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8M NO ESPÍRITO SANTO
ES: por um 8M de mulheres à frente contra Trump e Bolsonaro, justiça por Marielle e contra a reforma da previdência
Redação

Num estado que já registrou a maior taxa de feminicídios do Sudeste, é necessário exigir que as centrais sindicais rompam com seu papel de freio que impedem que tomemos essa batalha em nossas mãos. A força das mulheres organizadas pode transformar esse 8 de março no primeiro grande ato contra os ataques do governo Bolsonaro.

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Em 2018 o Espírito Santo registrou a maior taxa de feminicídios do Sudeste e a terceira maior do Brasil em 2017, ano em que mais de 12 mil casos de violência contra a mulher foram registrados no estado. A taxa de feminicídios no Espírito Santo é quatro vezes maior do que a média nacional. Número que cresce ainda mais com a avanço e fortalecimento da extrema direita.

É nesse cenário, frente ao governo Bolsonaro e às vésperas de completar um ano do assassinato de Marielle Franco, uma das feridas abertas do golpe institucional que permanece impune, que precisamos colocar como tarefa a construção desse 8 de março, o primeiro grande ato político nesse governo, para enfrentarmos os ataques que estão por vir, nos apoiando no movimento de mulheres que há anos vem se mostrando como um dos mais importantes do mundo e expressa na mobilização de mulheres e meninas em diversos países a energia capaz de colocar abaixo o patriarcado sustentado pela superexploração capitalista.

As mulheres e os LGBTs estão no centro de ataques do avanço da extrema direita, sobretudo diante do governo Bolsonaro — herdeiro de um golpe institucional — que adota bandeiras reacionárias, retrocede em direitos conquistados com muita luta e mobilização, retira programas e faz cortes que afeta toda a população, mas principalmente afeta diretamente a vidas das mulheres que são a maioria entre os setores mais precários e com salários mais baixos, especialmente as mulheres jovens negras.

Não podemos deixar de lado que o ano de 2019 mal começou e diversos casos de feminicídios aconteceram amparados também pelos discursos do governo. Num país que mais assassina LGBTs, não podemos dizer, como o PT vem dizendo, que as demandas das mulheres são uma cortina de fumaça, não podemos defender que a tarefa das trabalhadoras e dos trabalhadores é se concentrar nas pautas econômicas e deixar de lado as pautas morais. Nós, do Pão e Rosas, entendemos que cada ataque aos nossos direitos individuais é parte de uma engrenagem que trabalha para a aplicação das reformas, a nossa luta contra os ataques às mulheres não pode estar separada do combate contra cada ataque econômico que o governo quer impor a todos os trabalhadores.

A Reforma da Previdência de Bolsonaro e dos grandes capitalistas que estão a seu lado é um ataque direto às mulheres e à juventude. A classe operária brasileira é hoje majoritariamente feminina e negra. É gritante a diferença salarial no Brasil entre homens e mulheres, e as mulheres negras chegam a receber 60% menos que os homens brancos. As mulheres trabalham mais e mais cedo que os homens, garantem todo o trabalho doméstico, cuidam dos filhos e se dividem em duplas ou triplas jornadas de trabalho.

Durante os 13 anos do governo PT o aborto não foi legalizado e muitas vezes atuaram contra o direito ao aborto, Marco Feliciano foi nomeado à comissão de direitos humanos, o PT avançou com a terceirização e precarização do trabalho, além de ter aberto o caminho para o governo Bolsonaro, atacando diretamente as mulheres. Agora, não podemos achar que é uma cortina de fumaça, por exemplo, as declarações da ministra Damares Alves que deixou claro que quer colocar os LGBTs de volta no armário e as mulheres de volta na cozinha e já se pronunciou contra o direito ao aborto, defende educação em domicílio, que, para além de servir para limitar o pensamento crítico da juventude, tem a função de abrir com tudo a porta para a privatização do ensino com as diversas redes de educação privada, chefiadas por nomes do governo atual, como Paulo Guedes, principal figura colocada pela burguesia para passar os ataques. É também um ataque à categoria de professores, composta majoritariamente por mulheres. E essa mesma lógica tem sido expressa na organização do 8 de março, onde CUT e a CTB defenderam que a marcha das mulheres não deveria se colocar contra Bolsonaro.

Por isso nos apoiamos no movimento de mulheres internacional que vem movimentando vários países, como na Argentina, com a luta pelo direito ao aborto e o movimento Ni una a Menos; nos Estados Unidos, onde as mulheres estavam na linha de frente na greve dos professores de Los Angeles e nas marchas contra Trump; na Europa, com as mulheres que estão no protagonismo na França, que arde na batalha dos Coletes Amarelos, e no Estado Espanhol, em luta por uma greve geral no 8 de março. Na Índia, em aliança com os trabalhadores homens, onde as mulheres lutam por melhores condições de vida e por mais emprego na juventude, e construíram um impressionante cordão humano de mais de 600 km de extensão em luta pelos mesmos direitos religiosos que os homens.

No Brasil, as mulheres também estiveram na linha de frente de diversas batalhas que começaram a tomar a cena nacionalmente desde junho de 2013 e colocaram à frente as demandas democráticas expressas, em primeiro lugar, contra o racismo e a violência policial, mas que avançaram para questionar os padrões impostos pelo patriarcado. Na expressão em massa contra Bolsonaro, apesar dos limites estratégicos e reformistas, as mulheres também estiveram a frente da luta no movimento #EleNão e agora mostram que são a vanguarda na luta contra a Reforma da Previdência a partir da greve de professores no município de São Paulo.

A força das mulheres organizadas pode transformar esse 8 de março no primeiro grande ato contra os ataques do governo Bolsonaro. Toda a força das mulheres ainda pode ser colocada à prova, pois não estamos derrotadas e os embates decisivos ainda estão por vir.

Lutemos para que as nossas pautas sejam tomadas pelo conjunto da classe operária, por isso sempre denunciamos o papel de freio que as centrais sindicais cumprem para impedir que tomemos essa batalha em nossas mãos. Fazemos um chamado para que o conjunto do movimento de mulheres faça uma exigência contundente às centrais sindicais e estudantis, para que organizem assembleias de base em cada local de trabalho e estudo a fim de discutir os ataques às mulheres e a todos os trabalhadores, apostando em uma aliança com todos os setores explorados e oprimidos. Só assim teremos força para derrotar os planos de Bolsonaro e construir com um só punho um novo projeto de sociedade. É tarefa de toda a esquerda, em especial do PSOL e suas parlamentares, levantar em alto e bom som essa exigência.
É preciso que rompam com qualquer estratégia que limite as mulheres no sentido do desenvolvimento de uma luta anticapitalista, capaz de colocar abaixo o obscurantismo que serve para calar nossas vozes.

É preciso organizar um plano de lutas contra a Reforma da Previdência: não podemos esperar o governo fechar os acordos com o congresso para começarmos a nos organizar. Estamos na linha de frente contra os ataques aos nossos direitos democráticos e dizemos não à censura, à perseguição e à tentativa de calar nossa luta por nossas demandas. Entendemos que nossa luta contra os ataques às mulheres não pode estar separada do combate contra cada ataque econômico que o governo quer impor a todos os trabalhadores.

Fazemos um chamado a todas as mulheres, estudantes e trabalhadoras para que em cada escola, fábrica, universidade ou local de trabalho se organizem, que as mulheres possam se colocar na linha de frente da luta contra Bolsonaro, justiça por Marielle, contra a reforma da previdência.

 
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