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2 meses do crime da Vale em Brumadinho
Redação

A Vale segue impune, as famílias das vítimas seguem em busca de justiça e o Estado busca cada vez mais proteger a empresa. Alertas de novos rompimentos de barragens causaram evacuações, medo e revolta por todo o estado.

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Ontem (25) completou-se 2 meses da ruptura da barragem que matou centenas de trabalhadores e destruiu mais um rio do estado, um crime capitalista que se repetiu somente 3 anos após o crime da empresa em Mariana.

Foram mais de 300 mortos pelo crime da Vale em Brumadinho – 214 mortos identificados e 91 desaparecidos, o pior "acidente" (crime) de trabalho na história do país. O rompimento da barragem em Mariana em 2015 já havia causado 19 mortes. Em Brumadinho a maioria dos mortos foi de trabalhadores terceirizados, em sua maioria negros, os mais explorados, que ganham os piores salários, e sempre os primeiros nas listas de acidentes de trabalho.

O Rio Paraopeba morreu, após a Vale ter destruído o Rio Doce em 2015. Se a lama tóxica de 2015 chegou até o Parque de Abrolhos no sul da Bahia, atacando a fauna e flora de um importante local de preservação, a lama de 2019 já chegou até o Rio São Francisco, um dos mais importante do estado de Minas Gerais, que deságua no Nordeste, entre Alagoas e Sergipe. A destruição ambiental destrói também a vida de ribeirinhos e comunidades indígenas.

Rio Paraopeba após a lama tóxica. Foto: Lucas Hallel/Ascom FUNAI

A empresa segue impune por este crime, e vem tendo em sua defesa o governador-empresário Romeu Zema, do Partido Novo, eleito na onda bolsonarista. Em uma das muitas absurdas declarações Zema chamou o crime da Vale de "incidente" para defender a empresa. A Vale pagou pequenas multas e vem atrasando o pagamento das indenizações de Brumadinho. Além de seguir impune também pelo crime de 2015 em Mariana.

Denunciamos também como além de destruir as vidas com seus criminosos desastres na mineração, a Vale é uma empresa bilionária grande devedora da previdência social, enquanto o governo Bolsonaro quer fazer os trabalhadores trabalharem até a morte retirando o direito de aposentadoria.

O risco de novos rompimentos é iminente em diversas cidades de Minas Gerais, que viveram momentos de pânico. Macacos, distrito de Nova Lima, e Barão de Cocais são algumas das cidades que tiveram alertas sobre as barragens e evacuações da população. A Vale segue com sua irresponsabilidade e escondendo a realidade. Em Barão de Cocais a empresa sabia do alto risco há mais de 20 dias e não havia dado nenhum aviso à população sob risco. Em documento interno de outubro de 2018, a Vale projetou riscos, calculou custos e estimou a quantidade de mortos e afetados que um eventual rompimento da barragem 1 em Brumadinho poderia gerar.

Minas Gerais se encontra em um impasse. O estado já vinha atravessado pela crise econômica, política e social do país e tinha grandes problemas específicos, como a situação fiscal, com parcelamento e atraso dos salários do funcionalismo. Agora o rio de lama que arrasou Brumadinho gerou um novo fator de instabilidade, e promete ser decisivo para o futuro do estado nos próximos meses, dada a imensa crise política e social que se abriu, e o impasse econômico, devido ao peso da mineração na economia do estado.

Leia também: Para onde vai Minas Gerais após o crime da Vale em Brumadinho?.

Não é sem mobilização e revolta que pedimos justiça, exemplos disso são as manifestações que aconteceram em Belo Horizonte logo após o ocorrido e um mês depois, no Rio de Janeiro, na sede da Vale, em Brumadinho e recentemente com uma paralisação na linha de trem da Vale em Sarzedo, por Brumadinho e por Marielle Franco.

Manifestação em Belo Horizonte a um mês do crime da Vale em Brumadinho. Foto: blog Esmael Morais.

Mas essas manifestações não tiveram nenhum auxílio das centrais sindicais como a CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB, para que se unificassem e se potencializassem. Se nacionalmente as centrais estão paralisadas em trégua com o governo Bolsonaro e não mobilizam contra a odiada Reforma da Previdência, em Minas Gerais a CUT (que dirige os principais sindicatos) e as demais centrais jamais mobilizaram contra a Vale o governo Zema que a defende.

Ao contrário dessa paralisia, a CUT e as centrais sindicais precisam unificar as mobilizações por justiça em um movimento pela reestatização da Vale sob gestão dos trabalhadores e controle popular (da população junto de ambientalistas e especialistas das universidades e comunidades), um programa anticapitalista que visa fortalecer a luta de classes, que deve culminar em um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo, única maneira de transitar para outro modelo de mineração, que seja sustentável e de preservação do meio ambiente e das vidas.

Leia também: Pela re-estatização da Vale sob gestão dos trabalhadores e controle popular, para enfrentar a mineração predatória

Para isso é preciso que a classe trabalhadora entre na luta com seus métodos de paralisações e greves, junto da população atingida e de todos que querem lutar contra o lucro capitalista assassino da Vale, organizada a partir de assembleias nos locais de trabalho. Os parlamentares do PSOL devem fortalecer essa exigência à CUT e às centrais sindicais por um plano de lutas imediato.

Essa luta deverá se enfrentar com Zema e Bolsonaro, que estão do lado das empresas, e sempre pregaram flexibilização das licenças ambientais na mineração, para ampliar os lucros. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) já disse que a Vale não deve deixar de minerar, mesmo onde as barragens ameaçam os trabalhadores, a população e o meio ambiente. A classe trabalhadora e o povo precisam construir a sua saída, pois os capitalistas já estão impondo as deles, e preparando novos crimes e tragédias.

 
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