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educação
Retomar o Centro Acadêmico da Letras USP para as mãos dos estudantes
Faísca USP

Contra os últimos ataques do governo Bolsonaro às universidades e aos cursos de humanidades. Contra a reitoria que precariza nosso curso e os ataques à educação e ao nosso futuro, é preciso ocupar os espaços da universidade com todo tipo de atividades de políticas, de cultura, arte e lazer, e retomar o nosso centro acadêmico para as mãos dos estudantes.

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Nesta terça-feira, 30, o governo reacionário de Bolsonaro anunciou um corte de 30% no orçamento nas universidades que tiverem “balbúrdia”, depois ampliando a medida para todas as universidades federais. UnB, UFBA e UFF são os primeiros alvos, coincidentemente são universidades que sediaram eventos do movimento estudantil (encontros promovidos pela maior entidade estudantil, a UNE, por exemplo) e as recordistas em ingressos de negras e negros por cotas, demonstrando claramente como o governo liga o conteúdo político dos cortes e ataques com suas visões ideológicas conservadoras.

A CPI das universidades públicas, que fere os princípios da autonomia universitária e abre espaço direto para a privatização do ensino vai de encontro com o projeto de destruição da educação pública do governo Bolsonaro. O reitor da USP, por mais que se coloque contra a CPI, por outro lado incentiva e está de acordo com os fundos patrimoniais, uma igual abertura das portas da universidade para a iniciativa privada.

Além disso, na última sexta-feira, 26, a deputada estadual Janaina Paschoal lançou um projeto de lei de proibição das chamadas “festas open bar” nas universidades públicas, que seriam um espaço de depravação moral dos jovens universitários e negação da moral patriarcal e medieval que a deputada e seu partido, o mesmo do reacionário Bolsonaro, o PSL, querem impor à juventude. Essa declaração se liga totalmente com o ataque no orçamento das universidades contra a “balbúrdia” estudantil.

Bolsonaro e seu governo conservador perseguem os centros acadêmicos e propagam o obscurantismo, aspirando por uma juventude que não se interesse por política para que não questione todas as medidas de retirada de direitos, como já declarado em diversos discursos pelo presidente. Como se não bastasse a possível aprovação de uma reforma da previdência que vai nos fazer trabalhar até morrer, não podemos nem ao menos ter o direito ao mínimo, que é poder ocupar os espaços da universidade com cultura, arte e lazer.

Essa última semana o governo declarou diversos ataques à educação e à juventude com tais declarações, além também de ter dito que pretende acabar com as ciências humanas, especialmente com a sociologia e filosofia. Essa política de corte do MEC escancara como para o governo, todos os ataques econômicos vêm vinculados às ideologias reacionárias da extrema direita, considerando discussões políticas, abertura das universidades para movimentos sociais como o MST, debates acadêmicos que visam fomentar o pensamento crítico e liberdade de expressão e a realização de festas, que promovem a ocupação dos espaços e abre a universidade para a população, tudo isso como “balbúrdia”.

Em nosso curso de Letras, Bolsonaro já deixou claro que é necessário diminuir o investimento e transformar todo o conteúdo crítico que aprendemos em mero conteúdo instrumental e pragmático para ensinar gramática nas escolas por fora de qualquer reflexão. Com um aumento do sucateamento do curso e os cortes da reitoria, temos cada vez mais condições precárias de estudo, com falta de professores, bolsas de estudo e má infraestrutura.

Historicamente as festas estudantis cumprem um papel importante de interação entre estudantes. Uma forma de descontração da rotina cansativa de muitos que passam suas semanas em meio a conciliação entre trabalho e estudo, gastando horas no transporte público. Ocupar os espaços das universidades com esse tipo de atividades é um direito dos estudantes que deve ser defendido. Foi na tentativa de retomar esse histórico que aos poucos vem sendo esquecido frente aos avanços repressivos da diretoria da FFCLH e da Reitoria da USP contra as festas estudantis, que a juventude Faísca organizou uma festa na última sexta-feira, 26, que conseguiu reunir cerca de 800 pessoas de dentro e fora da Universidade.

A ofensiva de Janaína Paschoal, que encontra respaldo na postura que a reitoria da USP tomou nos últimos anos de proibição de festas nas universidades, perseguição de estudantes, instalação de câmeras nas faculdades e aumento da força da polícia militar no campus, tem justamente o intuito de impedir que os estudantes possam ocupar os espaços para algo além das aulas. Essa tentativa de repressão a espaços de interação está associada a uma ofensiva contra a organização política dos estudantes que se revoltam com os ataques à educação que vêm a nível federal e estadual.

A reitoria e o governo federal sabem do potencial que o movimento estudantil da USP organizado pode ter - como já demonstrou diversas vezes - e por isso precisam reprimir todo espaço de interação e debate político que pode haver entre os estudantes, declarando políticas como as dessa última semana.

Frente a isso, é extremamente necessário que as nossas entidades estudantis se coloquem a serviço de fortalecer nossos espaços de auto-organização e impulsionem por toda a Universidade de São Paulo – mas também nacionalmente, em todas as universidades do país – todo tipo de festas e atividades culturais que permitam a livre expressão artísticas e liberdade sexual dos estudantes, contra a ofensiva reacionária e conservadora de ministras como Damares Alves.

Historicamente as universidades foram fechadas para a juventude pobre e trabalhadora, em sua maioria negra, que através do filtro social do vestibular são impedidas de adentrar a universidade. Esse caráter extremamente elitista é permitido graças a estrutura de poder da universidade, que destina todo seu conhecimento as grandes empresas e multinacionais e não à classe trabalhadora e ao povo pobre. É por isso que para nós a aliança com os trabalhadores é tão fundamental e é a perspectiva melhor com a qual podemos nos enfrentar com todos os ataques às universidades públicas. Nesse sentido é muito importante que o DCE e os centros acadêmicos construam a paralisação que está sendo chamada para o dia 15 de maio, em aliança com os professores da rede pública que vão se incorporar e com os trabalhadores da USP que também já votaram sua incorporação.

É nesse sentido que nós da Juventude Faísca e do grupo de mulheres Pão e Rosas vemos a necessidade urgente de retomar nosso Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários (CAELL) Oswald de Andrade, do curso de Letras da USP, para as mãos dos estudantes, tirando essa importante entidade do imobilismo que as correntes que a dirigem, PT e Levante Popular da Juventude, impõem. Não podemos mais permitir espaços esvaziados descolados do conjunto dos estudantes do curso. Frente ao governo Bolsonaro e a ofensiva de ataques ao nosso curso, mas também à educação de conjunto e ao nosso futuro, é mais do que necessário que o nosso centro acadêmico volte para as mãos dos estudantes. É preciso construir uma entidade estudantil política e de luta que fortaleça a auto-organização estudantil como única forma de enfrentar os ataques do governo se aliando com os demais setores da Universidade, os funcionários e professores, começando pela incorporação do curso à paralisação nacional da educação que está sendo convocada.

 
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