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NEGROS TEM 50% MAIS TENDÊNCIA A SE MATAR
Negros se matam mais: a crise, o racismo e capitalismo aumentam o suicídio entre negros
Redação

Suicídios aumentaram 45% dentre os jovens que se autodeclaram negros, em meio ao aprofundamento dos ataques e ajustes de austeridade no Brasil. O capitalismo mais uma vez violenta a juventude negra e pobre, e dos principais fatores responsáveis é o racismo estrutural na sociedade brasileira, que se aprofunda frente aos ataques do governo, do autoritarismo judiciário e do governo mais militar desde a ditadura. As vidas negras não podem pagar pela crise.

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A estratégia da burguesia afirma, através do mito da democracia racial, que o racismo não existe, porém isso entra em contradição quando percebemos que os jovens negros de 10 a 29 anos, tem mais 45% de chances de suicidarem do que jovens brancos. E tem uma chance ainda maior de jovens e adolescentes do sexo masculino se suicidarem, chegando a 50% mais chance de cometerem suicídio em comparação a jovens brancos da mesma idade.

O que está levando essa juventude negra a tirar sua própria vida e principalmente quando essa juventude é do sexo masculino? Fazendo um recorte histórico, somos um país com mais anos de escravidão do que pós-abolição da escravatura. A burguesia brasileira tem DNA racista, utilizou o mito da democracia racial por décadas para fingir que não havia racismo e negar nossa identidade, enquanto a realidade nua e crua era uma enorme exposição de racismo e segregação. Depois, durante os anos de governo do PT, o regime foi forçado a assumir que havia racismo, mas frente a essa realidade ofereceu apenas algumas poucas concessões, enquanto seguia a morte pelas mãos da policia, triplicava o trabalho precário terceirizado (que apenas nos anos de governo do PT foi de 4 para 12 milhões) e colocava um sem fim de militares para reprimir e massacrar o povo haitiano, um acordo espúrio com o imperialismo norte-americano chamado de "tropas de paz" pela ONU.

Frente ao governo Bolsonaro, vivemos um verdadeiro choque à direita nas relações raciais. Do reconhecimento do racismo e as poucas concessões dos governos PTistas, agora o que visualizamos no futuro é o aprofundamento dos ataques que já vínhamos sofrendo, com cortes na educação, reforma trabalhista, reforma da previdência no horizonte, além da intensificação da repressão policial e militar, que levou a morte de milhares de jovens negros pelas mãos da polícia desde o início desse ano, um método do sistema repressivo que se pretende oficializar pela via do pacote de Moro e do perdão a todos os policial e militares envolvidos em assassinatos, como foi a absolvição por parte do TSM dos militares que alvejaram Evaldo com 80 tiros.

Essa conjuntura política se soma a uma identidade marcada pela negação de si mesmo. O negro introduz no seu imaginário toda a ideologia racista, logo, sua formação psicológica é baseada na sua identidade carregada de medo, receios, auto-rejeição, da ausência do direito de reivindicar pra si a sua identidade negra. Uma subjetividade em frangalhos, acompanhada de políticas sistemáticas de exclusão e cerceamento, levam nossos jovens ao suicídio no capitalismo, já que, é preciso dizer, essas representações negativas do negro hoje, são representações de uma sociedade divida em classes, onde a submissão profunda do negro se insere na necessidade de lucro, na ganância capitalista, que com o racismo conquista o direito de explorar duplamente mais da metade da classe trabalhadora mundialmente.

A violência contra o povo negro pode ser expressa de muitas formas, como por exemplo, sendo a maior população desempregada, sendo os que ocupam os serviços mais precários, os mais assassinados pela polícia, os que estão em grande maioria no sistema carcerário, não se vêem representado desde crianças tanto nos desenhos quanto na escola ou qualquer outra profissão com “status de importância”. São os jovens que sofrem com abandono paternal, são meninas e mulheres negras preteridas na vida, por seus fenótipos raciais, cor de pele, cabelo crespo, origem social, em contraposição ao estereótipo da beleza branca. São as mais expostas à violência doméstica e estupro e carregam como consequências históricas a solidão da mulher negra.

Essa mesma burguesia quer que os jovens negros e brancos da classe trabalhadora trabalhem até morrer com a reforma da previdência, uma medida de austeridade que no Chile se comprovou uma fábrica de suicidios entre idosos. Os jovens negros que sobreviverem até a terceira idade serão vítimas, alem da miséria de toda a vida, da doença, do cansaço e da solidão. A juventude negra e branca da classe trabalhadora não pode deixar que os capitalistas negociem nosso futuro, enquanto eles lucram rios de dinheiro com nosso sangue e vida.

Nossa juventude é a mesma que foi às ruas exigindo por justiça a Marielle, denunciando o sistema com expressões artísticas culturais anti-racista, como os slam’s denunciando o fim da polícia e do genocídio do povo negro. Assumindo suas raízes com cabelos black’s e resgatado a história do povo negro para afirmação de sua identidade.

Merecemos viver em uma sociedade sem classes, onde nossas vidas valham, e onde se valha a pena viver.

 
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