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ECONOMIA | DESEMPREGO
Para defender lucros dos capitalistas, governo Bolsonaro nutre desemprego e piora todos os índices econômicos
Rafael Barros

Desemprego, queda repetida nas expectativas de crescimento do PIB, estancamento econômico e Reforma da Previdência. Bolsonaro tem em sua frente um cenário lotado de contradições, e planos de ajustes para tentar fazer crescer os lucros dos capitalistas às custas do suor e do sangue da classe trabalhadora e da juventude brasileira.

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No fim de março deste ano, o BC havia estimado uma expansão de 2% para a economia brasileira em 2019, enquanto o Ministério da Economia, de Paulo Guedes, projetava crescimento de 2,2%. Desde essa data as previsões vem caindo consecutivamente para este ano. A quatro semanas a estimativa do Banco Central divulgada pelos relatórios da Focus eram de 1,71%. Já na semana anterior, na segunda-feira (13), as estimativas tinham caído para 1,45%. Os dados divulgados nesta segunda (20) pelo Relatório de Mercado da Focus, reduzem ainda mais as expectativas, chegando aos 1,24% pra o crescimento econômico em 2019. Outros bancos, como o Bradesco, já vinham também reduzindo suas expectativas. Na última semana, o Bradesco reduziu sua projeção para o ano e 1,9% para 1,1% (ainda menos que Focus e BC). Essa sequência de quedas nos indicadores podem colocar o Brasil na classificação de recessão técnica já neste início do Governo Bolsonaro.

Se somam a estes dados os números crescentes do desemprego no Brasil. Chegando aos impressionantes 13,4 milhões de pessoas, os dados também cresceram mês a mês nos primeiros meses do governo Bolsonaro. Nos dados divulgados pelo IBGE nas vésperas do 1° de Maio, o desemprego batia 12,7% do país. Isso sem contar os aumentos no sub-emprego, e também no desalento (trabalhadores que deixaram de procurar emprego), que totalizaria o absurdo número de 65,250 milhões de brasileiros entre o desemprego, a sub-utilização da força de trabalho e os trabalhadores que, por falta de oportunidades, deixaram de buscar emprego. Os números de sub-utilização da força de trabalho são os maiores no Brasil desde 2012. São cerca de 28,3 de brasileiros nestas condições. Entre a juventude, os números também assustam. Dados do trimestre móvel de dezembro-janeiro-fevereiro, mostram que de cada 10 jovens de 14 a 29 anos, 5,4 estão desempregados. Os números indicavam já na época um total de 27,2% da juventude desempregada.

Cena que se tornou comum em diversas das capitais ao redor do país: milhares de pessoas em filas quilométricas para disputar poucas vagas de emprego

Neste domingo o jornal A Folha de S. Paulo soltou uma matéria na qual discute se o Brasil não estaria entrando em depressão econômica. Segundo A Folha alguns economistas, mas especificamente da consultoria AC Pastore, afirmam que o Brasil apresenta sinais característicos da depressão. Em seu relatório “a depressão depois da recessão”, os economistas da consultora colocam com principal critério para caracterizar um estado de depressão da economia a estagnação da renda per capita – a divisão do PIB pelo número de habitantes do país.

Os indicadores evidentemente preocupam o governo Bolsonaro e todo o seu entorno. O próprio presidente, em pronunciamento no 1° de Maio, admitiu em seu discurso que não tem solução alguma para a questão do emprego no Brasil, contrariando seus discursos demagógicos em sua campanha eleitoral, onde ele afirmou que iria resolver o problema do desemprego e geraria novos postos de trabalho. Pelo contrário, o que se viu no Brasil nestes primeiros 5 meses de Bolsonaro, foi a perda de quase 1 milhão de empregos.

O que sabemos há tempos são as posições de Bolsonaro expressas desde as campanhas também, com seu lema de que “é muito difícil ser patrão no Brasil, e nós vamos facilitar essa questão”. Bolsonaro já falava de aliviar a “mochila nas costas” do empresariado brasileiro, questão que fica gráfica com diversos exemplos, sendo o mais recente deles a abolição de 90% das normas regulamentadoras de segurança e saúde do trabalho, já que segundo o cacique bolsonarista “há custos absurdos para os empresários em função de uma normatização bizantina, anacrônica e hostil.

Bolsonaro e os fatores reais de poder em seu governo encaram dificuldades estruturais na economia, e não tem nenhum remédio para solucionar a questão do emprego e da queda nas expectativas de crescimento. Nem mesmo o “centro de gravidade” do Governo, ponto em comum entre todas as alas, a Reforma da Previdência, é capaz de resolver a questão, e solucionar a crise para o lado dos empresários.

Por um programa para o desemprego que ataque o lucro dos capitalistas

O governo Bolsonaro tem em suas mãos a difícil missão de conseguir descarregar a crise criada pelos capitalistas nas costas da classe trabalhadora e da juventude. E para isso, tem que, às custas de nosso suor, nossos empregos, nosso sangue e nossas vidas, fazer crescer os lucros dos capitalistas. No entanto Bolsonaro e os fatores reais de poder encontram-se encurralados e sem saída para a questão do desemprego no Brasil, promessa tão central nos discursos demagógicos da campanha bolsonarista, e que são ponto fundamental da queda de popularidade de Bolsonaro nas pesquisas divulgadas até este momento.

Bolsonaro para isso, tem como carro-chefe a Reforma da Previdência, com a qual quer limpar 1 trilhão em gastos públicos, e tratando nossos direitos como “dificuldades” para os patrões do setor público e privado. “Dificuldades” essas, que ele quer se livrar, para fazer retornar o crescimento no lucro dos capitalistas. Essa mesma reforma, junto com seus ajustes neoliberais, querem livrar estes gastos estatais em direitos básicos, como o da aposentadoria, para arrancar até a última gota de suor e de sangue de milhões de trabalhadores, em nome de seguir pagando a sangria de recursos nacionais que é a fraudulenta dívida pública brasileira. A garantia da lei de responsabilidade fiscal – a qual o PT respeitou religiosamente, pagando cerca de 13 trilhões de reais para os banqueiros com a Dívida – serve como um enorme mecanismo de submissão da nossa economia aos interesses do imperialismo. Isso sem contar que com a aplicação ainda mais dura da Reforma Trabalhista - que já vem fazendo efeito na queda de empregos no Brasil, com demissões em massa -, a abolição de 90% das normas de regulamentação de segurança e saúde no trabalho, e é claro, a reforma da previdência, arrancando o direito de aposentadoria da população trabalhadora, são uma grande “limpeza de campo” para entrada do capital imperialista no Brasil, com menos peso na tal “mochila nas costas” dos empresários.

Veja aqui: Não precisamos de reforma da previdência: é necessário abolir a dívida pública

Por isso mesmo precisamos de um programa para o desemprego, e contra a Reforma da Previdência, que ataque o lucro dos capitalistas, e vislumbre a possibilidade de um futuro para a juventude. Isso começa por levantar um programa que defenda revogação da reforma trabalhista, assim como a redução das jornadas de trabalho sem redução salarial, para que possamos ter a partilha das horas de trabalho entre empregados e desempregados, atacando o lucro dos capitalistas, que precisam dessa massa de desempregados como “exércitos de reserva”, para que possam oferecer empregos cada vez mais precários.

Mas é importante também atacar o principal mecanismo de submissão da economia nacional, que impede recursos do país de serem gastos, entre outras coisas, para a geração de empregos. Por isso, também levantamos o Não Pagamento da Dívida Pública, para colocar um fim à esta prisão ilegal, ilegítima e fraudulenta, que escoa cerca de 1 trilhão de reais por ano para o bolso de banqueiros, como os donos de Itaú, Safra, BGT Pactual e os americanos Merryl Lynch e Goldman Sachs, entre outros. Com os recursos que gastamos hoje com a dívida - e que Paulo Guedes e Bolsonaro querem que sejam ainda maiores – poderíamos por de pé um grande plano de obras públicas, gerando diversos empregos, e ainda conseguindo atacar outro problema social gritante no Brasil, que é a questão da moradia.

Lutar contra o desemprego passa por lutar contra a Reforma da Previdência e contra os interesses do imperialismo

Lutar pelo não pagamento da Dívida Pública é parte de lutar hoje contra a Reforma da Previdência, conseguindo apresentar uma alternativa para a crise econômica brasileira que responda realmente aos interesses da classe trabalhadora e das massas desempregadas da juventude. No entanto hoje nos enfrentamos com uma enorme barreira em nossa frente, materializada no papel burocrático e traídos das principais centrais sindicais do país, e nas principais entidades estudantis a nível nacional - CUT, CTB, Força Sindical e UNE, por exemplo. Enquanto Paulinho, da Força Sindical, defendeu a Reforma da Previdência de Bolsonaro em pelo caminhão de som no 1° de Maio em São Paulo, o mesmo contou com o silêncio de CUT e CTB, dirigidas por PT e PCdoB (aliado de Rodrigo Maia), que negociam com o governo uma Reforma da Previdência “melhorada”, usando nossos direitos como moeda de troca.

Os privilégios dos ricos e milionários banqueiros e empresários (que devem R$450 bilhões à Previdência Social) serão preservados por Bolsonaro e Guedes; quem vai pagar o custo da reforma são os trabalhadores pobres, e se depender dos governadores do PT, que concordam com a necessidade da reforma da previdência, o caminho para a reforma de Bolsonaro será facilitado. Não previsamos de nenhuma reforma da previdência: é necessário deixar de pagar a fraude da dívida pública que constrange o orçamento federal aos interesses dos especuladores financeiros internacionais

A UNE, dirigida pela juventude do PCdoB, a UJS, segue o mesmo caminho. Busca manter sob o controle de sua “asa” a enorme demonstração de forças dada pelo movimento estudantil no último dia 15, com mais de 1 milhão de estudantes indo às ruas contra os cortes de Bolsonaro na Educação. Da mesma forma que as direções das centrais sindicais, a UNE entra na chantagem de Bolsonaro com a reforma – que diz para esperarmos até setembro para receber de volta o dinheiro das universidades, após uma aprovação da reforma – e negocia nossos direitos em troca do engavetamento da CPI da UNE.

No Rio de Janeiro mais de 110 mil pessoas foram às ruas na última quarta-feira para o 15M. Cerca de 208 cidades tiveram manifestações com estudantes, e também trabalhadores.

Ambas as forças, das direções sindicais e das direções estudantis, buscam manter em separado a luta dos cortes na educação e a luta contra a reforma da previdência. Os estudantes deram a letra: “Não queremos escolher: Queremos estudar sem trabalhar até morrer!”. Temos de travar uma só luta contra os ataques de Bolsonaro na educação e contra a Reforma da Previdência.

Por isso, exigimos de CUT e CTB que unifiquem as lutas, e não deixem trabalhadores e estudantes esperando até o longínquo 14/06 por uma greve geral. As centrais sindicais precisam antecipar o chamado à greve geral, se unificando com o chamado da UNE para o dia 30/05, junto à juventude em luta. Precisamos de uma paralisação nacional unificada no dia 30 de maio, contra os cortes na educação e a reforma da previdência!

O PSOL, até agora, mesmo onde atua, não assumiu um posicionamento crítico em sentido algum às manobras dessas burocracias (tanto as sindicais quanto as estudantis), e segue tendo também uma política de separar as duas lutas. Com o peso que tem, o PSOL precisa utilizar a força de suas bancadas parlamentares para colocar uma forte exigência às burocracias que antecipem o chamado de greve geral para o dia 30/05. Da mesma forma, a CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU, deveriam largar o discurso abstrato de “unidade de todos” os aparatos burocráticos das centrais, que hoje cumprem o nefasto papel de dividir nossas lutas, e batalhar por uma verdadeira unidade das bases operárias de estudantis.

 
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