Em uma decisão que claramente está alinhada com a política golpista que a União Europeia (UE) impulsiona na Venezuela, nessa quinta-feira, o Parlamento Europeu decidiu votar o reconhecimento de Juan Guaidó como “presidente interino legítimo” da Venezuela.
Os grupos parlamentares dos conservadores, dos liberais e dos sociais democratas europeus aprovaram essa resolução: “O Parlamento Europeu reconhece Juan Guaidó como o presidente interino legítimo da República Bolivariana da Venezuela de acordo com a Constituição da Venezuela (...) e expressa seu apoio absoluto ao seu plano de ação”.
Contra a resolução votaram os eurodeputados espanhóis da Izquierda Unida e do Podemos por parte do grupo da Izquierda Unitaria, assim como os de Equo, ICV, BNG e ERC, situados no grupo dos Verdes.
“Falei por telefone com o presidente Guaidó, nosso único interlocutor, para lhe assegurar o apoio do Parlamento Europeu”, garantiu o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.
“O Parlamento Europeu é a primeira instituição europeia que reconhece Juan Guaidó, encorajamos o resto das instituições para que o façam o quanto antes”, declarou Tajani depois da votação.
Juan Guaidó.
Da Eurocâmara afirmam que tomaram essa decisão porque Nicolás Maduro “rechaçou publicamente a possibilidade de realizar novas eleições presidenciais”, uma condição imposta pela União Europeia. A UE havia lançado um ultimato a Maduro, exigindo que convocasse eleições no prazo de 8 dias. Caso contrário, reconheceriam oficialmente o autoproclamado Juan Guaidó. É o que aconteceu hoje.
A UE propõe agora criar um “grupo de contato” internacional, com o objetivo de garantir a convocatória a eleições presidenciais livres, transparentes e credíveis, baseadas em um calendário combinado, em iguais condições para todos os participantes, transparência e presença de observadores internacionais.
Dirigentes da União Europeia também solicitaram a liberdade dos jornalistas da agência espanhola EFE, presos na Venezuela no dia de ontem. O pedido de liberdade imediata dos jornalistas, no entanto, quer ser utilizado para justificar a tentativa de golpe.
Essa resolução significa mais um passo na ofensiva golpista na Venezuela e aprofunda a interferência do imperialismo nesse país e em toda a região. A mesma União Europeia que mantém excelentes relações com regimes bonapartistas repressivos como o de Erdogan na Turquia, ou com monarquias ditatoriais como Arábia Saudita, responsável pelo assassinato e esquartejamento de jornalistas da oposição, pretende falar em nome da defesa da “democracia” e da “liberdade”. Pura hipocrisia.
Se faz mais necessário que a esquerda europeia se mobilize contra esse avanço do imperialismo na América Latina e na Venezuela, sem que isso signifique dar qualquer apoio ao governo de Nicolás Maduro. Imperialismo, tire as mãos da Venezuela!
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