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EDITORIAL | 1° DE MAIO
01/05: Para derrotar a reforma da previdência de Bolsonaro é preciso superar a política da burocracia sindical
Felipe Guarnieri
Diretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

O primeiro 01/05 no Governo Bolsonaro será marcado pela primeira vez de um ato unificado de todas as centrais sindicais. É necessário recuperar a história de luta internacional da classe trabalhadora, e esse dia exigir que as centrais chamem um plano de luta, com assembléias de base e uma paralisação nacional não deixando os professores sozinhos no dia 15/05. Só assim efetivamente pode ser construída uma forte greve geral dia 14/06 para derrotar a reforma da previdência de Bolsonaro, e não negocia-la como quer a cúpula das principais centrais sindicais.

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O primeiro 01/05 no Governo Bolsonaro será marcado pela primeira vez de um ato unificado de todas as centrais sindicais. É necessário recuperar a história de luta internacional da classe trabalhadora, e esse dia exigir que as centrais chamem um plano de luta, com assembléias de base e uma paralisação nacional não deixando os professores sozinhos no dia 15/05. Só assim efetivamente pode ser construída uma forte greve geral dia 14/06 para derrotar a reforma da previdência de Bolsonaro, e não negocia-la como quer a cúpula das principais centrais sindicais.

Marchamos no 01/05 e trazemos como nossas bandeiras a memória da luta classe trabalhadora contra o capitalismo. Relembramos a origem dessa data, com os mártires de Chicago, símbolo de grandes lutas no final do séc. XIX nos EUA que se enfrentaram contra a repressão policial pela redução da jornada de trabalho de 16hs para 08h. Aprendemos com os processos revolucionários protagonizados pelas massas operárias em cada canto do mundo, em particular com a vitoriosa experiência em 1917 na Revolução Russa, com a qual buscamos estabelecer atualmente os fios de continuidade estratégicos da teoria revolucionária de Lênin e Trotsky. Assim como no Brasil, contra toda corrente de pensamento dominante que teoriza a “passividade” da classe operária, relembramos também nessa data o 01/05/1968 onde jovens metalúrgicos de diversas fábricas em SP expulsaram os pelegos num confronto campal no ato da Praça da Sé, mostrando que a luta da classe operária na ditadura militar também foi um questionamento a burocracia sindical.

Essa tradição que resgatamos todos os anos e levaremos as ruas nessa data, que não deixa também de ter o seu simbolismo histórico já que serão as primeiras manifestações do dia do trabalhador diante o Governo Bolsonaro, eleito pelo capital financeiro após o golpe institucional para descarregar a crise nas costas dos trabalhadores, e aprovar ataques profundos como a reforma da previdência e com isso também fazer avançar um modelo de estado Ultra Conservador, baseado no entreguismo ao imperialismo e com alianças como Trump nos EUA.

No entanto, há que se remarcar que esse projeto está ainda longe de estar consolidado, enquanto as crises políticas constantes fazem despencar a popularidade de Bolsonaro, aprofunda-se também a crise econômica, com aumento do nível de desemprego superior a 13% mostrando como a reforma trabalhista tinha como objetivo precarizar e tornar ainda mais escasso o trabalho, e com isso também cresce em setores de massa a insatisfação com a agenda de ataques. Gerando uma consciência de revolta coletiva, ainda que por ora passiva, cada vez mais crítica a uma reforma, que Paulo Guedes diz “combater privilégios”, mas na prática irá fazer muita gente trabalhar até morrer para salvar o lucro dos grandes investidores, banqueiros e empresários, devedores de mais de 450 bilhões a previdência, e os principais especuladores beneficiados com o pagamento da dívida pública, onde será destinado o dinheiro montante economizado na reforma.

Reforma da previdência é aprovada na CCJ e Maia mantém MP 873 contra os Sindicatos

Depois de muitas desavenças e trocas de farpas entre Bolsonaro e Maia, os partidos do chamado Centrão e os líderes do governo chegaram a um acordo para aprovação por 48 votos a 18 do parecer tecnico favorável a reforma da previdência na CCJ. O que foi negociado trata-se na realidade de 4 pontos específicos que não geram impacto fiscal. Uma negociação prevista, depois de Guedes ter esticado a corda no projeto original, aproveitando também da paz “social” e da completa falta de resistência construída pela oposição do PT, e as centrais sindicais como a CUT e CTB no último período.

Outro fator importante relacionado as negociações e aprovação da PEC que vai agora virar objeto de discussão no Congresso, e necessita de ⅔ dos votos dos deputados, trata-se que no último dia 17/04, Rodrigo Maia junto ao presidente do Senado Davi Alcolumbre prorrogaram por 60 dias a vigência da MP 873 de Bolsonaro, que ataca a estrutura dos sindicatos ao não permitir o desconto em folha das contribuições sindicais, e como Mourão afirmou tem o objetivo de “avançar e degolar” o movimento operário. Com isso, Maia rompeu o acordo de revogar a MP que havia feito com as centrais sindicais no início do mês, e assim traz de volta vinculando esse tema nas mesas de negociação para aprovação da reforma no Congresso, em particular com os setores que compõe a base do Centrão ligados a burocracia sindical.

Contra os acordos de Paulinho da Força com Maia! PT e PC do B nossos direitos não se negociam!

A estratégia de Maia já rende frutos. Paulinho da Força Sindical, deputado do Solidariedade já afirmou que a reforma da previdência não será derrotada, e que sim trata de “desidrata-la”, ou seja o mesmo objetivo do centrão. Paulinho sinalizou também na última reunião das centrais sindicais que já negocia os votos do seu partido para a reforma em troca de Maia caducar a MP 873, rifando o direito dos trabalhadores. Na realidade nem precisou consagrar o acordo com Maia, que o Solidariedade já se antecipou e foi um dos partidos que votaram a favor do parecer na CCJ junto com DEM, Podemos, PMDB, PSDB, entre outros. Vai se repetindo o que vimos em 2017, onde esses mesmo setores viabilizaram a aprovação da reforma trabalhista, traindo o chamado a greve geral depois de duas fortes paralisações nacionais, em troca do imposto sindical, que no final das contas foi mais uma das promessas não cumpridas por Maia aos seus aliados da burocracia sindical.

Todavia, essa estratégia traidora não pertence apenas a Paulinho, como as outras centrais tentam fazer parecer. A própria consigna principal do chamado unificado do 1° de Maio expressa isso quando diz “Contra o fim da aposentadoria”, e secundariza o posicionamento firme contra a PEC em curso. Para um bom entendedor, meia palavra basta. Ou seja, trata-se de uma concessão para centrais como a UGT, Nova Central e CSB, interessadas em apoiar a reforma possam fazer parte do acordo com seus parlamentares nas mesas de negociação que vão se abrir e se intensificar no próximo período. Por outro lado, os setores da burocracia sindical da CUT e CTB, seguem a estratégia de oposição parlamentar do PT e do nem tanto de oposição assim PC do B, aliado de Maia no Congresso. Na famigerada lógica reformista do quanto pior agora para os trabalhadores, “melhor para nós” nas próximas eleições, os governadores do Nordeste do PT já aceitaram apoiar a reforma em troca da ajuda financeira da União a situação fiscal dos seus estados.

Os trabalhadores, portanto, devem acompanhar atentamente essas movimentações, pois essa situação exige que para derrotar a reforma da previdência de Bolsonaro é preciso superar a política da burocracia sindical. O chamado a greve geral no dia 14/06, que as centrais sindicais vão anunciar oficialmente no 01/05, se por um lado expressa a crescente insatisfação popular e nas bases operarias em relação ao governo, como é possível identificar no grande apoio que os metroviários estão ganhando da população na campanha salarial utilizando coletes vermelhos contra a reforma da previdência, por outro também não vem acompanhado de um plano de luta justamente para conter e isolar as lutas de setores de vanguarda como professores que tem paralisação nacional indicada para dia 15/05, e assim favorecer as distintas estratégias de negociação das cúpulas das principais centrais.

Que as centrais organizem assembleias na base e chamem uma forte paralisação nacional dia 15/05. Não deixar os professores sozinhos e construir de fato uma greve geral dia 14/06! Lutar por justiça a Marielle Franco e o não pagamento da divida pública para que os capitalistas paguem pela crise!

Diante essa estratégia traidora da burocracia sindical, pesa o fato de não termos alternativa a esquerda em base a independência de classe para impor uma frente única operária as principais direções, já que esses setores com seus distintos pesos e políticas convergem na convivência pacífica e sem crítica a burocracia. O PSOL, com seus parlamentares, segue com Ivan Valente e Boulos a estratégia de oposição parlamentar do PT. Sâmia Bomfim, do MES/PSOL, não apenas se inclui na política de separar a intervenção parlamentar do impulso da mobilização extra-parlamentar, mas junto a uma ala do PSOL faz coro ao autoritarismo judiciário na Lava Jato: critica pontualmente a prisão de Lula, mas apoia a Lava Jato no seu conjunto, fazendo abstração da escalada autoritária que essa operação significa. Em texto recente abordando a prisão de Temer, critica os que denunciaram os métodos da Lava Jato, como se fosse possível lutar contra a corrupção capitalista apoiando as medidas arbitrárias e seletivas de uma operação pró-imperialista de Sérgio Moro.Tábata Amaral do PDT já disse haver pontos positivos na reforma e recentemente se reuniu com Doria em SP para debater a nova previdência (e mesmo assim Sâmia e Melchionna do MES saem em fotos orgulhosas com essa representante da "nem direita, nem esquerda"). E Freixo nessa conjuntura quer “incorporar contribuições” ao reacionário pacote anticrime de Moro.

Já o PSTU, a partir da CSP Conlutas e sua atuação sindical em setores de vanguarda da classe trabalhadora, pagam o preço atualmente pela capitulação que tiveram em não combater o golpe institucional, com a política semelhante que tem hoje na Venezuela, onde não aparece como centro a batalha contra a ofensiva golpista do imperialismo, não prestando nenhum apoio político a Maduro, de Trump na Venezuela que conta com a ajuda de Bolsonaro. E ao atuar sem nenhuma delimitação da cúpula das centrais sindicais, terminando cobrindo pela esquerda a política da burocracia sindical.

Nesse 1° de maio devemos seguir o exemplo dos coletes amarelos na França contra Macron, e os processos de levantes de massas que se desenvolvem na Argélia e no Sudão contra governos e regimes autoritários, mostrando que a mobilização e a luta de classes é única forma de responder os ataques da crise que os patrões querem impor. Segundo matéria do Valor Econômico, o prefeito de SP Bruno Covas (PSDB) estaria no ato, a convite das centrais. Repudiamos veementemente a presença de políticos burgueses num ato que celebra a luta internacional dos trabalhadores contra os capitalistas. Se isso se concretizar, é todo um símbolo de como as centrais sindicais não tem um verdadeiro interesse em derrubar a reforma da previdência de Bolsonaro: Covas é um fervente defensor do fim da aposentadoria para os trabalhadores, apoiando a reforma de Bolsonaro-Guedes.

Nesse caso, nós do MRT, junto a trabalhadores independentes do Movimento Nossa Classe, a juventude Faísca e as companheiras trabalhadoras e estudantes do Grupo de Mulheres Pão e Rosas, iremos ao 01/05 no vale do Anhangabaú denunciar Covas e defender a independência de classe dos trabalhadores, exigindo das centrais que construam uma forte mobilização para “Derrotar a reforma da previdência de Bolsonaro. Contra os acordos de Paulinho da Força com Maia! PT e PC do B nossos direitos não se negociam! Lutar por justiça a Marielle Franco e o não pagamento da divida pública para que os capitalistas paguem pela crise! Que as centrais organizem um plano de luta com assembleias na base para uma forte paralisação nacional dia 15/05. Não deixar os professores sozinhos e construir de fato uma greve geral dia 14/06".

Chamamos todas e todos que tem acordo com essas idéias a programa a marchar conosco. Concentração a partir das 09hs em frente ao teatro municipal.

 
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