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DEMISSÕES
Gráfica RR Donnelley fecha as portas após receber fortunas com o Enem
Redação

Hoje pela manhã, funcionários da gráfica RR Donnelley deram de cara com a porta com anúncio do fechamento das 3 fábricas brasileiras. A multinacional é há anos responsável pela milionária impressão das provas do Enem e mesmo assim alega não ter recursos para se manter no Brasil, deixando centenas de trabalhadores nas filas de desemprego.

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Onde está a fortuna que a Donnelley lucrou com o Enem? Uma pergunta sem resposta no anúncio colado na porta da empresa avisando fechamento da fábrica. Foi com isso que cerca de 800 trabalhadores da RR Donelley se depararam nesta manhã ao chegarem no trabalho nas 3 fábricas brasileiras, em Osasco, Barueri e Blumenau. Muitos que por anos dedicaram suas vidas a este trabalho vêem hoje a empresa que lucrou esse tempo todo às suas custas dizer do dia pra noite em um papel apenas que "... uma análise meticulosa das finanças da empresa motivou nossa decisão”.

Essa mesma situação ocorreu na Argentina, 5 anos atrás. Na manhã do dia 12 de agosto de 2014, no portão de entrada da planta que a gráfica R.R. Donnelley tinha em Garín (cidade localizada na grande Buenos Aires) apareceu um cartaz que anunciava a suposta quebra da empresa depois de 22 anos de atividade. Em vez de anotarem o 0800 que o anúncio indicava como única alternativa para os trabalhadores demitidos, fizeram uma assembleia e decidiram ocupar a fábrica. Na terça dia 12, a patronal continuava ausente, então com a ajuda de estudantes universitários desbloquearam as máquinas e reativaram a fábrica. Não pararam até que o primeiro caminhão de revistas saiu em meio aos aplausos.

A fábrica Argentina segue até hoje sob gestão dos próprios trabalhadores, com o nome de Madygraf. Não sem dificuldades, afinal o mercado gráfico também está retraído na Argentina. É interessante notar que é com justificativa da crise que a patronal da RR Donelley bota centenas nas enormes filas de desempregados que existem hoje, mas na realidade estão visando apenas à sua lucratividade. Frente à crise, diferente do que está fazendo a Donnelley, a Madygraf sob gestão dos trabalhadores se mantém funcionando a partir de buscar todo apoio possível da população. Em 2015, por exemplo, imprimiram 20 mil cadernos que distribuíram em colégios da região, o que retorna para a fábrica em forma de apoio.

O que os empresários da RR Donnelley estão fazendo hoje é se aproveitar das novas condições abertas pelo governo Bolsonaro para avançar sobre os trabalhadores. A inexistência de um Ministério do Trabalho, por exemplo, soa como música aos ouvidos destes, que inclusive se vêem cada vez mais na liberdade de violar as leis trabalhistas, neste caso fechando a fábrica sem o mínimo previsto por lei, que seria dar um aviso prévio. Chegam ao absurdo de dizer que não irão pagar as verbas rescisórias! Somadas a isso estão as mudanças na constituição em decorrência da Reforma Trabalhista (aprovada no governo Temer, mas abraçada com elogios por Bolsonaro), que joga nas costas do trabalhador todos os custos pelas ações trabalhistas em andamento e dão a segurança de que não terão que lidar com muitos processos e os que houverem sairão a preço de banana.

Deveriam se opor a tudo isso as grandes centrais sindicais como a CUT que dirige milhares de sindicatos no Brasil, ou a Força Sindical, que dirige o sindicato de gráficos de Osasco e Barueri, ou ainda a NCST que está no sindicato de gráficos de Blumenau. Deveriam estar organizando em cada posto de trabalho um plano de lutas contra os ataques ao emprego, as demissões e aos direitos. Não é hora de trégua. O momento pede que essas centrais unifiquem os milhares de desempregados do país, com aqueles que estão lutando para manter seus empregos e todos os que se enojam com medidas como a reforma da previdência, que quer nos fazer trabalhar até morrer, pois apenas dessa unidade pode surgir uma resposta dos trabalhadores para a crise gerada pelos capitalistas.

 
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