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RUMO AO 8M
Mulheres à frente contra o presidente nacional do PSL que diz que “política não é muito de mulher”
Redação

Muralha de mulheres na Índia, greves nos EUA e Brasil, lenços verdes e laranja na Argentina, na luta pela legalização do aborto. Rosa Luxemburgo. Ao contrário dos rumos da história e temeroso da força das mulheres nas ruas, Luciano Bivar (PSL-PE) diz em entrevista que mulheres não possuem vocação para política. As professoras e municipárias de São Paulo em greve contra a reforma da previdência são a prova viva disso.

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Depois de tanto desviar do questionamento da candidatura laranja de Maria de Lourdes Paixão, do Pernambuco, em entrevista para a Folha de São Paulo, o presidente nacional do partido de Bolsonaro negou saber sobre a candidata e ainda disse que “não é muito da mulher” entrar na vida partidária.

Quando a repórter perguntou-lhe se a candidatura teria saído se não houvesse o preenchimento de 30% da cota para mulheres, ele disse que considera a regra errada e que política não é vocação para a mulher, além de fazer coro com a ministra Damares (a que disse que meninas vestem rosa e meninos vestem azul) ao estabelecer que vocação para mulher é ser bailarina: “Eu considero a regra errada. É isso que eu estou dizendo que vocês têm que bater. Você tem que ir pela vocação, tá certo? Tem que ir pela vocação. Se os homens preferem mais política do que a mulher, tá certo, paciência, é a vocação. Se você fizer uma eleição para bailarinos e colocar uma cota de 50% para homens, você ia perder belíssimas bailarinas, porque a vocação da mulher para bailarina é muito maior do que a de homem. Tem que ser aberto.”

Destilou mais machismo ainda no momento em que tratou com desprezo a opinião das mulheres na política ao dizer que a mãe da jornalista provavelmente não preferiria estar na vida partidária: “É uma questão de vocação, querida. Eu não sei na sua casa, se sua mãe gosta tanto de política quanto seu pai. Você tem que gostar porque é jornalista política. Mas se alguém fosse candidato na sua casa, estou aqui fazendo uma ilação, certamente seu pai seria candidato e sua mãe não seria. Ela tem outras preferências. Ela prefere ver o Jornal Nacional e criticar, do que entrar na vida partidária. Não é muito da mulher.”

A situação fica pior ainda na ocasião que trata essa divisão medíocre entre homens e mulheres com o argumento de que é psicológico e que a regra de cota de 30% de candidaturas femininas por partido é “violentar o homem”: “Mas não é a regra geral, tá certo? Você não pode fazer uma lei que submete o homem... Você não pode violentar o homem. Uma reportagem bonita da Folha era entrar no lado psíquico da questão da vocação partidária.”

Ainda por cima, fez outra analogia, após a da bailarina, em que trata o futebol como um esporte masculino e escancara que os patrocinadores também têm base machista ao não financiar times femininos, além de dirigir-se à jornalista como “queridinha”: “Escuta uma coisa. Você vai passar a vida inteira e o time de futebol de mulher jamais vai atrair o público que atrai o futebol masculino. Ou não é? Ou não é? Eu fui presidente do Sport, eu sempre ajudei o feminino. Para arranjar um patrocinador é a coisa mais difícil do mundo. Então, queridinha, olha, a gente tem que estudar a arte humana.”

Luciano Bivar do partido do presidente da República de extrema direita Jair Bolsonaro, só diz isso porque sabe o enorme papel que as mulheres já cumpriram historicamente na política, mas também a enorme ameaça que elas significam para o poder de seu partido e, de conjunto, contra os ricos e poderosos. Seu ódio contra as mulheres é o daquele que treme ao ver que já somos maioria na classe trabalhadora, e que desafiamos em todo o mundo, com unhas e dentes, o mito da inferioridade feminina. O movimento de mulheres há anos vem se mostrando como um dos mais importantes do mundo e expressa na mobilização de mulheres e meninas em diversos países uma energia capaz de colocar abaixo o patriarcado sustentado pela superexploração capitalista.

Em São Paulo, as mulheres trabalhadoras têm encabeçado a luta contra a Reforma da Previdência de Bruno Covas, apoiado pela polícia de Dória, que na semana passada foi desafiada por essas mesmas mulheres, em um duro enfrentamento à repressão truculenta da Polícia Militar de SP.

Para mais, estamos no centenário do assassinato de uma das maiores dirigentes da classe trabalhadora do mundo: Rosa Luxemburgo. Não será político de extrema direita que destilará machismo contra a força das mulheres, quando fazemos reviver a águia da revolução que rompe com todos os estereótipos da passividade feminina.

Querem nos manter caladas, presas ao “lar” e à submissão patriarcal, para que trabalhemos até morrer com a reforma da Previdência, porque temem o potencial explosivo da nossa organização, temem que tomemos as ruas como as indianas e sua muralha de 640 km, como as meninas argentinas e seus lenços verdes e laranja. Temem que nos aliemos com nossos colegas de trabalho, de faculdade, nossos pais e irmãos para lutar contra os ataques capitalistas e o patriarcado, desafiando a divisão de gêneros e raçasque os capitalistas mantém para poder lucrar mais. querem nos manter amedrontadas pelo brutal assassinato de Marielle Franco, e ao invés disso, carregamos sua memória nas bandeiras de nossa luta, nas ruas.

Não vão calar nossas vozes! Nesse 8 de março, teremos mulheres à frente contra a misoginia do governo Bolsonaro, Donald Trump, por justiça por Marielle e contra a Reforma da Previdência.

 
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