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UNB
RIDÍCULO: DCE da UNB atropela deliberação de assembleia e propõe vaquinha para enfrentar cortes
Letícia Parks
Leonardo Prudencio

Apesar dos quase 1000 estudantes presentes na assembleia, o DCE de direita do grupo "Aliança e Liberdade" ignora a deliberação estudantil e diz que não vai paralisar dia 15 contra os cortes e a reforma da previdência. Sua estratégia para derrubar os cortes? Uma vaquinha online, convocada com mais vontade do que a própria assembleia.

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No início desta semana, a Universidade de Brasília lançou uma nota afirmando que o corte em seu orçamento está no patamar de 40%, totalizando um bloqueio de quase 50 milhões de reais nas verbas da instituição, valor ainda pior do que foi anunciado pelo MEC. “A UnB foi profundamente injustiçada. Fiquei triste por ver como as universidades que fazem o melhor estão sendo vistas pelo atual ministro”, lamentou Márcia Abrahão, reitora que seguiu à risca a cartilha da austeridade ao demitir centenas de terceirizados só no ano passado. Diante desse cenário agravado pelo alagamento que destruiu livros e equipamentos no mês de abril, o DCE foi a público propor uma “vaquinha” para recuperar a universidade, convocada com mais força de vontade do que a própria assembleia.

A assembleia, ocorrida ao meio-dia (horário totalmente inviável para xs estudantes trabalhadorxs), foi uma festa de burocratismo. Quem queria falar tinha que se inscrever nos primeiros 5 minutos de informe, falar em 1 minuto e apresentar carteirinha e comprovante de matrícula online, como se estivesse comprando um ticket de cinema. Para piorar tudo, a direita que dirige o movimento estudantil na universidade acaba de negar a resolução de paralisação votada em assembleia, alegando ausência do quórum, mais uma prova de seu direitismo.

Esse cinismo da Aliança pela Liberdade, grupo de direita que dirige a entidade, teve direito até a postagem patrocinada nas redes sociais, porém até o momento o dinheiro gasto não foi suficiente para comover o governo Bolsonaro a participar do financiamento coletivo. Para os leitores que estão surpresos, é preciso dizer que a empreitada não parou por aí. Na última quinta-feira, o DCE moveu ação contra o MEC, pedindo suspensão dos cortes perante o mesmo Judiciário golpista que vive de lagostas e vinhos enquanto exige sacrifícios à população.

Parece piada, mas é um projeto político. Afinal, trata-se do mesmo grupo que, durante as ocupações contra a então PEC do teto dos gastos, foi a vanguarda da mobilização “Respeita a Minha Aula”, momento em que diversos estudantes de direita se organizaram para ameaçar os estudantes que protestavam. Dessa forma, não se pode esperar uma atitude diferente dessa do mesmo grupo que durante anos defendeu a abertura para “doações” de empresas privadas; Só não disseram que esses tubarões da educação privada são os que agora esperam receber “doações” mensais dos alunos aos seus cofres.

Somente após a pressão da base dos cursos, o DCE convocou uma assembleia estudantil, porém com antecedência de apenas dois dias com claro intuito de fazer com que poucos ficassem sabendo. Diferentemente da vaquinha, nenhum centavo foi utilizado para impulsionar um post sequer no Facebook.

Uma resposta à altura dessa afronta poderia vir dos sindicatos de professores e técnicos, porém o que se tem é a inércia. PT e a CUT, presentes tanto na direção de cursos como de funcionários e docentes da UNB, ainda que estejam a frente da convocação da paralisação do dia 15, não tomam qualquer medida para que esse dia seja construido com base a organização real e massiva na universidade. Além da assembleia geral de 08/05, não há qualquer outra medida de organização da base convocada, o que leva a total passividade da base e uma movimentação superestrutural das entidades e sindicatos. Dessa forma, com passividade e silêncio, permitem que se sobreponham os discursos de Paulinho da Força e Thabata Amaral, de negociação por “reformas mais brandas”, mantendo um certo lugar no novo regime e não criam qualquer oposição na realidade.

Por outro lado, há o PSOL convocando ato para abraçar um prédio do campus em defesa da UnB, o que é um gesto, à primeira vista, até avançado se comparado às falas feitas durante a ocasião. Em vez de utilizarem seus cargos para denunciar a passividade das centrais e UNE, os parlamentares desse partido que participaram do “abraço a BCE” propuseram uma unidade em defesa da educação que pode incluir até partidos burgueses, na prática, uma oposição que se restringe aos corredores do Congresso. Em razão disso, o prestígio que o PSOL tem na juventude e em setores da classe trabalhadora acaba servindo para dar um verniz de esquerda pra burocracia sindical e estudantil, esses sim os verdadeiros obstáculos para a organização de um plano de lutas sério contra Bolsonaro. Tanto é assim que no CA do direito da UNB, compõe uma chapa junto com os burgueses “humanistas” do Movimeto Acredito (da Thabata Amaral, defensora da Reforma da Previdência) e da REDE, os mesmos que a nível nacional defendem a reforma da previdência e nas eleições, contra a legalização do aborto.

Não será essa estratégia de conciliação que afastará o fantasma da direita do DCE da UnB, impedindo até mesmo que as manobras oportunistas da Aliança pela Liberdade sejam levadas ao conhecimento dos estudantes em denúncias públicas pelos CAs em que o PT dirige e PSOL e PCB atuam. O objetivo final dessas forças é reproduzir dentro do ME uma oposição puramente institucional e focar a atuação das entidades mais próximas aos estudantes apenas no CEB, sem mobilizar o próprio departamento. É preciso que os alunos se organizem em comitês de base, superando o controle dos burocratas mirins dos cursos, para então consolidar um forte bloco com a classe trabalhadora contra os cortes na universidade e a reforma da previdência. Nem morrer sem se aposentar, nem morrer sem estudar, nem morrer trabalhando. O dia 15 que se aproxima deve ser verdadeiramente construído nas bases de estudantes da universidade, com assembléias de curso que armem e organizem a revolta dos estudantes, que é sensível em cada corredor. O CONUNE que se aproxima também deveria ser uma ferramenta para a luta, mas já foi adiado pela UNE (dirigida pela UJS) para não ser. Para esse Congresso também é preciso organizar-se desde a base, para superar os limites das burocracias e oferecer a Bolsonaro o que ele mais teme: um movimento estudantil aliado aos trabalhadores, em luta contra a reforma da previdência e para que os capitalistas paguem pela crise, com um programa que revolucione a universidade.

 
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