Ministro da Casa Civil, enquanto Bolsonaro visitava o Chile, buscou reescrever o legado assassino da ditadura chilena sob Pinochet, para ele: "O Chile lá atrás teve que dar banho de sangue para mudar princípios macroeconômicos".
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É mais do que conhecida a defesa e a admiração de Bolsonaro, e membros de seu governo recheado de militares, pelo período da Ditadura Militar. Recentemente ele mandou que se comemore nos quartéis o aniversário do Golpe de 1964. Entretanto, outro regime ainda mais autoritário e sangrento é também reivindicado por seu governo.
Enquanto o próprio presidente visitava o Chile, aqui no Brasil seu Ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, reivindicou o papel cumprido pela Ditadura chilena sob o período de Pinochet no poder:
"O Chile lá atrás teve que dar banho de sangue para mudar princípios macroeconômicos. Já passaram oito governos de esquerda no Chile e nenhum tocou nisso. Graças a Deus no Brasil e, infelizmente na parte pessoal, o único sangue derramado foi o do capitão [Jair Bolsonaro]"
Além de justificar a violência de Pinochet e o "banho de sangue" da população chilena, a intenção de Onyx é se apoiar no suposto exemplo das reformas neoliberais do governo chileno ditatorial para buscar implementá-las aqui no país. Bem distante do conto apresentado pelo ministro, o legado da brutal ditadura chilena são milhares de assassinatos e torturados, além de duras reformas contra os trabalhadores, como as privatizações e a mudança no regime previdenciário, levadas a cabo pelos ’Chicago Boys" - o próprio Paulo Guedes, ministro da Fazenda, foi convidado pela ditadura para ser professor no país durante o período, assistindo de perto a implementação das reformas sangrentas que busca transpor para cá.
As sucessivas crises do governo Bolsonaro marcam os muitos limites para estabelecer um paralelo entre o governo atual e a brutal e autoritária ditadura chilena, ou mesmo em relação a ditadura brasileira, entretanto o discurso de seus representantes não deixa de evidenciar que os modelos admirados por eles são esses: "É uma coisa curiosa até do ponto de vista histórico. No Chile uma coisa sangrenta, e o Chile se rearrumou. No Brasil foi o dele, e graças a deus ele está aí firme e forte. Mas a gente está propondo caminho muito similar ao do Chile, e melhor".
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