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ARGÉLIA
Vitória popular na Argélia: Bouteflika renuncia a novo mandato depois de semanas de protestos
Redação

Debilitado por semanas de protestos e com um estado de saúde ruim, o octogenário presidente da Argélia anunciou nesta segunda-feira que não concorrerá um quinto mandato e que adiará a data das eleições.

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O Presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, disse segunda-feira em uma mensagem ao país que ele não vai se apresentar como candidato para as próximas eleições e que as mesmas, marcadas para 18 de abril, serão adiadas até novo aviso.

Até agora, os protestos continuam nas ruas e não se sabe se a manobra presidencial é suficiente para conter um movimento de rua que dobrou a aposta inicial e pede a renúncia de Bouteflika e uma reforma profunda contra os privilégios da casta e do establisment político-militar governante.

O presidente octogenário, que está hospitalizado com estado de saúde que não pode aparecer publicamente e governa desde 1999, desistiu de concorrer a um quinto mandato, depois de três semanas de protestos que se tornaram os mais importantes das últimas décadas.

As manifestações que começaram na capital Argel, e se espalharam para grandes cidades em todo o país, foram realizadas por jovens, estudantes, trabalhadores e militantes do movimento das mulheres, como foi o caso na sexta-feira, onde centenas de milhares tomaram as ruas no Dia Internacional da Mulher

Nesta segunda-feira se somaram nas mobilizações convocadas os deputados do parlamento e centenas de juízes. Esses últimos se somaram a marchas e “sentadas” que se repetiram contra escritórios judiciais em Argel e Bejaia, além de cidades como Guelma, Annaba e Ettaref, disse o advogado e ativista de direitos humanos Salah Dabouz.

Em um comunicado, Dabouz explicou que cerca de mil juízes também decidiram criar um grupo para apoiar o movimento popular e exigir uma mudança radical no sistema político e a implementação de um estado de direito.

As mobilizações começaram há vários meses nos campos de futebol e inicialmente foram dirigidas contra a opção de Bouteflika, de 82 anos, de concorrer à reeleição para um quinto mandato nas eleições presidenciais de 18 de abril.

Elas saltaram para as ruas do país em 22 de fevereiro, dois dias antes Bouteflika ser transferido para Genebra, para ser hospitalizado e dias antes do regime suspender a abertura do novo aeroporto de Argel, que poderiam ajudar o presidente.

Desde então, têm crescido a cada sexta-feira e mudaram para deixar de ser um protesto contra o quinto mandato para se tornar um clamor popular de milhões de pessoas contra a corrupção de um regime dominado pelo Exército e pelos serviços secretos desde a independência da França em 1962.

A pressão na rua tem sido mantida diariamente pelos estudantes, o que o regime tentou reduzir adiantando dez dias de férias universitárias, que começaram no domingo em todos os cantos do país.

Bouteflika já havia tentado uma manobra na semana passada quando anunciou que, se vencesse, não cumpriria seu mandato, mas convocaria eleições antecipadas. Os estudantes denunciaram essa "proposta" como uma farsa e, assim como as numerosas marchas na sexta-feira, pediram sua renúncia.

Na presidência desde 1999, Bouteflika sofreu um "derrame" em 2013 que reduziu suas faculdades físicas e o impediu de fazer campanha nas eleições presidenciais de 2014, mas não de vencer as eleições.

Desde então não pode falar em público, se desloca numa cadeira de rodas empurrada por seu irmão Said e suas aparições públicas são raras, reduzidas a imagens gravadas pela emissora estatal no Conselho de Ministros ou visitas de diplomatas estrangeiros.

O recuo de Bouteflika é devido à magnitude histórica das manifestações que começaram a ameaçar não apenas o posto do presidente octogenário, mas também seu irmão, e a questionar a liderança do Exército e todo o sistema político.

Esta renúncia é uma vitória para o movimento, mas continua em aberto se ela vai ser suficiente para satisfazer as centenas de milhares que foram encorajados a tomar as ruas esta semana, quebrando a proibição manifestar-se no centro de Argel, e cujas exigências foram crescendo além do simples recuo de Bouteflika. É por isso que os protestos continuaram na segunda-feira, no meio das comemorações, enquanto a resolução presidencial era conhecida.

 
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