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8 DE MARÇO
RN: Por um feminismo socialista
Pão e Rosas
@Pao_e_Rosas

Essa sexta será o 8 de Março, dia Internacional de Luta das Mulheres. Enquanto são organizadas assembleias de base em distintos países, que preparam uma grande greve internacional de mulheres, seguimos engasgadas no Brasil. São 12.873 mulheres agredidas todos os dias de 2018, milhões de exploradas e ameaçadas de trabalhar até morrer pela Reforma da Previdência, que segue sem resposta movida pelas centrais sindicais. O assassinato de Marielle Franco ainda não tem mandantes, há um ano a polícia e o judiciário mostram que não tem interesse em trazer justiça à ex-vereadora.

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Em vários blocos de carnaval, este engasgo tem ao menos se aliviado em reconhecer em tantos rostos, placas e fantasias que somos muitíssimos os que repudiam o reacionário Bolsonaro, em meio a um clima de luto garantido pelos anúncios de ataques constantes e tragédias capitalistas como Brumadinho e a paralisia efetivada pelas Centrais Sindicais.

Bolsonaro é um presidente misógino, que ficou conhecido por afirmar que uma mulher não seria estuprada porque não o merecia e por se declarar favorável a que mulheres recebam um salário menor que homens, junto a afirmações racistas e escravocratas. É necessário um feminismo socialista para enfrentar este fantoche de Trump tropical.

8M: o movimento de mulheres retorna às ruas em um mundo em convulsão

As mulheres em todo o mundo se levantam contra o descarrego da crise capitalista sob as nossas costas. As mulheres Coletes Amarelos na França demonstraram a combatividade necessária para arrancar concessões como o aumento do salário mínimo, as mulheres indianas demonstraram sua força com sua muralha e histórica greve, as mulheres catalãs que ocuparam escolas e universidades pela sua autodeterminação, demonstrando a disposição de luta por grandes objetivos. Nesta época, o capitalismo prova cada dia mais sua decadência e dependência do patriarcado, frente a uma classe trabalhadora composta majoritariamente por mulheres e uma nova geração de garotas que não aguentam mais o assédio, violência e cada expressão machista e que não nutrem suas esperanças no capitalismo.

Entre o 1º e o 2º turno das eleições mais manipuladas da história recente do país, que levaram Bolsonaro à presidência, as mulheres foram linha de frente do #EleNão, demonstrando todo seu repúdio enquanto cada centímetro era manipulado pelo Judiciário e apoiado pelas Forças Armadas, com a prisão arbitrária de Lula, o caixa 2 do whatsapp e o roubo de milhões de votos. Ao passo que ficava evidente a disposição de luta das mulheres, todos os setores da ordem buscaram capitalizar a politização, até mesmo Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a utilizar a hashtag em sua campanha, o famoso ladrão de merendas.

Bolsonaro foi eleito e o movimento refluiu, ainda que a politização siga a todo vapor, o PT, por via das centrais sindicais, auxiliada pela Marcha Mundial de Mulheres, marcou a data para encerrar a luta da mais massiva mobilização da vanguarda de mulheres ao segundo turno, acabando com os incipientes espaços de politização. Não levaram até o final uma proposta que unificasse a luta do #EleNão, organizada em comitês que se gestaram nas universidades e deveriam se expandir aos sindicatos, sob exigência da MMM. Portanto, ambas cooperaram em negar a frente única contra o avanço da misoginia, pela liberdade de Lula e o avanço da extrema-direita.

Hoje,vemos todos os setores de um governo unificados em torno da aprovação da Reforma da Previdência para nos fazer trabalhar até morrer, mas a lua de mel da população com o governo segue, sustentada justamente pelas Centrais Sindicais e sua medíocre estratégia de levar uma “proposta alternativa” de ataque às aposentadorias, ao invés de rechaça-la apostando em medidas de alertar e unificar trabalhadores e trabalhadoras das fábricas, terceirizadas com as do call-center e das universidades, aliando as forças contra a Reforma da Previdência com as em defesa dos direitos das mulheres.

Se por um lado não se sentiram os efeitos de um ataque de grandes dimensões e os escândalos tampouco deixam de existir envolvendo o Clã Bolsonaro, há uma tolerância e esperança nas medidas do governo para melhorar a economia, a segurança. Uma grande contradição reconhecida por Bolsonaro como presente nesta estabilidade conjuntural, no entanto, é o claro potencial das mulheres de serem a vanguarda da luta de classes contra os principais ataques do governo. Por conta desse fato que, para passar seus planos para a crise, ele necessita avançar contra os avanços culturais das últimas décadas, para ampliar as barreiras ideológicas entre trabalhadores e trabalhadoras. Ao mesmo tempo, também sinaliza “concessões”, como quando mencionou a possibilidade de aumentar “apenas” para 60 anos a idade mínima para as mulheres se aposentarem.

Entrevista: as tarefas das mulheres na preparação do 8 de Março

O PT, ao passo que aponta uma saída parlamentar irrealizável, apoiando Renan Calheiros e ajudando a eleger Rodrigo Maia (DEM) para a Presidência da Câmara e deixando Bolsonaro sangrar magicamente para a população, cuja lógica leva a considerar vantajosa a aprovação da Reforma da Previdência, confundindo um ataque com uma possível. Se enroscam às suas posições parlamentares com base nos velhos acordos com PSDB. Até agora sequer uma real oposição parlamentar nesses marcos estão conseguindo, o PDT de Ciro e o PSDB de FHC ambos apoiam a Reforma da Previdência. O objetivo se reduz a pacificamente construírem a sua próxima chapa eleitorial “mal menor”, com ex-inimigos golpistas, para as eleições de 2022. O papel decisivo de paralisia nos locais de trabalho e estudo é exatamente este o que cumprem as Centrais Sindicais e a UNE.

Ao longo dos anos de governo do PT, dois “pactos” com os setores mais reacionários da política nacional e que hoje ocupam não apenas o Executivo, como a maioria das Câmaras, foram parte de abrir o espaço para Damares afirmar que “Meninos vestem azul, meninas vestem rosa”, o Pacto Brasil-Vaticano e a Carta ao Povo de Deus, assim como a entrega da Comissão de Direitos Humanos e Minorias ainda em 2013 para Marco Feliciano e a retirada dos termos gênero e sexualidade do Plano Nacional de Educação, rifaram os direitos das mulheres, em um país que está em 5º no mundo em números de feminicídios e recordista em assassinatos de LGBT. Tudo isso sob consentimento da Marcha Mundial de Mulheres, que eram porta-vozes da estratégia “governista” que dava base a esse tipo de entrega dos direitos das mulheres por alianças com os seus carrascos morais.

Leia também: A luta das mulheres contra a extrema-direita é também contra a polícia

Ainda assim, as mulheres devem supostamente confiar no PT para defender seus interesses, quando mesmo após 13 anos de governo deste partido, 97% das cidades brasileiras seguem sem ter casas-abrigo para mulheres vítimas de violência, enquanto a dívida pública foi paga religiosamente ao capital financeiro internacional, garantindo os lucros dos grandes bancos.

No Rio Grande do Norte, os impactos da crise chegaram há tempos, com negras e negros e mulheres com os maiores índices de desemprego. São centenas de comércios fechados, servidores estaduais e municipais extremamente endividados, para os jovens a renda mensal teve uma média de R$ 701 mensais e esta situação só promete piorar no que depender de Bolsonaro, que além de evidenciar que governa contra a classe trabalhadora, nutre ódio pela classe trabalhadora nordestina.

Apesar do discurso de Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, e o evidente contraste entre um fantoche de Trump com tendências proto-fascistas está na presidência e ela, sua política é funcional ao duplo movimento que o PT vem fazendo, na contramão da intervenção independente da classe trabalhadora que possa derrotar os ataques. O conteúdo da política que se implementa determina quem favorece até o final, o que fica evidente quando Fátima escolhe priorizar o pagamento da dívida legada pelos governos anteriores, ao invés de pagar os salários atrasados das servidoras estaduais, como as da saúde, que protagonizam uma importante greve.

A Frente Ampla defendida por praticamente toda a esquerda, que colocou o PSOL junto à REDE de Marina Silva e Itaú e PSB de Jonas Donizette, significa construir um caminho que coloque as demandas da classe trabalhadora e um programa anticapitalista para a crise em uma camisa de força, assim como as exigências frente às Centrais Sindicais. Os interesses das mulheres da classe trabalhadora, das negras e negros, indígenas, LGBT, são opostos aos interesses da burguesia, inconciliáveis. E se o capitalismo evidentemente não tem nada a oferecer além de miséria, exploração e opressão, que defendamos então um feminismo socialista, por uma vida que valha a pena ser vivida..

nesse dia 7, acontecerá a última plenária de organização do 8 de Março em Natal, após reuniões onde militantes do PT ameaçaram não convocar manifestação caso existissem pronunciamentos críticos a seu partido, demonstrando a quem serve esta unidade a todo custo. Ao mesmo tempo, correntes como o PSTU seguiram sua linha golpista, servindo de cobertura à esquerda para o autoritarismo judicial. Os servidores da saúde do Rio Grande do Norte seguem em greve, completamente isolada frente as outras categorias, exigindo minimamente o pagamento de metade do total dos atrasados. É fundamental que a plenária sirva para desde já organizar um grande dia de luta no próximo 14, um ano do assassinato de Marielle Franco. E também a solidariedade à greve da saúde. É por isso que deste espaço precisa sair uma exigência às Centrais Sindicais e Entidades Estudantis, que convoquem assembleias de base em cada curso, cada categoria na qual estão, para debater a ferida aberta do golpe institucional. Seguimos sem respostas sobre os assassinatos de Marielle e Anderson e sua última pergunta ecoa pelas mãos da política de Moro e Bolsonaro “quantos mais vão morrer pra essa guerra acabar?”.

Precisamos exigir das direções das entidades sindicais e estudantis que convoquem assembleias para organizar nossa luta.

Nós mulheres do Grupo de Mulheres Pão e Rosas publicamos um manifesto que será distribuído e debatido com nossas militantes, por um feminismo socialista para enfrentar o governo Bolsonaro, convidamos todas, todos e todes a debaterem conosco seu conteúdo e se organizarem no Pão e Rosas e no Esquerda Diário. Assim como para a Roda de Conversa no dia 08 de Março, no Corredor do Setor 2 da UFRN as 13h00.

 
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