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Crise na Venezuela
Cúpula no Uruguai: uma solução negociada para a crise venezuelana adaptada à interferência estrangeira
Redação

Os governos uruguaio e mexicano promovem uma posição conjunta em Montevidéu chamando ao diálogo na Venezuela. Quem poderia se beneficiar de uma possível negociação?

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Desde a última quarta as reuniões e encontros bilaterais acontecem na capital Uruguaiana, o objetivo não é muito ambicioso mas parece difícil de conseguir: abrir um canal de diálogo entre o presidente venezuelano, Maduro, e o opositor que se autoproclama presidente, Guaidó.

A cúpula foi convocada assim que os governos do Uruguai e do México decidiram não seguir seus pares do Grupo Lima, liderados pelo presidente argentino Mauricio Macri e o brasileiro Jair Bolsonaro, em apoio às medidas golpistas impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela.

A autoproclamação de Guaidó como presidente, seguida do rápido reconhecimento pelos Estados Unidos, os governos de direita da região e vários da União Europeia parecia antecipar os tempos, consumando um golpe apoiado na administração de Donald Trump contra o governo de Maduro.

As sanções impostas por Trump, que alcançam até a petroleira estatal PDVSA, buscaram acelerar a passagem para o campo oposto das Forças Armadas Venezuelanas, principal apoio do governo de Maduro. Por enquanto, as medidas não tiveram esse efeito, ainda que pudessem ser sentidas agravando as dificuldades econômicas, o que demonstra que a interferência dos EUA está longe de favorecer o povo venezuelano.

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No momento, o avanço golpista não conseguiu o desejado apoio de um setor dos militares, o que levou a uma situação de impasse, dando tempo ao governo de Maduro. Essa situação faz com que uma carta por uma saída planejada comece a ter mais peso.

Uma negociação adaptada à interferência imperialista

Jogando de dois lados, a União Europeia não tardou em se juntar ao chamado de vários países latino americanos e assegurar sua participação em Montevidéu. Espanha, França, Alemanha, Itália, Portugal, Suécia, Países Baixos e Reino Unido enviaram representantes.

Os governos desses países europeus, poucos dias atrás, não reconheciam Maduro como presidente da Venezuela, oferecendo seu apoio ao golpista Guaidó. Cinicamente agora, alegam apoiar o objetivo que promove um diálogo político na Venezuela, que evite opções violentas, enquanto mantém o apoio ao opositor autoproclamado presidente.

O jogo duplo das principais potências europeias parece responder também à tentativa de não deixar a carta de “diálogo” nas mãos da Rússia e da China. Tanto russos quanto chineses se mostraram propensos a uma saída negociada, ainda que, por enquanto, mantenham seu apoio a Maduro, movidos pelo tentativa de manter os acordos petroleiros e econômicos, assinados com o governo, com o avanço dos EUA que busca recuperar seu papel hegemônico na região.

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Por outro lado, o México e o Uruguai mantêm uma posição diferente. Propõem o chamado “Mecanismo de Montevidéu”, com o que buscam avançar em alcançar “a paz na Venezuela”. Esse mecanismo consiste em quatro etapas focadas em Diálogo imediato, Negociação, Compromissos e Implementação.

“Propomos o Mecanismo de Montevidéu a partir de nosso interesse e disposição legítimos em ajudar o povo venezuelano e os atores envolvidos a encontrar uma solução para suas diferenças”, diz um comunicado conjunto de ambos países, apoiado também pela Comunidade do Caribe (Caricom).

Em contraste com o rápido alinhamento da maioria dos países que integram o Grupo Lima (12 países latino americanos, entre eles Brasil, Argentina e Canadá) às determinações americanas, que exigiram uma imediata renúncia de Maduro, a posição mexicana e uruguaia parece uma saída “oposta ao intervencionismo”. A realidade é que além do chamado “ao diálogo e à paz”, o governo de López Obrador e de Tabaré Vázquez evitaram se manifestar abertamente contra as sanções impostas por Trump. Além disso, reconheceram implicitamente a legalidade dos atos da oposição golpista venezuelana.

Maduro tenta ganhar tempo

Maduro tenta avançar em um possível diálogo com a oposição, sabendo que isso seria ganhar tempo para se recompor do assedio promovido pelo imperialismo norte americano.

A tentativa de golpe da oposição, patrocinada pelos Estados Unidos, buscou se apoiar no descontentamento popular com a situação econômica catastrófica que o país vive e o crescente autoritarismo do governo. O fracasso e o colapso do chavismo terminaram levando à situação de calamidade para o povo trabalhador, movendo em direção a um bonapartismo reacionário e repressivo, o que serviu para que essa cruzada da oposição direitista tome mais corpo. Ensaiando um discurso anti-imperialista senil, Maduro buscou ganhar apoio para manter seu governo, enquanto se mostra inclinado a negociar novas condições que podem fazer seu governo sobreviver.

O golpista Guaidó e toda a direita que o respalda, apoiada de maneira escancarada pelo imperialismo, usa a demagogia da democracia para favorecer a escalada intervencionista norte americana, com o apoio da direita local, em sua cruzada no subcontinente.

Isso levou alguns setores a verem o apoio ao governo de Maduro, com chamado a uma mediação, como formas de enfrentar o avanço imperialista. Mas o governo de Maduro está longe disso, não representa nenhuma alternativa ao imperialismo, pelo contrário, uma das “realizações” do chavismo em decadência foi a desmoralização e decepção de amplos setores populares, o que se reflete na subvalorização do significado de termos como “socialismo”, “revolução”, “nacionalização”, “poder popular”, “controle operário”, etc. gerando assim confusão ideológica e facilitando as coisas para a demagogia da direita.

Além disso, a catástrofe econômica que impera com as calamidades que atinge todo o povo, sobre a qual se montou a oposição de direita com Guaidó na liderança, está levando a que outros setores se somem às mobilizações impulsionadas pela direita produto do cansaço dominante, quando na verdade uma saída vinda da mão do imperialismo e dessa oposição não fará mais que redobrar as cadeias imperialistas sobre o país e também impor planos de ataque aos trabalhadores e ao povo.

A necessidade de uma saída independente

Nem da mão do imperialismo, nem de seu fantoche Juan Guaidó, não se pode esperar algo a favor do povo trabalhador. O plano econômico apresentado pela oposição direitista implica mais sufoco nas condições de vida e levará à Venezuela um governo submisso aos EUA, além da demissão massiva de funcionários públicos (sob o eufemismo de “redução do tamanho do Estado”), liberação total de preços, privatização de empresas e serviços públicos, maior endividamento externo, entrega acelerada da indústria petroleira ao capital transnacional.

Mas a sobrevivência do governo de Maduro implica na continuidade da deterioração econômica com medidas que terminaram fazendo estragos na população e beneficiando setores empresariais, incluindo as transnacionais. O governo, em meio a uma grande debilidade, toma medidas que aumentam mais a catástrofe social e econômica, mas exonera dela os grandes capitalistas e permiti-lhes fazer grandes negócios.

Em meio a essa crise desesperadora, os trabalhadores e o povo pobre são os que podem e tem o direito de tirar Maduro, e não o imperialismo e seus fantoches com seus planos golpistas, levantando um programa próprio que dê uma saída progressiva em função de seus interesses fundamentais. Um programa que contemple medidas de emergência para dar solução aos problemas sofridos por milhões.

Como defendem os companheiros da Liga de Trabajadores por el Socialismo (LTS), acompanhado de um programa operário e popular de emergência e demandas democráticas, é fundamental na atual situação “incentivar o surgimento e desenvolvimento de formas superiores de frente única dos trabalhadores e os setores populares, com o objetivo de construir conselhos operários e populares, e aproximar das massas a convicção de que é preciso, urgente e inadiável a tomada de poder político em suas próprias mãos para instaurar um Governo operário e popular, baseado nos organismos de luta que as próprias massas criem".

 
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