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50 ANOS DE STONEWALL
Confiar em nossas próprias forças pra derrotar Bolsonaro, a reforma da previdência e os ataques aos LGBT
Faísca Revolucionária
@faiscarevolucionaria
Pão e Rosas
@Pao_e_Rosas

Neste próximo domingo (23) ocorrerá a 23º Parada LGBT sob o tema "50 anos de Stonewall" onde espera-se mais de 3 milhões de pessoas para celebrar a origem do movimento LGBT e contrapor nas ruas - com purpurina, música e festa - o ódio sem fim a diversidade. Sendo esta a primeira Parada sob o governo de extrema direita, como foi nossa primeira Revolta: confiemos em nossas próprias forças para derrotar Bolsonaro, a reforma da Previdência e os ataques aos LGBT.

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StoneWall foi uma revolta que durou três dias de combate contra as forças repressivas do Estado e suas leis discriminatórias que obrigavam o uso de pelo menos 3 peças de roupas de acordo com o gênero imposto pela genitália ao nascer e a proibição de venda de bebidas alcoólicas para a comunidade LGBT. Um levante liderado por travestis, pessoas LGBT’s que constantemente viviam assediadas e reprimidas que ergueram suas cabeças e punhos e enfrentaram uma realidade até então inquestionável.

Celebramos os 50 anos desta revolta após dois meses nos quais a juventude brasileira colocou milhões nas ruas contra os cortes na educação, demonstrando a disposição de luta inquestionavelmente purpurinada. Há sete dias, trabalhadores de diversas categorias demonstraram o repúdio à Reforma da Previdência e sua disposição de luta apesar do papel de freio das centrais sindicais.

Aqueles que atacam os LGBT, fazem demagogia com as nossas demandas como fazem a polícia nova-iorquina, a NYPD, Donald Trump que fingem comemorar o dia do orgulho, ao mesmo tempo em que espalham o ódio e sustentam a nossa opressão. Outro exemplo, é o Estado Alemão que, somente no ano passado, pediu desculpas pelos assassinatos de LGBT nos campos de concentração nazistas. No Brasil o reacionário Congresso Nacional que foi palco da Operação Tarântula, que caçava as travestis durante a Ditadura militar, será iluminado com as cores do arco-íris, enquanto Bolsonaro, o Centrão e o Judiciário preparam a reforma da previdência contra o conjunto dos trabalhadores.

Se por um lado os 50 anos que nos separam das barricadas de StoneWall revelam avanços importantes, ainda que muito relativos, entorno do combate à discriminação e marginalidade da comunidade LGBT (baseado essencialmente na igualdade formal e no "mercado rosa"), por outro lado parecemos reviver o ódio sem fim contra as sexualidades não heterossexuais e as identidades não cisgêneras nas figuras reacionárias de Donald Trump e Bolsonaro, e uma triste realidade de trans-feminicídios, mutilações, e desejos negados.

Muitos podem olhar a esta "mudança de comportamento" com um claro sinal de progresso e de avanço linear rumo a uma sociedade emancipatória. Mas o que está por trás disso, é uma tentativa de impor um limite ao nosso orgulho e nossas liberdades de ser e amar, para garantir a super exploração dos setores mais oprimidos da classe trabalhadora, com a retira de direitos com as suas reformas. Sabem que somente utilizando da opressão de grupos diferentes é que podem manter separadas as fileiras da classe trabalhadora, impedir qualquer aspecto subversivo que possa lutar contra a opressão e a exploração do trabalho e de construirmos as condições não apenas ideais, mas necessárias, para este livre exercício de nossas identidades e sexualidades.

Se queremos retomar a moral de StoneWall, de travestis negras e latinas que ecoaram seu grito orgulhoso para todo o mundo a fora, em um ato inédito de insubordinação a leis discriminatórias e a polícia homofóbica nova-iorquina, temos que confiar em nossas próprias forças para enfrentar as reformas neoliberais de Bolsonaro e os ataques as demandas democráticas. Em StoneWall, não os vimos fazendo looby com os Congressistas ou votando pelo mal menor. Não os vimos chamando pela polícia ou escrevendo cartas. Não, tomamos as ruas.

O Brasil do transfemincidio: precisamos lutar contra Bolsonaro, a Reforma da Previdência e os ataques aos LGBT

Um dos gritos de Marsha P. Jhonson, simbolo de StoneWall, ecoou até o Reino Unido, e Mark Ashton ouviu seu conselho: "Nenhum orgulho para nós, sem a libertação de todas nós". A partir desta ideia, Mark organizou um coletivo de Gays e Lésbicas em Apoio aos Mineiros. Foi assim que em Londres, quase duas décadas depois de StoneWall, Mark Ashton entrou para a história como um exemplo incansável de lutador LGBT e comunista que teve a perspicácia de compreender que assim como os protestos gays sofriam dura repressão da policia, outro setor social também lidava com a repressão estatal: os mineiros. E para além disso, os LGBT assim como os trabalhadores em luta tinham um inimigo muito claro em comum: Margaret Thatcher e seu plano neoliberal. E somente com a aliança revolucionária poderiam vencê-la.

O Brasil, líder de assassinato de pessoas LGBT e recorde de trans-feminicídio, foi coroado com um inimigo declarado da diversidade sexual e do Estado Laico para a Presidência da República. Mas ele não é apenas nosso inimigo, é também inimigo dos trabalhadores, pois aliado com os grandes empresários, banqueiros, políticos da ordem, o judiciário e a grande mídia atuam para descarregar a crise econômica em nossas costas, para nós LGBT ataques do governo e a Reforma da Previdência que quer nos fazer trabalhar até morrer, implica em uma repressão ainda maior da nossas sexualidades e identidades orgulhosas, uma vez que para realizar uma transformação profunda nas condições de direitos e de trabalho, é preciso que paguemos os custos da crise com nossas vidas.

Foi escolhendo a dedo a comunidade LGBT que Bolsonaro, que destacou a ministra Damares para iniciar seu governo favorecendo as bancadas evangélicas com o combate a suposta "ideologia de gênero". Depois quis determinar quais cores de roupa se pode usar até chegar ao absurdo de ficar conspirando quais desenhos da Disney eram uma "incitação a homossexualidade". E depois tomou medidas escandalosas como acabar com o departamento de combate ao vírus do HIV, que dizimou grande parte da comunidade LGBT nos anos 80, quando demorou-se 10 anos para ter o primeiro plano de combate internacional a AIDS. Enquanto o clã Bolsonarista priorizava atacar a diversidade sexual e defender costumes retrógrados condizentes com seus representantes, foi-se perdendo cada vez mais os poucos aspectos de laicidade do Estado. O que nos faz mais uma vez erguer a bandeira bem alto: Estado e Igreja, assuntos separados!

Enquanto isso, o STF, um dos principais articuladores do golpe, que veio justamente para garantir ataques como a terceirização irrestrita e a Reforma Trabalhista, agora firma um pacto com Bolsonaro e o Centrão para fazer o conjunto da população trabalhar até morrer, com a Reforma da Previdência. Esse mesmo STF busca se mostrar como progressista concedendo os direitos elementares à comunidade LGBT: o direito ao nome e ao gênero auto-declarado para a população trans e recentemente a criminalização da LGBTfobia. Não nos deixamos enganar!

As repercussões de tratar a LGBTfobia igual aos crimes de racismo no Brasil demonstraram todo o caráter reacionário deste governo e incomodou sua bancada da bíblia conservadora: ‘Nós cristãos estaremos em perigo’, disse o pastor Marco Feliciano sobre a restrição as igrejas de proliferarem seu ódio contra as vidas LGBT. O próprio presidente disse que além de uma decisão equivocada, o reconhecimento do Estado da existência da desigualdade entre homossexuais e heterossexuais e entre pessoas cisgêneras e pessoas transgêneras levaria a não contratação no mercado de trabalho. E agora com as revelações da "VazaJato", não faltaram outros comentários que comprovam a homofobia viva em nossa sociedade, como a declaração do ex-assessor do MEC que disse que ’Única coisa positiva na matéria do Intercept é o HIV’ , referindo-se ao jornalista publicamente homossexual, Glenn Greenwald.

Defender nossos direitos, questionando tudo!

Por isto que nesta 23º Parada LGBT sob o tema "50 anos de Stonewall" onde espera-se mais de 3 milhões de pessoas temos que recuperar a moral das barricadas de StoneWall contra a repressão policial para defender todos os direitos, questionando todos aqueles que se dizem nossos aliados, mas aprovam ataques profundos à classe trabalhadora, que atingirá ainda mais nós LGBT trabalhadoras.

Não podemos ter nenhuma esperança que o STF que usurpou o sufrágio universal e atua sem nenhuma vergonha em defesa de que sejam os trabalhadores a pagarem pela crise tenha agora se tornado um aliado da causa LGBT. Da mesma forma que qualquer LGBT pode se questionar como a Rede Globo, também agente fundamental do golpe pode ter tanta preocupação na inclusão de personagens e figuras da comunidade LGBT em sua programação.

Se queremos enfrentar Bolsonaro, precisamos confiar unicamente em nossas próprias forças em aliança estratégica com a classe trabalhadora, os negros e as mulheres. Só assim podemos derrotar a Reforma da Previdência e os ataques reacionários contra os nossos direitos!

Todavia, para conseguirmos construir uma verdadeira unidade com a classe trabalhadora capaz de derrotar a Reforma que foi um dos motivos do golpe em 2016, precisamos superar o obstáculos que "Gays e Lésbicas em apoio aos mineiros" se depararam também: a burocracia sindical.

Naquele momento como agora, as organizações criadas para defender os trabalhadores cumpriam um papel criminoso de negociar sob suas costas para garantir interesses próprios. Aqui concretamente, além das escandalosas traições da UGT e Força Sindical, as Centrais Sindicais como a CUT e CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB atuam contra qualquer iniciativa de estimular a organização para que a classe trabalhadora se coloque como sujeito no cenário nacional. A política do PT é escandalosa nos dois assuntos: tratou toda a caça as bruxas contra os LGBT como "cortina de fumaça" e tem seus governadores no Nordeste apoiando abertamente a reforma.

Não separamos a luta pela vida dos LGBT’s da luta contra os ataques de Bolsonaro. Por isso mesmo, não achamos que as declarações reacionárias de Bolsonaro e sua corja sejam uma “cortina de fumaça” ou algo menor a se preocupar, como coloca o PT. Justamente porque Bolsonaro precisa destilar seu ódio aos LGBT’s para tentar manter uma base mais conservadora, que poderia questionar seus ataques aos trabalhadores. O discurso contra os LGBT’s, negros e mulheres é fundamental para que eles consigam manter a unidade no conservadorismo e assim ter mais força para os ataques ditos “econômicos”.

Por isso enquanto denunciamos o desvio incentivado do Pink Money com a Parada LGBT que hoje representa para a Prefeitura um lucrativo investimento de mais de R$ 288 milhões e as declarações do inimigo dos professores do Estado de São Paulo, Bruno Covas que devemos "celebrar nossa diversidade”, defendemos que para derrotar a extrema direita, a Reforma e os ataques as LGBT há um único caminho: a organização independente do PT e de qualquer partido da ordem com um programa anticapitalista para se aliar aos trabalhadores para derrotá-los pela luta de classes.

E com esta perspectiva que celebramos os 50 anos de StoneWall e batalhamos pelo seu legado em disputa. Por isso fazemos um chamado especial ao PSOL, que hoje aparece para milhares de LGBT como uma alternativa à esquerda do PT - que rifou nossos direitos com a Igreja em nome da "governabilidade" - e que tem importantes parlamentares na referência na luta LGBT, e recentemente lançaram uma Frente Parlamentar pelos direitos LGBTIA+, para que utilizem seu peso parlamentar para estimular a luta de classes, de maneira independente, o que passa hoje necessariamente por exigir e denunciar o papel das centrais sindicais que buscam a todo custo nos dividir.

E como continuidade dos avanços mais contundentes na história do movimento pela liberação sexual, seguimos lutando como os setores como a Frente Homossexual de Ação Revolucionária na França, pela construção de um partido da revolução mundial capaz de organizar politicamente a vanguarda da classe trabalhadora com um programa revolucionário para dirigir milhões de operários no destinos de suas vidas e da humanidade. Conheça a Juventude Faísca e o grupo de mulheres Pão e Rosas para lutar conosco sob estas bandeiras!

Separação da Igreja do Estado!
Abaixo a Reforma da Previdência!
Basta de transfeminicidios e violência aos LGBT’s!
Não vamos deixar nos matar. Remédios conforme à necessidade para o tratamento do HIV. Queremos a cura já!
Pela liberdade sexual e livre construção de nossas identidades!
Abaixo ao capitalismo!

 
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