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ARGÉLIA
Décima primeira sexta-feira de mobilizações para exigir a queda do regime na Argélia
Diego Sacchi

As manifestações não param. Elas exigem a partida do chefe do exército e a queda de todo o regime.

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Como acontece todas as sextas-feiras, desde 22 de fevereiro, os argelinos foram novamente se manifestar no centro de Argel, a capital do país, e em outras cidades para exigir a queda de todo o regime liderado pelo ex-presidente Abelaziz Bouteflika por vinte anos.

Nesta sexta-feira completa um mês da renúncia forçada do ex-mandatário pelos protestos de rua e pressionado pelo chefe do Exército, o general Ahmed Gaïd Salah, que buscava na renúncia do presidente uma maneira de descomprimir a situação. No entanto, isso não foi suficiente para os milhares de manifestantes que nesta sexta-feira voltaram às ruas.

Das organizações convocadoras, asseguraram que "não se pode propor um diálogo" com aqueles "que foram responsáveis pela situação atual". O "poder tenta ganhar tempo" e não deram "nenhuma amostra" de sua boa vontade de responder às "reivindicações claras e legítimas" do movimento, como disseram eles.

Consignas e gritos da multidão como "Vete Gaïd, não ao poder militar", "Gaïd, não traia o povo argelino" ou "Major General, seu discurso na terça-feira é que é dito pelo povo toda sexta-feira", mostram descontentamento com a cúpula do Exército que procura manter a essência do regime que governa o país.

Gaïd Salah, nomeado chefe do Exército pelo próprio Bouteflika em 2004, insistiu na terça-feira passada sobre a realização das eleições presidenciais marcadas para o próximo 4 de julho, apesar dos protestos na rua.

Essas eleições, convocadas há um mês, foram convocadas pelo presidente do Senado e chefe de Estado interino, Abdelkader Bensalah, e devem ser organizadas pelo ex-ministro do Interior e atual primeiro-ministro, Nouredin Bedaui.

Bansalah e Bedaui fazem parte do "Triple B" em referência aos três políticos eleitos para proteger a transição. Dos três, que os manifestantes consideram membros da "máfia do poder", um já se demitiu, o presidente do Conselho Constitucional, Belaiz. Os manifestantes voltaram na sexta-feira para exigir a renúncia de ambos.

Os manifestantes também exigiram a aplicação dos artigos 7 e 8 da Magna Carta. De acordo com esses artigos, o povo é a fonte de todo o poder e que a soberania nacional e o poder constituinte pertencem exclusivamente ao povo.

Além disso, também pediram a prisão de Said Bouteflika, irmão do ex-presidente, e asseguraram que vão continuar os protestos a cada sexta-feira, "mesmo no mês de Ramadan", que começa na próxima segunda-feira, até uma mudança "radical e real" do sistema "corrupto"

Questionado pelas mobilizações, o chefe do Exército, Salah, busca instalar uma campanha "contra a corrupção" para mostrar as forças armadas como garantia de uma transição. Salah expressou o compromisso do Exército em acompanhar a Justiça no cumprimento de suas missões "nobres e sensíveis". Mas precisamente o judiciário e as forças armadas têm sido questionados por terem se beneficiado por anos, garantindo a governança que agora denunciam.

O discurso Salah é nada mais do que uma tentativa para motorizar uma "limpeza" interna contra a parte de um setor da burguesia argelina, a qual por anos se beneficiaram da sua relação com Bouteflika, de forma a restabilizar o regime de sacrificando algumas das figuras mais repudiáveis.

O antigo regime argelino tirou lições da primavera árabe de 2011 e pretende, como no Egito, que o Exército cumpra um papel central na transição e, se necessário, o papel do governo. No entanto, como visto nas mobilizações atuais que não param, e pedem a queda de todo o regime, nada indica que possa fazê-lo sem grandes contradições.

 
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