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DITADURA ARGENTINA
Massiva mobilização na Argentina a 43 anos do golpe militar
Redação

Na Cidade de Buenos Aires e em todo o país houve marchas para recordar o início do golpe genocida de 1976. Na capital do país, ocorreram duas concentrações: uma organizada pelos organismos próximos ao kirchnerismo. Mais tarde, com uma perspectiva independente, o Encontro de Memória, Verdade e Justiça se mobilizou.

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Como em cada 24 de março, a Argentina viveu neste domingo mobilizações numerosas e massivas com objetivo de repudiar o início do golpe genocida, que hoje completou 43 anos.

Na Cidade de Buenos Aires, ao longo do dia, uma multidão se concentrou na Praça de Maio. Além disso, houve marchas expressivas em cidades como Córdoba, Rosario e Mendoza.

Na capital do país, como ocorre há mais de uma década, duas concentrações ocorreram: aquela convocada pelos organismos próximos ao kirchnerismo, e a que se mobiliza de maneira independente, chamada pelo Encontro Memória, Verdade e Justiça.

A partir das 14h, foram mobilizadas as organizações e organismos próximos ao kirchnerismo. Sob a consigna “Memória e Unidade”, este setor denunciou a impunidade da qual gozam muitos genocidas e o discurso negacionista endossado por parte do oficialismo nacional.

Ao mesmo tempo, com a proposta de “unidade” contemplada na consigna, estas organizações estiveram localizadas apoiando a política que impulsiona, no âmbito do ano eleitoral, o espaço da ex-presidente Cristina Kirchner.

De fato, o documento lido durante o final do ato assinalava que “este ano teremos novamente um compromisso com a democracia para eleger representantes para os próximos quatro anos. A memória e a unidade são as ferramentas para recuperar nossos direitos, porque sabemos que quando o povo constrói sua história, nada pode detê-lo”.

Essa definição está em sintonia com a política que impulsiona o kirchnerismo a nível nacional, que propor acordos com os setores mais reacionários do peronismo rumo às eleições gerais.

Como demonstração, este sábado à noite (23), o kirchnerismo de Córdoba apresentou sua lista de governadores, a qual beneficia de maneira direta o atual governador Schiaretti, um firme aliado de Macri.

Na Praça de Maio, a Associação de Mães da Praça de Maio também se mobilizou, sob a liderança de Hebe de Bofanini. O fez sob a consigna “A 43 anos do golpe a luta continua. Ontem contra os militares, hoje contra os entreguistas”.

Perto das 16:30h, desde as proximidades do Congresso Nacional, começo a mobilização do Encontro Memória, Verdade e Justiça. Essa convocatória batalhou por uma política independente dos governos e dos diversos partidos patronais, tal como vem ocorrendo desde mais de uma década.

Nora Cortiñas (Fundação das Mães-Mãe) e Adolfo Pérez Esquivel (Prêmio Nobel da Paz) estiveram entre os líderes do evento, entre outras figuras destacadas na luta pelas liberdades democráticas. Alí também estavam presentes os representantes mais importantes da Frente de Esquerda, como Nicolás del Caño, Myriam Bregman e Néstor Pitrola.

O Encontro Memória, Verdade e Justiça denunciou a impunidade e a repressão, exigindo punição para todos os responsáveis - civís e militares – do genocídio perpetrado entre 1976-1983 e questionou o discurso negacionista de parte do governo nacional.

Nesses marcos, como é tradição, denunciou o duplo discurso que marcou o ciclo Kirchnerista em relação à luta contra a impunidade. Sobre isso, o documento lido durante o ato afirma: "Seguimos aqui, sem baixar nenhuma de nossas bandeiras. É por isso que, desde o Encontro Memória, Verdade e Justiça, denunciamos o governo dos Kirchner, que nomeou Berni e Milani. Que criou o Projeto X de espionagem. Que baixou a idade de imputabilidade para 16 anos. Que elevou as mortes por ação policial para um a cada 28 horas, incluindo o desaparecimento forçado seguido de morte de Luciano Arruga. Que usou a Gendarmaria (aparato militar) para reprimir as lutas populares. E ainda aprovou a chamada "lei antiterrorista".

No mesmo sentido, o documento lembrou os obstáculos que surgiram naqueles anos para lutar contra a impunidade dos genocídas. O documento assinalava "o desaparecimento de Julio López em 2006 e o encobrimento do Estado e do governo da Província de Buenos Aires. Os julgamentos fragmentados que o Poder Judiciário nos impôs, recusando-se a julgar todos os genocidas pelos crimes cometidos contra todos os companheiros e companheiras. E a negação da maioria da justiça para condenar os repressores pelo crime que cometeram: genocídio ".

O documento lido por concentração também denunciou fortemente a atual situação econômica, política e social, bem como a atual política de ajuste em curso:

"A política de Macri aprofunda brutalmente baixos salários e aposentadorias, a flexibilização trabalhista, as demissões e suspensões, as tarifas de serviços públicos, o corte de planos sociais, o saque das corporações e o endividamento externo e eterno, com sua consequência de fome e miséria (...) Mas Macri não faz isso sozinho. Como Cambiemos não tem maioria no Congresso, pôde aprovar o ajuste orçamentário de 2019 com votos de setores peronistas do PJ, o massismo e outros. E esse ajuste se aplica não apenas com Vidal, Larreta e Cornejo, mas com a ajuda dos governadores cúmplices, que também se ajustam e reprimem".

Neste 24 de Março, voltou a se expressar duas perspectivas políticas claramente diferentes. Por um lado, aquela sustentada pela organizações e organismos próximos ao kirchnerismo, que buscam o caminho da “unidade” para enfrentar Macri. Uma “unidade” que não tem fronteiras e abarca até mesmo os governadores que impõem o ajuste em suas próprias províncias.

Por outro, a perspectiva pela qual o Encontro Memoria, Verdade e Justiça batalha. Uma perspectiva que além de lutar contra impunidade que ainda existe na Argentina e a repressão atual, denuncia os ajustes em curso e a cumplicidade do peronismo com esse ataque ao conjunto da população trabalhadora.

 
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