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COLETES AMARELOS
Os coletes amarelos se mobilizaram em uma França militarizada por Macron
Julien Anchaing

Com mudanças no comando da polícia parisiense e a intervenção do exército para tarefas de “manutenção da ordem”, as marchas de hoje se desenvolveram sob muita tensão.

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Após manifestação anterior dos coletes amarelos, durante a qual a radicalização e a massividade conseguiram por em xeque o dispositivo de segurança da polícia em Paris, o presidente Macron decidiu por um último giro repressivo e autoritário. Com mudanças no comando da polícia parisiense e a intervenção do exército para tarefas de “manutenção da ordem”, as marchas de hoje se desenvolveram sob muita tensão.

Na capital francesa, os principais pontos de mobilização de cada sábado, como a avenida Champs-Elysée ou a Praça Estrella, estão militarizados e com acesso completamente proibido aos manifestantes. As cifras oficiais falam de alguns milhares de coletes amarelos nas ruas parisienses, que ocuparam parques e praças como as que se encontram próximas à Torre Eiffel ou de Sacré-Couer.

O centro de Paris ficou completamente militarizado e com um forte deslocamento do exército ao redor dos principais lugares de poder, chegando a ser afirmado por vários porta-vozes militares que o uso de armas de fogo poderia ser considerado em caso de perigo para um funcionário das forças repressivas ou de um dos lugares sob segurança reforçada.

O Fouquet, restaurante emblemático da alta sociedade francesa, está protegido com um bunker depois de ter sido incendiado no sábado anterior por parte de setores dos coletes amarelos.

A linha de militarização, que justificou para o governo a detenção de mais de 5.600 manifestantes, para realizar controles preventivos e a ordem de prisão imediata de 45 manifestantes nas zonas proibidas, teve por objetivo principal desencorajar totalmente os mobilizados.

Por sua vez, os manifestantes se bem permaneceram nos lugares autorizados pela prefeitura em Paris, suas consignas “Castaner [ministro de segurança] na prisão” e outros “Anticapitalistas!” mostraram o nível de rechaço ao governo. Estavam presentes o líder da França Insubmissa, Melenchon, e várias das principais figuras públicas do NPA (Novo Partido Anticapitalista), Besancenot e Poutou.

Nas mobilizações no interior do país, onde o dispositivo de segurança não chegou aos níveis da capital, as colunas marcharam em cidades como Toulouse, Bordeaux, Montpellier, Niza, Lille e Lyon.

Após um duro peso policial em Niza, onde as marchas estavam completamente proibidas, uma mulher de 71 anos acabou gravemente ferida. Teve de ser levada da marcha pelos bombeiros, já que os policiais proibiram os “street-medics” (médicos e enfermeiros presentes nas mobilizações dos coletes amarelos) de intervirem para socorrer a mulher, apesar de seu estado grave. A marcha de Niza foi dispersada mediante a repressão realizada pelas forças policiais.

Em Toulouse, Lyon e Lille, viveu-se outra atmosfera. Apesar do lançamento de gases lacrimogêneos sobre os manifestantes e da forte presença da polícia, as zonas proibidas pelas quais passaram as mobilizações não foram respeitadas pelos coletes amarelos. Contra a violenta repressão, a determinação dos coletes amarelos conseguiu permitir a um setor seguir se mobilizando. Porém, a orientação tomada por Macron parece haver construído o estado de terror contra os protestos, tal como buscava o Executivo.

Esse sábado expressou o giro autoritário buscado pelo executivo francês para conter os coletes amarelos. Frente à "frouxidão" do prefeito de Paris, Michel Delpuech, o primeiro-ministro decidiu sua substituição por uma figura mais autoritária dentro da polícia nacional francesa, Didier Lallement.

Lallement começou desde cedo nesta manhã sua operação midiática, caminhando ao redor de suas 6 mil tropas mobilizadas em Paris, sobre os Champ-Elysées recordando que o aparato judicial oferece a eles hoje em dia todas as vias possíveis para “impedir que as marchas ilegais possam ser realizadas”. Sua mensagem, a “impunidade zero” que o localiza como mandante principal da repressão de hoje na capital desde suas novas “Brigadas de Repressão Anti-Violências”. Entre o discurso de Lallement e o dos principais funcionários envolvidos na repressão que afirmaram que “deve-se esperar que um black block termine tetraplégico”, justificou-se o uso de marcadores químicos e de drones para desenvolver o operativo repressivo.

Por sua vez, certos sindicatos decidiram denunciar o giro autoritário de Macron, como Sud-Rail, ferroviários de Paris, que disse “indignar-se” com a política do presidente atual.

Tradução: Vitória Camargo

 
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