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Chile
Valparaíso: aumentam as paralisações em apoio aos portuários

Vários portos de norte a sul estão paralisando o trabalho em apoio a Valparaíso. Com a demissão de Raúl Celis, da EPV, a temporada de exportações de frutas iniciando e o Von Appen fechada para negociar, o governo de Piñera está gerando uma nova crise, a que mais teme: a de paralisações e greves.

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Se estendem as paralisações

Dezembro começou com uma semana de intensa resistência dos trabalhadores, que mostraram sistematicamente todos os dias que ainda estão lutando. O gesto de ter deixado passar caminhões e fazer alguns movimentos, para mostrar intenção de diálogo durante a mediação do Governo, foi utilizado pela empresa para não fechar mais o acesso ao Terminal 1 e assegurar o seu funcionamento. Agora, os trabalhadores têm se manifestado nas ruas da cidade, mostrando sua disposição e seu ânimo, que não retrocedeu em mais de três semanas.

Na base de trabalhadores, o espírito de luta está em brasa. A iniciativa é implantada ao máximo. A moral é muito alta e em todos os lugares sentimos que já se conquistou o mais importante: recuperar o sindicato número 1 dos estivadores, cujas decisões já não passam mais pela direção traidora de Rojas, que assembleia após a assembleia é calada pela própria base (embora ele ainda esteja em sua posição). O governo sabe que não pode chegar e reprimir trabalhadores: fora de controle mafioso de Rojas, tocar nos portuários pode ser respondido de forma explosiva.

A União Portuária do Chile voltou a encenar os métodos que a tornaram famosa: os Paros en Solidariedad (paralisações em solidariedade, que é um método histórico de classe trabalhadora mundial, mas que tinha perdido no Chile depois da ditadura.

Paralisaram por duas horas portos de Iquique, Antofagasta, Huasco, Chañaral, San Vicente, Huachipato, Penco, Lirquén, Coronel e Puerto Montt, e depois fizeram discursos e agitações em plenas docas de Iquique, Ventanas e Punta Arenas. Enquanto isso, desde o final de novembro, a Coordenadora Internacional de Portuários (IDC) mantém o bloqueio de navios vindos de Valparaíso, na Europa e nos EUA.

Uma nova crise do governo

No dia 7 de dezembro, o presidente da Empresa Portuária de Valparaíso, Raul Celis, renunciou, no que marca o início de uma crise política para o governo. É que, como autoridade de uma "empresa estatal autônoma", Celis foi realmente um porta-voz fiel da família Von Appen, expressando toda a falsidade de seus argumentos: que supostamente esta é uma greve "de uma minoria" que não deixa uma maioria trabalhar; que as decisões são tomadas na Assembleia (!); que é necessário colocar ordem. A empresa dos alemães, entretanto, continua a realizar todos os tipos de manobras para continuar operando, como usar fura-greves (para o qual a polícia e a marinha agem como verdadeiros guardas privados), pagar turnos e bônus o triplo do valor normal, e também exigir a recolocação da ordem.

Mas os Von Appen não se importam de ser marcados como nazistas. Eles não se importam com sua imagem ante o país. Eles simplesmente não querem se sentar na mesma mesa com os trabalhadores. Pelo Governo de Piñera, que a duras penas está tentando sair da crise pelo assassinato de Camilo Catrillanca e da corrupção na polícia e no exército, isso é inaceitável: tiraram Celis porque seu discurso não servia. Foi um discurso que jogou mais combustível para o fogo. Eles tiveram que fazer um gesto de apertar aos Von Appen: a concessão de sua empresa está sendo avaliada, porque o bloqueio não acontece devido a "força maior", mas se deve exclusivamente à vontade política de não dialogar.

Este fim de semana, por sua vez, a Sociedade Nacional da Agricultura, de extrema direita, disse que essa greve é ​​ilegal e que afeta as exportações de maneira "muito séria". A verdade é que essa mesma corporação de empregadores, junto com o governo, dedicou-se na greve nacional de 2013 a culpar os trabalhadores portuários de que centenas de milhares de trabalhadores diários ficariam desempregados, tentando colocar trabalhadores contra trabalhadores. Essa tática já se repetiu e isso não os ajudou.

Mais paralisações nacionais

A extensão de fechamentos de empresas, demissões massivas, os projetos de lei contra os trabalhadores (do Estatuto do Trabalho da Juventude até a eliminação de compensação por tempo de serviço, passando pela justificação do roubo pelas AFP), a repressão policial diária, que se alastrou como uma peste em toda parte, gerou um profundo mal-estar na sociedade, que não permite ser dirigida à ponta dos lumazos.

Essa crise se espalhou para o próprio Poder Executivo. Hoje, 23.000 mulheres trabalhadoras da Integra, dependentes da primeira-dama Cecilia Morel, entram na sua segunda semana de greve nacional por melhores condições de trabalho e homologação de condições do setor público, enquanto o governo insiste em precarizar seu trabalho.

No ano de 2013, o governo de Piñera, ainda cambaleante pelo 2011 estudantil que lhe havia derrubado a agenda, teve que enfrentar 11 meses de paralisações nacional em todos os setores da economia, incluindo mineiros, carteiros e professores. Depois disso, Piñera se destacou mais pela quantidade de memes e piadas que gerava do que pela sua atuação como presidente.

São estas mesmas forças que conjuram hoje, em um país que não resolveu nenhuma de suas contradições, mas com suas instituições mais débeis que nunca. Com uma “oposição” parlamentar que não serviu para nada, as paralisações e as greves são o que mais temem.

E enquanto isso, a luta portuária segue com mais força e apoio.

 
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