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ABSURDO
Escândalo: Exército brasileiro homenageia nazista
Redação

Exército homenageou um nazista condecorado por Hitler. Seu objetivo era difamar quem lutou contra a ditadura mas o debate se deslocou depois desse "deslize" que revela muito das tradições reacionárias da tropa que homenageia Geisel, Ustra e Caxias.

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O exército brasileiro escandalizou o país e as redes sociais no dia de ontem. Resolveu honrar um nazista em seu twitter. Tentava com isso reabrir debate sobre supostos crimes da esquerda na ditadura, tentando com isso encobrir seu sistemático uso de assassinatos, sequestro e tortura. Essa infâmia de ontem é na verdade uma tradição do Exército que tantas parcerias fez com os nazistas, com os centros de tortura americanos e tem como patrono um genocida que atende por nome de Duque de Caxias.

O Exército brasileiro tomou as redes sociais em blitzkrieg na noite de ontem. Em seu twitter oficial resolveu honrar um militar nazista supostamente “justiçado” pela guerrilha brasileira em 68. Segundo consta guerrilheiros teriam confundido ele com Gary Prado do exército boliviano, responsável pelo assassinato de Che Guevara.

O objetivo aparente do Exército na postagem era de dar continuidade a campanha que faz para tentar difamar aqueles que lutaram contra a ditadura. Querem com isso garantir a continuidade da impunidade de assassinos como Ustra honrado por Bolsonaro e garantir a impunidade de tantos empresários que lucraram com a ditadura. Esse era o objetivo aparente, mas ao homenagear um nazista o debate se deslocou da intenção inicial do generalato.

O espanto tomou conta das redes sociais depois do tweet em homenagem. Houve choque com a mentirosa imagem “democrática” e “nacionalista” que o Exército tenta vender. A homenagem de ontem contrasta com a campanha oficialista e histórica de homenagem aos “pracinhas” que lutaram na Itália, mas não choca com o histórico da instituição em toda sua existência, muito menos se lembrarmos de seu papel assassino na ditadura.
O que vimos ontem foi a continuidade, agora sob comando de Bolsonaro e do General Pujol de velha tradição dos herdeiros de Caxias e Geisel.
Desta vez a instituição não pode nem falar que foi um estagiário ou o filho de Bolsonaro que cometeu o arroubo. Foi a própria instituição e em veículo oficial.
Veja o escandaloso tweet:

A própria imagem postada pelo EB mostra que o major serviu na segunda Guerra. Terminada a guerra o nazista, como muitos, fugiu a Argentina, e só muito tempo depois foi reincorpado a nova força que substituiu a Wehrmacht. O direitista não era um soldado, mas um major, e não qualquer major, Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen foi homenageado por Hitler enquanto serviu a sua tropa.
A Folha de São Paulo puxou seu arquivo de 1968 e afirmou: “Ao noticiar o assassinato de Otto, na edição de 2 de julho de 1968, a Folha afirmou: "A vítima fora condecorada por Hitler quando da ocupação da França e recebera graves ferimentos quando do ataque do Exército soviético a Berlim".

Ou seja, foi uma liderança nas decisivas batalhas de Paris e na defesa de Berlim. Foi nazista até o último minuto em que ainda poderia ser, tempo cumprindo papel . Não à toa Hitler o condecorou.

E agora o Exército Brasileiro o rememora, para revisitar em chave mais reacionária à ditadura e, porque não, “lembrar a nação amiga” a Alemanha (Nazista). É um fato conhecido na história nacional que boa parte do Estado Maior do Exército Brasileiro desejava que o Brasil entrasse na Segunda Guerra Mundial do lado alemão e não dos aliados.

A Segunda Guerra Mundial incluiu diversos e diferentes conflitos dentro de si. De um lado era a defesa de povos oprimidos por imperialismos, como foi a Guerra da China invadida pelo Japão, era a defesa do estado operário soviético – mesmo que burocraticamente deformado – da invasão nazista e uma disputa entre os imperialismo pelo domínio do globo.

Ciente desse critério imperialista fundamental o governo Vargas barganhou até o último momento para ver de que lado entrar, deixando de lado supostas ideologias já que, como se sabe, as barbaridades na guerra não couberam somente ao lado nazista, como bem lembram Nagasaki e Hiroshima.

A existência de campos de concentração não foi uma bárbarie nova criada por Hitler, mas um assassino aperfeiçoamento de técnicas desenvolvidas pelos belgas no Congo, pelos ingleses no Quênia, pelos franceses na Indochina, pelos holandeses em Sumatra e pelos americanos nas Filipinas. Inclusive alguns dos “modernos métodos de investigação”, a tortura, foram desenvolvidos pelos americanos nos corpos filipinos, como a tortura usando afogamento e choques. Técnicas essas tão empregadas pelos antecessores dos atuais herdeiros de Caxias e aprendidas nas “Escola das Américas” que os EUA mantinha no Panamá e treinava quadros da “contra insurgência” para as ditaduras do Cone Sul.

Essa honraria do Exército Brasileiro à reação é uma tradição que corre junto dos ensinamentos e das classes sociais de onde são cooptados seu oficialato, o agronegócio.

O reacionarismo corre fundo na instituição. Alcança até mesmo quem o Exército homenageia como patrono, Duque de Caxias, um nobre acusado de genocídio na guerra do Paraguai. A historiografia regional dá conta de seus crimes, mas esse tema é garantido como tabu no país. Parte dos arquivos históricos da Guerra do Paraguai seguem censurados pelo Exército. Outra grande batalha da qual o Exército se orgulha até hoje foi assassinato de camponeses em Canudos. A cúpula do Exército é formada por guerreiros, guerreiros da impunidade de ontem, de anteontem, em nome de seu reacionarismo de hoje.

Se é fato que o Exército Brasileiro não tem total alinhamento com Bolsonaro, ao menos no que toca sua cúpula é público e notório como trabalha diuturnamente para garantir a continuidade do golpismo, chantageando e ameaçando nas eleições de 2018, fazendo propaganda que os brasileiros precisam perder seu direito à aposentadoria com a Reforma da Previdência e também são campeões da continuidade da entrega dos recursos nacionais ao imperialismo. A cúpula do Exército é coparticipe no governo que entregará a Base de Alcantara, a Petrobras e já entregou a Embraer. O reacionarismo do generalato na entrega da pátria combina-se com o reacionarismo de homenagear um nazista e é um sinal a quem ainda não aprendeu de que lado estão. Estão do lado de onde nasceram, do latifúndio, do grande capital vista ele verde-amarelo, azul e vermelho de Trump ou leve ele a cruz de ferro e o uniforme bege que homenagearam ontem.

 
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