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INTERNACIONAL
Enorme greve de mulheres na Suíça pelo direito de todas
Alejandra Ríos
Londres | @ale_jericho
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Este artigo foi escrito em base aos informes da correspondente Catherine, assistente social de Genebra.

[No dia 14 de junho,] uma maré roxa percorreu as principais cidades suíças com slogans de solidariedade às mulheres de todo o mundo e por igualdade de gênero.

Genebra, Suíça: “Solidariedade às mulheres do mundo...”

Em um país que adere pouco às greves, dezenas de milhares de mulheres saíram às ruas em uma jornada histórica, reivindicando igualdade de tratamento e condições: segundo dados sindicais, as mulheres ganham 20% a menos que os homens. Além disso, situações de discriminação e a conciliação entre a vida familiar com o trabalho também são um problema.

Na capital, Berna, cerca de 40 mil mulheres tomaram as ruas para fazer suas reinvindicações serem ouvidas. Em Zurique, por volta de 70 mil manifestantes pararam o trânsito no centro da cidade, enquanto em Genebra 50 mil pessoas aderiram ao chamado.

Uma das manifestantes, Catherine, assistente social suíça, nos contou: “Em Genebra, durante a manhã, nos organizamos por bairros, empreses e locais de trabalho, principalmente do setor estatal. Lá iniciamos a jornada de luta com ações e piqueniques nos parques e praças. Depois de participar dessas atividades, nos reunimos às 16h, hora da convocatória, para começar a marchar”. “Era tão grande a marcha que, depois de duas horas de espera, saímos com meus colegas e um grupo de mulheres sem documentações”.

A rotina vespertina foi quebrada quando as mulheres que haviam ido ao trabalho abandonaram suas tarefas às 15h24, horário em que marca a diferença salarial de 20% em relação aos homens. Muitas mulheres foram vestidas de roxo e fúcsia, cor simbólica do evento, portando cartazes feitos a mão, com esmero e dedicação, deixando claro as suas reinvindicações.

No começo da tarde, mulheres de um sindicato com o slogan: “Solidariedade às mulheres do mundo inteiro” e “Feministas com raiva, orgulhosas e fortes”.

Um grupo de assistentes sociais marcha junto com empregadas domésticas sem documentação. Elas fizeram silhuetas com slogans que diziam “Não posso participar da greve porque minha empregadora me demitiria ou porque tenho medo da polícia”.

“O reconhecimento para vocês pode ser um detalhe, mas para nós quer dizer muito”. Trabalhadoras do setor infantil.

Por que hoje? [A matéria foi escrita dia 14 de junho, dia das manifestações]

No dia 14 de junho de 1991, meio milhão de mulheres na Suíça aderiram à primeira greve de mulheres. Hoje, trinta anos depois, se mobilizaram de novo.

Na primavera de 1991, muitas pessoas na Suíça foram pegas de surpresa. A iniciativa surgiu de um pequeno grupo de operárias de uma fábrica de relógios, nos cantões de Vaud, o terceiro maior da Suiça, cuja capital é Lausana, e em Jura. Foi uma das maiores manifestações políticas da história da Suíça. Cerca de 500 mil pessoas em todo o país entraram em greve através de uma série de ações políticas de diferentes tipos e calibres. Exigiam igual salário, igual trabalho, igualdade na lei de seguridade social e fim da discriminação e dos atos de assédio sexual.

Por que 1991? A escolha do ano não foi arbitrária: no dia 14 de junho da década anterior, os votantes suíços haviam aprovado um novo artigo na constituição sobre igualdade entre os sexos, mas esse principio constitucional não se traduziu em legislações concretas. Ainda existia um abismo salarial [entre homens e mulheres]. A greve de 1991 também buscava marcar o vigésimo aniversário do voto feminino a nível federal, um direito alcançado muito tardiamente na Suíça se comparado a outros países europeus e no resto do mundo.

Um dado interessante da jornada de protestos é a solidariedade de gênero das trabalhadoras de distintos setores e o reconhecimento da força de trabalho imigrante para o funcionamento da economia. “As imigrantes sustentam a economia enquanto sustentamos todas. O que acontece é que, sem o trabalho de cuidado que fazem, sobretudo as mulheres sem documentação, muitas de nós não poderíamos trabalhar porque o Estado não quer providenciar estruturas adequadas e meios econômicos para creches, casas para idosos deficientes, saúde pública etc. Assim, se as mulheres imigrantes não cuidam das crianças e dos idosos, muitas de nós não poderíamos trabalhar. Além disso, as trabalhadoras dos setores de saúde, cuidado, assistência social e educação básica compõem a maioria da força de trabalho se comparado aos homens. Portanto, os salários não são muito altos e o trabalho é mal reconhecido”. Essa solidariedade é indispensável em uma economia na qual a força feminina de trabalho equivale a salários precários.

Fotografias e vídeos: Catherine

 
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