nas gestões de Haddad e de João Doria, chegaram a viralizar na internet vídeos de cenas absurdas, da GCM da capital paulista arrancando cobertores de moradores de rua, durante ondas de frio similares as quais passamos nesta semana. Afinal, cenas de Guardas Municipais arrancando moradores de rua dos lugares onde se instalaram para dormir, apreendendo suas roupas, barracas, cobertores, acontecem durante o ano inteiro. E quando chegamos em épocas de frio, as prefeituras se colocam a postos para fazer campanhas demagógicas contra o frio, tentando parecer como paladinos da proteção aos mesmos moradores de rua que eles mesmos atacam durante todo ano.

Morrer de frio: o cúmulo da falta de direito à vida?

Aqui no Esquerda Diário, denunciamos cotidianamente os casos de violência policial nas periferias contra a juventude negra e trabalhadora, assim como os ataques reacionários contra ocupações de moradia, e toda a miséria que os governos reservam para a maior parte da população. Mostramos diariamente o como o projeto de país do golpismo institucional tem como objetivo destruir nossas condições de vida em nome dos lucros dos capitalistas. E falamos diariamente do como a Reforma da Previdência, seja a de Bolsonaro, seja a de Rodrigo Maia, ou qualquer outra variante, tem como objetivo acabar com qualquer resquício de futuro da classe trabalhadora e da juventude.

Pois bem, os casos recorrentes de mortes pelo frio em São Paulo, desvelam a situação de vida daqueles aos quais o capitalismo não reservou futuro algum, nem mesmo do direito a se proteger do frio. Não existe lado para que olhemos onde o capitalismo não reserve miséria, a não ser dentro das aquecidas casas da burguesia e da elite econômica que conduz a economia do país. Afinal, vemos um cenário de aumento constante do desemprego no país, atingindo quase 14 milhões de pessoas, de precarização cada vez maior das condições de trabalho da juventude, e também junto a isso, o aumento das condições de extrema miséria, que levam a situações tão absurdas quanto pessoas morrerem de frio.

Vivemos em um sistema em que a garantia dos lucros dos patrões está acima de tudo. E se for necessário, para que ela seja garantida, que existam pessoas nas condições mais precárias de desamparadas de vida, assim será. Num sistema onde não pode haver emprego para todos, exatamente em nome de seus lucros. Num sistema que não só permite, mas não tem como acabar dentro de si mesmo, com situações como essa, de mortes anuais por frio. O capitalismo precisa, para manter suas taxas de lucro, além da super-exploração e dos trabalhos precários, dessa massa de pessoas vivendo sem condição alguma de dignidade, sem empregos, e até sem moradia. Precisa tanto por que não é capaz de fornecer emprego a todos, quanto por que precisa de um enorme exército de reserva, para garantir a competição cada vez mais feroz entre a classe trabalhadora por empregos, pelo direito de vender sua força de trabalho e ter o mínimo de dignidade que esse sistema oferece. Vemos isso diariamente com o avanço cada vez maior de empregos precários e sub-empregos, como os de Rappi, Ifood e outros do tipo, usados como uma chantagem profunda de Bolsonaro e de todos os governos contra a juventude, deixando claro que ou teremos a miséria total e a fome, ou teremos empregos precários, trabalhando 12, 14 e as vezes 16 horas montados numa bicicleta por salários de fome e sem nenhum direito e nem perspectiva de futuro.

Se olharmos por outra ótica, podemos pensar também que em São Paulo hoje existem centenas de prédios (a grande maioria localizada no centro da cidade) ociosos, desocupados, e que poderiam servir como moradia para todos aqueles que vivem em condição de rua. Na contramão disso, é claro, o discurso dos governantes é de ataque aos movimentos sociais de moradia, e defesa incondicional da “propriedade privada”, privada exatamente por que enquanto alguns parasitas lucram milhões com a especulação imobiliária, milhões de pessoas vivem nas ruas, desamparadas, sendo impedidas de ter um lugar para morar.

Poderiamos ainda ir mais fundo na questão: hoje existe possibilidade de que ninguém mais passe frio. O desenvolvimento tecnológico atual permite pensarmos maneiras de evitar que algo tão básico ainda seja tão recorrente. Afinal, temos capacidades produtivas para que existam agasalhos e cobertores, pensando nas soluções mais simples possíveis, para todos. Mas a chave da questão é que os avanços tecnológicos, e os avanços na produção e nas suas capacidades não estão em momento algum, à serviço da população, e de sanar problemas como esse. Estão total e inteiramente voltados para o lucro. E resolver a miséria daqueles que vivem sem as condições mais básicas de existência não reverte lucro algum para a burguesia.

Não podemos aceitar uma sociedade em que enquanto 8 pessoas detém a maior parte da riqueza do mundo, bilhões de pessoas vivem na miséria e na fome, ou em trabalhos ultra precários até morrer. Nós, do Esquerda Diário e do MRT, batalhamos diariamente pela construção de uma nova sociedade, sem miséria, sem nenhum tipo de opressão, e principalmente, sem exploração, esse elemento fundamental para a garantia de uma sociedade feita para poucos e aproveitada por poucos.

 
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