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GREVE GERAL 14J
Greve geral 14J: Metroviários de SP mostram o caminho mesmo sob intimidação de Doria
MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores

Mesmo com as ameaças e ataques de Dória, a traição da UGT e o freio imposto pelas principais centrais sindicais nos setores de transportes, que impediram a adesão dos ônibus e trens na greve geral, a greve dos metroviários no 14J permitiu fortalecer as paralisações, a luta contra a reforma da previdência do conjunto da classe trabalhadora e foi decisiva para a relação de forças nacionalmente contra Bolsonaro. Metro-SP segue com política de demissões da privatização para intimidar os trabalhadores e atacar o direito de greve, apoiando-se em liminar de Alexandre de Moraes que facilita as demissões imotivadas. O sindicato dos metroviários precisa urgentemente convocar uma assembleia, fazer o balanço da greve e rearmar a mobilização com um plano de luta.

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O 14J foi um dia forte de luta dos trabalhadores, com paralisações, manifestações e protestos. Os atos abrangeram 181 cidades e todos os 26 Estados da União (além do DF); mais cedo, as paralisações de serviços, especialmente transporte, aconteceram em 111 cidades nos 26 Estados e DF. Houve paralisações importantes de rodoviários no DF e em Salvador, e de metroviários em SP e BH, além de 10 das 12 refinarias do país, pólo Petroquímico de Camaçari, fábricas do ABC Volks, Mercedes e diversas menores, Randon em Caxias, além de outras estruturas importantes.

Poderia ter sido uma jornada ainda mais forte se não fosse a traição orquestrada pela UGT e o freio imposto pelas principais centrais sindicais, principalmente em SP nos transportes, recuando da greve na noite anterior nos sindicatos em que estão à frente, como em condutores e na CPTM (contando também com ajuda da CUT em um sindicato), o que levou os metroviários de SP, que reafirmaram sua greve mesmo sob as ameaças e ataque ao direito de greve de Dória, a ficarem com a sensação de terem sido "abandonados" no dia. No entanto, a participação dos metroviários foi decisiva nacionalmente porque foi um dos principais frontes de resistência contra o Bolsonarismo e seus aliados (como Doria em SP e Eduardo Leite no RS), contagiando a luta dos demais trabalhadores nesse dia e mostrando para o Centrão e Bolsonaro que os trabalhadores e a população estão contra a reforma da previdência e tem o direito de fazer greve e lutar.

A traição da UGT foi alertada pelo Movimento Nossa Classe-Metroviários (veja o vídeo ao final deste artigo) que na assembleia de deflagração da greve defendeu que se votasse uma exigência para que as centrais sindicais Força Sindical, UGT e CTB parassem de negociar a reforma da previdência com Centrão e Bolsonaro, com aval da CUT por conta do apoio dos governadores do PT e PC do B no nordeste, para aprovação da reforma da previdência. Não à toa, a traição aconteceu logo após a apresentação do relator da PEC 06/19 Samuel Moreira (PSDB), na última quarta-feira, com uma reforma que agrada essa central e ataca o direito de aposentadoria dos trabalhadores. Enquanto, as demais centrais CUT, CTB, Forca Sindical consideraram uma "vitória fruto da pressão sindical".

Mesmo com a traição, os metroviários não arredaram o pé, e fizeram uma greve forte, com ampla adesão da categoria, reconhecida a contragosto pelo próprio secretário de transportes. A população apoiou a greve, não somente nas redes sociais, mas também os trabalhadores que não foram organizados pelos seus sindicatos traidores para aderir à paralisação e saíram nas ruas para utilizar o Metrô, e quando se deparavam com os nossos piquetes e estações fechadas aplaudiam a luta dos metroviários e votavam junto conosco contra a reforma da previdência (sequer a mídia conseguiu esconder o apoio recebido).

A população também repudiou as declarações do governador Doria contra o direito de greve e as ameaças de punições de advertências, suspensão e até demissões aos trabalhadores que aderiram à greve. Essa ameaça de Doria foi parte de uma política repressiva contra as manifestações em SP, nos atos do final da tarde e na prisão de 10 estudantes e trabalhadores da USP, que passaram a noite na delegacia. Outro aliado de Bolsonaro, Eduardo Leite no RS prendeu dezenas de manifestantes, inclusive 6 metroviários que foram absurdamente demitidos da Trensurb. Uma escalada repressiva que com certeza seria ainda mais profunda se não fosse a participação dos metroviários e todo o impacto político que teve. Entretanto, a greve, impactada pelo freio imposto da política das principais centrais sindicais, não foi suficiente para impactar a tramitação da reforma da previdência e parar a política de privatização em curso. Na última terça-feira, 18, à noite o Metrô-de SP começou realizar novas demissões de funcionários, sem nenhuma motivação, aparentemente adotando como critério serem ingressantes na empresa antes de 1988, apoiando-se em liminar de Alexandre de Moraes na última semana que facilita demissões imotivadas. Logicamente, as demissões também são uma tentativa de intimidação da direção da empresa com o objetivo de atacar o direito de greve dos metroviários.

A diretoria do sindicato precisa chamar uma assembleia de balanço da greve no 14J, fazer uma campanha contra as demissões e exigir das centrais um plano de lutas para derrotar a reforma e a privatização

A primeira questão a ser afirmada é que, sim, mesmo sabendo só depois da assembleia a traição das centrais de condutores e da CPTM, os metroviários tinham que ir para greve. Essa categoria estratégica ir para greve fortaleceu a luta de outros trabalhadores como metalúrgicos, professores, bancários, trabalhadores da USP e de outras categorias do serviço público que também paralisaram nesse dia, não somente em SP, mas em todo o país.

Por outro lado, não somente os metroviários, mas os trabalhadores da base dos condutores e da CPTM, poderiam estar preparados com a traição das centrais que resultou no desmonte da greve de ônibus e da ferrovia. Foi justamente por isso que insistimos tanto que deveria ser denunciado o papel que estava cumprindo a política das grandes centrais nas assembleias da categoria, exigindo que rompessem sua política de negociação com o governo, preparando a greve nas bases da categoria, com assembleias e discussão nas bases, e não simplesmente em plenárias super estruturais como forma de controlar as ações no 14J. Só os trabalhadores auto-organizados seriam capazes de superar os freios impostos por essa direção. A ala majoritária do sindicato da CTB e CUT, onde as direções são de partidos como o PCdoB e PT que estão apoiando a reforma da previdência pela via dos seus governadores, foram, logicamente, contra essa posição. Entretanto, mesmo os setores da oposição do PSOL e CSP-Conlutas como PSTU também foram contrários, pois diziam que "em nome da unidade, não era o momento de ter essa política". E o que se viu depois é que a unidade das cúpulas das centrais não permitiram, com a traição da UGT, a unidade por baixo dos trabalhadores.

Outro balanço que deve ser debatido é sobre o fim da greve na categoria, que despertou muitos debates. A adesão à greve nas escalas da noite do dia 13 e no dia 14 no turno manhã foi fortíssima. Entretanto, no turno da tarde os trabalhadores ficaram sem orientação por parte da diretoria do Sindicato, que ao organizar uma greve controlada sem preparação na base, levou ao enfraquecimento dos piquetes. Em meio a uma falta de consenso da diretoria em convocar uma nova assembleia, diretores do sindicato decidiram encerrar os piquetes e o sindicato soltou um comunicado geral que não passava uma posição firme aos trabalhadores.

A coisa foi só piorando quando o próprio Secretário de transportes anunciou em coletiva que havia recebido um áudio de um diretor do sindicato suspendendo a greve, ao mesmo tempo que circulava nos grupos de WhatsApp áudios de dois diretores do sindicato ligados à ala majoritária da CTB dizendo que a greve estava suspensa, que também não foi desmentido no comunicado geral do sindicato naquela tarde. Nesta terça-feira, dia 18, o sindicato apresentou uma nota dizendo que tudo não passou de um "problema de comunicação com a base", porém sem fazer qualquer balanço político, se houve ou não um acordo entre parte dos diretores das distintas alas do sindicato para encerrar a greve em troca da possibilidade de negociar as não punições sem nenhuma garantia com o secretário.

Não confiamos em centrais como a CUT e CTB, que estão negociando a reforma da previdência, por isso nenhuma negociação, pode ser feita sem aval da base que deve determinar o que, quando e como negociar. Repudiamos qualquer acordo que tenha sido feito para encerrar a greve, por fora dos organismos democráticos da categoria. Isso seria uma grande traição! O papel da diretoria do sindicato deveria ser firme em garantir que as decisões votadas democraticamente em assembleia, de manter as greves e os piquetes, fossem cumpridas e levadas a frente até o final.

Mesmo diante desse cenário, muitos trabalhadores seguiram a resolução da assembleia, em greve como havia sido votado (greve de 24h), com a maioria da categoria aderindo a greve até o final do dia. Deram continuidade à luta contra a reforma da previdência que desde a campanha salarial se mantém viva, onde utilizaram massivamente os coletes vermelhos, mais uma prova da disposição de luta desta categoria na luta contra essa reforma nefasta. Em base a um balanço profundo da nossa greve e do 14J de conjunto, temos que avançar coletivamente para a conclusão que não há qualquer outro caminho para derrotar o ataque de Bolsonaro e do Centrão da reforma da previdência, se não for o da mobilização e superando os freios e a política das principais centrais sindicais e direções que estão negociando nosso futuro no congresso, exigindo que a CUT, a CTB e as demais centrais convoquem imediatamente um plano de luta desde a base para derrotar a reforma da previdência. Nesse sentido que se faz urgente uma assembleia que sirva para debater esse balanço e armar toda a categoria com uma campanha contra as demissões decorrentes do processo de privatização e de intimidação de Dória ao direito de greve dos metroviários.

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