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GREVE GERAL NAS MONTADORAS
Ford, GM, Mercedes, Volks: unificar as lutas para barrar as demissões e ajustes
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

Precisamos de um plano coordenado de lutas, construindo uma greve geral em todas as montadoras e através da cadeia produtiva. O Encontro Nacional de Trabalhadores convocado pela CSP-Conlutas e pelas entidades do Espaço Unidade de Ação no próximo dia 19 será um espaço privilegiado para debater este plano.

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Desde o início do ano, as montadoras do ABC voltaram a ser palco de enormes mobilizações operárias. O total de grevistas, se somarmos os diversos conflitos isolados chega a dezenas ou mesmo centenas de milhares. Uma força social enorme, ainda mais levando em conta o setor estratégico da produção onde se encontram.

Essas mobilizações, que envolveram greves longas, piquetes, acampamentos e manifestações massivas cortando rodovias, mostram onde está o potencial capaz de inverter a correlação de forças entre a classe trabalhadora e a patronal em nível nacional.

A mais recente delas, na Ford em São Bernardo, chega a uma semana enfrentando não somente a dureza da patronal, mas também a docilidade da direção cutista do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. De um lado, temos a empresa, que se apoia na queda nas vendas e no rebaixamento da nota de crédito do Brasil por uma “agência de risco” para impor um brutal plano de demissões. Do outro, a direção do sindicato, que se utiliza dos mesmos argumentos para dizer que os trabalhadores devem “fazer sua parte” e aceitar o ajuste do governo Dilma, e ao mesmo tempo “pressionar” para que Dilma não olhe apenas para os interesses dos empresários. Como se não bastasse, os sindicalistas da CUT tentam usar os trabalhadores como massa de manobra para defender esse governo, enquanto seus interesses mais imediatos são sacrificados.
O discurso da burocracia sindical é de que o cenário de conjuntura é negativo, e por isso não existiriam condições para barrar frontalmente os ataques, restando apenas negociar pelo “mal menor” da perda de direitos, ou de acordos que apenas empurram o problema para frente, sem afastar o fantasma das demissões em massa. Foi assim que impuseram o PPE, que impõe a redução salarial, na Mercedes Benz e em outras fábricas, fazendo coro com o discurso patronal que chantageia com as demissões para impor outros ataques.

Mas a pergunta que fica é: de onde vem essa sensação de impotência diante dos ataques patronais?

Lutas isoladas, patronal fortalecida

Retomando o que dissemos no início, e que deve ser uma definição marcada a fogo na mente de todos os trabalhadores avançados do país: ainda que a fragmentação das lutas retire seu impacto “natural”, estamos desde o começo do ano diante de um ciclo de lutas ininterrupto no maior bastião da classe operária brasileira.

A verdade é que os acordos desfavoráveis, ou que apenas jogam o problema das demissões e cortes para frente sem uma resposta de fundo, são a consequência de uma estratégia falida, que as direções governistas e pelegas nos sindicatos (em especial do SindiMetal ABC, do PT/CUT) vêm levando adiante. Uma estratégia de dividir a luta fábrica por fábrica, como num plano escalonado com o objetivo claríssimo de não unificar, e assim em cada uma isolada usar de chantagens e recuos para ajudar a patronal a passar os ataques.

É urgente inverter essa situação, e que os metalúrgicos das grandes montadoras possam se levantar como uma só classe diante das suas empresas. Essa a verdadeira muralha que pode e deve ser erguida contra a ânsia dos capitalistas de descarregar sua crise sobre nossas costas, enquanto preservam lucros bilionários. Uma resistência unificada, percorrendo todas as grandes montadoras, e daí para as centenas de fábricas menores que compõem a cadeia produtiva, poderia ser, e seria necessariamente, a ponta de lança para uma retomada do ciclo ascendente de lutas operárias em todo o país. Eis o que poderia inverter decisivamente a correlação de forças, colocando de joelhos a grande patronal e abrindo caminho para um questionamento de massas do governo pela esquerda (e não apenas pela direita, como faz hoje a oposição burguesa de PSDB, PMDB e companhia).

Unificar as fileiras operárias para vencer

Nos sindicatos onde a esquerda antigovernista tem peso, ligar as lutas de resistência a essa perspectiva é fundamental. Por exemplo, na GM de São José dos Campos, onde o sindicato é da CSP-Conlutas, apesar de toda a combatividade dos operários a recente greve terminou com um acordo que apenas adiava em cinco meses a ameça de demissões. Ora, esses cinco meses podem e devem ser usados para preparar um verdadeiro plano de guerra para barrar o plano patronal, que é de seguir esvaziando uma fábrica que já teve mais de 10 mil operários e hoje conta com menos da metade disso. Precisamos exigir essa luta conjunta, independente da vontade das direções governistas, impondo a unidade pela base. Os milhares de trabalhadores e ativistas das diversas categorias, sindicatos e organizações de esquerda e movimentos populares reunidos na marcha de 18/9 têm que se constituir num polo classista independente, capaz de levar esse chamado de unidade e essa exigência de luta para a base dos grandes sindicatos da CUT, CTB, Força Sindical e demais centrais, bem como exigir de suas direções que rompam com o governo ou em alguns casos com a oposição burguesa e construam um plano de luta efetivo.

Precisamos de um plano coordenado de lutas, construindo uma greve geral em todas as montadoras e através da cadeia produtiva, exigindo o fim imediato das demissões, a reversão das demissões e lay-offs já impostos, a abertura dos livros de contabilidade de todas as empresas para mostrar para toda a população a falácia do discurso capitalista sobre a crise, e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. O Encontro Nacional de Trabalhadores convocado pela CSP-Conlutas e pelas entidades do Espaço Unidade de Ação no próximo dia 19 será um espaço privilegiado para debater este plano.

* Marcelo Pablito Santos é diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP e Maíra Machado é Conselheira Regional da Subsede da Apeoesp em Santo André.

 
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