O vídeo filmado pelos próprios alunos mostra a truculência da PM dentro da escola, um dos polícias chega a dar dois empurrões em uma estudante com o cano da arma, até um professor se coloca na frente da estudante. Dois alunos seguem detidos e serão encaminhados hoje para audiência na Vara da Infância e Juventude.
Confira aqui:
O caso aconteceu durante uma manifestação organizada contra o diretor da escola que se nega a dialogar com as necessidades apontadas pelos estudantes, que reivindicam tolerância no fechamento do portão para o início das aulas, já que no período noturno muitos alunos precisam trabalhar e ir direito para a aula. Também reivindicam maior cuidado com os problemas estruturais da escola, como falta de professores e de materiais e goteiras dentro das salas de aula.
Um pai de aluno relato que na semana passada já tinha tentado conversar com o diretor da escola sobre os problemas, mas também teve dificuldade.
A PM disse ter sido chamado pelo próprio diretor da escola, para conter a manifestação dos alunos. Essa brutalidade dentro de uma escola aconteceu no mesmo dia em que o governador João Doria elogiou a policia militar por ter assassinado 11 pessoas em Guararema.
Para Bolsonaro, Doria e sua corja a educação e a juventude são assuntos de polícia. Não por acaso, defendem arduamente a militarização das escolas, o fim da escola pública com a reforma do ensino médio, a nova Base Nacional Comum Curricular e o projeto Escola sem Partido, que esvaziam as escolas de conteúdo, censura professores e alunos, tira alunos da sala de aula e demite professores.
O Escola sem Partido é para proibir justamente que os alunos se posicionem e reivindiquem melhor condição para seu ensino, assim como fizeram os alunos da escola Brotero.
No estado de São Paulo vemos todos os dias escolas caindo aos pedaços, falta de professores e professores esgotados e doentes, falta de material básico e escândalos envolvendo a merenda dos alunos. Professores que começaram a lecionar em fevereiro desse ano ainda não receberam 1 real sequer de seus salários. Estão em uma situação desesperadora e aguardam as promessas do governo de regularizar essa situação. É para este cenário caótico que Doria e Bolsonaro querem mais policia e mais armas dentro das escolas.
Depois da tragédia em Suzano se intensificou o debate sobre mais policiamento dentro das escolas, mas está claro que polícia não é a resposta para os problemas das escolas públicas.
É necessário derrubar a PEC 241, que congela os investimentos em educação por 20 anos. É urgente um plano de carreira digno para os professores, para que não tenham que trabalhar 12 horas seguidas, em 3 ou 4 escolas, para receber um misero salário e, assim, tenham tempo para a sua formação continuada.
Também é prioridade a diminuição de alunos por sala de aula com a reabertura das mais de 10 mil salas de aulas fechadas em São Paulo nos últimos 4 anos. Auxilio transporte e bolsa para que os alunos não precisem abandonar a escola para entrar no mercado de trabalho sem formação mínima. Estes são pontos básicos para começar algum sinal de melhoria na educação.
Mas o que encontramos na realidade, junto ao caos diário nas escolas, é o ministro da educação defendendo a ditadura militar, governador parabenizando assassinatos e presidente da república que coloca professores como inimigos número um “da nação”.
São os professores que sabem exatamente, com a nossa experiência das mãos sujas de giz, o que as escolas públicas precisam. São os estudantes, que sentem o desmonte da educação na pele, que devem ser ouvidos.
Os professores já cumprem um papel importante na luta contra a reforma da previdência, já que além de tudo esses governos querem nos ver trabalhando até morrer, e mais do que nunca é preciso organizar a força social que tem os professores e a juventude para barrar a reforma da previdência, e atacar diretamente o principal objetivo os políticos e empresários de nos fazer pagar pela crise que eles mesmos criaram, e derrubar todas as medidas que precarizam nossa vida como a PEC do teto dos gastos, a reforma trabalhista e a reforma do ensino médio.
Não aceitamos sermos tratados como problema da secretaria de segurança pública e exigimos que tirem a polícia de dentro das nossas escolas.
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