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PETROBRAS
Defendamos a Petrobras da privatização: que seja 100% estatal sob gestão dos petroleiros
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

Não há dúvida que, na mesma medida em que o governo Bolsonaro foi saudado pelos Estados Unidos de Donald Trump e as principais petroleiras do mundo, o novo governo busca as melhores vias para satisfazer o desejo das potências estrangeiras de privatizar a Petrobras.

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Não há dúvida que, na mesma medida em que o governo Bolsonaro foi saudado pelos Estados Unidos de Donald Trump e as principais petroleiras do mundo, o novo governo busca as melhores vias para satisfazer o desejo das potências estrangeiras de privatizar a Petrobras.

A Petrobras é um gigantesco complexo petro-químico que engloba desde a produção até a distribuição de petróleo, compondo uma riqueza colossal. Os monopólios petrolíferos internacionais - como a Exxon-Chevron, a Shell, a Total - buscam abocanhar a Petrobras, suas distribuidoras e especialmente os poços do pré-Sal, que representam bilhões de barris de petróleo cuja renda deveria beneficiar a vida de milhões de trabalhadores.

A Operação Lava Jato e Sérgio Moro - que se beneficiou pelos serviços prestados ao golpe institucional recebendo como recompensa o ministério da Justiça do governo Bolsonaro - não possuem como alvo apenas descarregar ajustes neoliberais sobre as condições de vida da população trabalhadora e pobre. Seu propósito específico é preparar as bases para a entrega da Petrobras a estes mesmos monopólios petrolíferos mundiais.

Se fôssemos sintetizar, a Lava Jato foi um dos mais importantes mecanismos da burguesia para atacar os trabalhadores e garantir os interesses da burguesia nacional e estrangeira no país: possibilitou manipular as eleições, de braço dado com o judiciário, para escolher a dedo o próximo governo mais ajustador ainda que o Temer. Em meio à esse processo disfarçado como "combate à corrupção", a Lava Jato atacou brutalmente a Petrobras, fomentando ainda mais os discursos neoliberais como de Paulo Guedes pela privatização.

Até agora, nenhum dos principais produtores de petróleo do mundo foi investigado pela Lava Jato; assim também, nenhum dos monopólios vinculados à produção de navios-sonda e tecnologias de perfuração (como a Halliburton, a Schlumberg, a Transocean) passaram pelo escrutínio do zeloso Moro. Treinado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, Moro conhece bem o "seu ofício".

Depois de anos, algumas gigantes vinculadas ao comércio de commodities, como Vitol, Trafigura e Glencore, são "investigadas" pela Lava Jato. Não se trata de desvelar os esquemas de corrupção entre os grandes capitalistas e a Petrobras, mas de eliminar intermediários e selecionar quem vai se beneficiar com a privatização dos poços do pré-Sal, que não tornará o combustível mais barato, pelo contrário, deixará nas mãos de um punhado de monopólios a decisão sobre os altos preços dos combustíveis, como ocorre em todos os países em que detém controle do processo produtivo.

Nenhum dos maiores produtores de petróleo será incomodado: Exxon-Chevron, a Shell, a Total e a British Petroleum terão caminho livre. Estes monopólios imperialistas tem agentes diretos e indiretos no governo Bolsonaro, a começar por Moro e Guedes, para poder avançar seus interesses. A prova? A norte-americana Exxon e a anglo-holandesa Shell arrebataram as duas maiores áreas do pré-sal brasileiro, em leilão realizado a finais de setembro.

Além disso, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a entrega de 34 campos de produção terrestre de petróleo, localizados na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. A Petrobras é agora dirigida por Roberto Castello Branco, um privatizador nato que, assim como Paulo Guedes, é formado na Escola de Chicago.

Não podemos deixar isso acontecer. As riquezas do pré-Sal devem servir aos interesses da população pobre e trabalhadora, para investimentos na educação, na saúde, em moradia e transportes. Não é assim agora justamente pelos acordos dos distintos governos e os acionistas capitalistas, em esquemas de fraude e corrupção inseparáveis desse sistema capitalista. É mentira que a privatização da Petrobras e a venda dos poços do pré-Sal farão diminuir os preços dos combustíveis. Pelo contrário, abrirão caminho para que os monopólios estrangeiros aumentem o preço quando quiserem. Precisamos defender a Petrobras contra qualquer medida de privatização!

A Petrobras será entregue ao imperialismo norte-americano pelo programa ultraneoliberal de Bolsonaro. Contra isso, defendemos que a Petrobras deve ser 100% estatal, sob gestão dos trabalhadores e controle da população, sem um centavo para os acionistas privados

A luta para que todo o petróleo brasileiro seja controlado por uma Petrobras 100% estatal sob gestão dos trabalhadores é o que pode dar um resposta, controlando desde a exploração, quanto garantindo combustíveis, principalmente o gás de cozinha, à preços acessíveis para a população e revertendo os recursos do petróleo para os direitos básicos de interesse de todos: saúde e educação.

As centrais sindicais estão absolutamente inertes, e mesmo a CUT e a CTB (vinculados ao PT e ao PCdoB), que dirigem os sindicatos vinculados à Petrobras, fingem que nada ocorre. Uma vergonha. Simboliza todo o processo de entrega de partes da estatal que foi continuada nos governos de Lula e Dilma. Nós chamamos todos os setores a uma luta real, unificada e coordenada em defesa da Petrobras e contra sua entrega ao imperialismo, em exigência a essas centrais para que coordenem paralisações massivas nos terminais para frear os planos de Guedes/Bolsonaro.

Todos os sindicatos, federações sindicais e organizações de esquerda precisam garantir a possibilidade de que os petroleiros e trabalhadores lutem na prática de forma unificada e coordenada contra a entrega da Petrobras e dos poços do pré-Sal, que será feito em função do pagamento da ilegal dívida pública aos grandes banqueiros e especuladores internacionais e para beneficiar as grandes petroleiras estrangeiras. Trata-se de um objetivo claro e preciso, de defesa da estatal, sobre o qual podemos chegar a um plano prático de ação comum, em exigência às centrais sindicais. Como se poderia negar o objetivo de impedir a privatização da estatal? A CUT e a CTB devem responder a essa pergunta.

Os franceses mostram que, se lutarmos decididamente em ações comuns e coordenadas, podemos enfrentar o plano de Paulo Guedes de entregar os poços do pré-Sal às petroleiras estrangeiras, e podemos defender a Petrobras da privatização.

Mais que isso: a potência da luta que mostram os franceses, junto à classe trabalhadora aliada com a juventude, pode ser a alavanca para um programa que responda o problema de milhões de pessoas quanto à alta do preço dos combustíveis: uma Petrobras 100% estatal, administrada pelos petroleiros e controlada pela população, poderia de fato garantir combustíveis, como a gasolina e o gás de cozinha, mais baratos. Para isso, tem de ser retirada das mãos dos capitalistas. Os franceses lutaram e impuseram um recuo a Macron. Por que não poderíamos conseguir o mesmo aqui?

É preciso coordenar imediatamente uma batalha unificada entre todas as categorias de trabalhadores junto aos petroleiros para defendermos nossas riquezas contra a entrada do imperialismo pela porta da Lava Jato. Um triunfo nesta batalha prepararia o terreno para barrar a reforma da previdência e os demais ajustes de Bolsonaro, fortalecendo as posições de combate (defensivas e potencialmente ofensivas) dos trabalhadores.

 
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