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ELEIÇÕES ESTUDANTIS UNICAMP
Conheça e construa a chapa “Por Moas e Marielles” para o CACH-Unicamp 2019
Redação

Nós da juventude Faísca, junto a estudantes independentes, chamamos à construção de um CACH vivo, que seja ferramenta de luta de cada estudante para, aliado aos trabalhadores, enfrentar os ataques de Bolsonaro e do Judiciário golpista à educação e à Previdência.

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Mestre Moa do Katendê, lutador antirracista e capoeirista, foi assassinado no dia 7 de Outubro por um apoiador de Bolsonaro, em meio a eleições completamente manipuladas pelo Judiciário golpista. O ódio racista, misógino e LGBTfóbico incitado por aqueles que querem esmagar a classe trabalhadora, a juventude e o povo pobre com desemprego, reformas e privatizações, foi fortalecido pelo impedimento do direito da população decidir em quem votar. Prenderam Lula arbitrariamente e vetaram sua candidatura; encobriram o escândalo das fake news financiadas por dezenas de empresários brasileiros e roubaram o voto de milhões de nordestinos pela biometria. Agora agradecem a Moro com o Ministério da Justiça por seu grande papel no golpe institucional de 2016, que veio para atacar ainda mais do que o PT já vinha ajustando e do qual querem que Bolsonaro seja a continuidade blindada de Temer, apoiado na crescente politização das Forças Armadas e abrindo espaço para maior espoliação do Brasil e da América Latina pelo imperialismo norte-americano.

O assassinato de Marielle Franco, em março deste ano, escancarou a ferida aberta, pulsante, desse golpe, em meio à intervenção federal no Rio de Janeiro. Agora a justiça censura reportagem que poderia revelar mais detalhes do caso, que há 8 meses segue sem resposta pelo Estado. Mulher negra, LGBT e de esquerda, quando BolsoDória esbraveja que sua polícia deve “atirar para matar” a juventude paulista negra e pobre, retomamos a luta de Marielle. Exigimos investigação independente já. Mestre Moa vive. Presentes!

Bolsonaro também declarou recentemente que “uma parte considerável” das universidades é dinheiro jogado fora e que é necessário “aparar os centros acadêmicos”. Também o reacionário MBL de Kim Kataguiri e do Unicamp Livre agora afirma que é preciso construir um movimento estudantil que torne as entidades, como a UNE, “obsoletas”. Contra isso, mais do que nunca está na hora de que nossas entidades estudantis sejam retomadas pelo conjunto dos estudantes, como nossas ferramentas de luta coletiva capazes de enfrentar ataques como o pagamento de mensalidade nas universidades, o Escola sem Partido, que quer perseguir professores em sala de aula, criando um movimento de assédio, e a Reforma da Previdência, como a “mãe” das reformas contra nosso futuro e um combate decisivo que colocará nossas entidades à prova. É esse potencial que coloca medo em Bolsonaro e no MBL.

Contra essa perspectiva, o PT de Haddad e o PCdoB de Manuela D’Ávila, que estão à frente de milhares de sindicatos, Centros Acadêmicos e DCEs do país, dirigindo grandes centrais sindicais como a CUT e a CTB e entidades estudantis como a UNE, propõem “esperar a poeira baixar”, como diz Lula, e construir uma “frente ampla democrática”. Isso significa deixar esse governo “sangrar” até 2022, mesmo que isso seja permitir os mais duros ataques contra a maioria da população, para “se desgastar” e favorecer os objetivos eleitorais do PT. Esse partido dirige um chamado não apenas a figuras como Ciro Gomes, coronelista do Nordeste que esbanjou “neutralidade” no segundo turno viajando para a Europa, como a partidos golpistas, como o próprio PSDB, que por ora não aceitaram encabeçar essa frente de oposição parlamentar. O PT, enquanto segue sem organizar nenhuma medida pela base, como assembleias e plenárias nos locais de trabalho e estudo, aposta no campo institucional, no qual está disposto a cada vez mais rifar qualquer programa em nome dessas alianças, com setores que até mesmo defendem as duras reformas de Bolsonaro, como a Reforma da Previdência. Por isso também hoje abandonam a denúncia ao golpismo e ao Judiciário, para conformar essa frente ampla, sendo um verdadeiro entrave à organização dos trabalhadores e estudantes, como vimos na Unicamp com nosso DCE da UJS e do Apenas Alunos, filiado à UNE, que rifou a independência política e financeira dos estudantes e chegou a deturpar deliberações de assembleias que exigissem dessa entidade nacional um plano de lutas sério.

Por isso, defendemos um CACH que se coloque a organizar nossa luta pela base, como um polo anti-burocrático na Unicamp e no país, a serviço de desmascarar o que de fato significa essa frente ampla, sendo um entrave às nossa lutas, e para que cada estudante enquanto sujeito político possa tomar para si os rumos do movimento estudantil. É a esse serviço que abrimos um sério debate com a chapa “Mandacaru: o CACH renascerá”, composta por membros do PSOL (Afronte e Juntos), PCB e estudantes independentes, havendo também membros da chapa majoritária do CACH de 2018. O PSOL conquistou uma importante expressão política nas últimas eleições, com Guilherme Boulos e seus parlamentares eleitos, localizando-se como o principal partido à esquerda do PT nacionalmente. Queremos debater com os estudantes como essa expressão política do PSOL poderia estar a serviço de preparar um plano de lutas sério em contraposição à estratégia meramente parlamentar do PT. Sem denunciar o papel do petismo à frente das principais entidades estudantis e de trabalhadores do país e exigir de seus sindicatos que organizem seriamente nossa luta, isso não será possível, já que o PSOL termina por ser a “cara de esquerda” da oposição parlamentar petista e de suas burocracias nos movimentos, que constroem a passividade e a desmoralização.

Além disso, criticamos duramente a antiga chapa majoritária, composta pelo Afronte e independentes, à frente do CACH, e também as organizações de esquerda da Unicamp, por se recusarem a apoiar ativamente a greve dos trabalhadores deste ano em nossa universidade. A unidade mais do que necessária que precisamos construir deve ser de estudantes lado a lado aos trabalhadores, efetivos e terceirizados. É preciso fazer um sério balanço desse processo para que os estudantes estejam melhor preparados no ano que vem. Nós da chapa minoritária não arredamos o pé de apoiar ativamente e defender em cada assembleia medidas de unificação para somar forças aos trabalhadores.

Apenas com essa perspectiva, o CACH pode se colocar na linha de frente da defesa da universidade pública, mas não tal como ela é hoje, e sim a serviço dos trabalhadores e da maioria da população, munido de um programa que possa de fato se enfrentar com tudo o que Bolsonaro representa. Frente à reitoria que se vale de um estatuto herdeiro da ditadura para punir estudantes e “gerir a crise”, devemos lutar por uma estatuinte livre e soberana, que permita avançar contra toda a atual estrutura de poder antidemocrática, que serve às empresas que sugam nosso conhecimento na universidade, pelo fim do CONSU tal como é hoje e da reitoria, para que a Unicamp seja gerida por estudantes, trabalhadores e professores proporcionalmente a seu peso real.

A reitoria e sua burocracia acadêmica, que hoje se colocam junto ao STF supostamente em defesa da autonomia universitária e das liberdades democráticas, contra as perseguições do baixo escalão do Judiciário e de Bolsonaro, que quer até mesmo nomear reitores, são incapazes de enfrentá-los até o final porque, como vimos ao longo da greve, também atacam os trabalhadores, arrochando os salários, e nossas condições de estudo. No primeiro ano de entrada dos cotistas, será fundamental organizarmos desde o IFCH uma séria luta por permanência estudantil, direito a bolsas-estudo, sem contrapartida, a todos que precisarem, pela ampliação da moradia estudantil de acordo com a demanda e vagas nas creches, como uma garantia elementar a mães e pais estudantes. Uma reitoria que emprega trabalho terceirizado na universidade não pode se contrapor ao projeto dos golpistas e de Bolsonaro, que querem cada vez mais precarizar o trabalho com a Lei de Terceirização Irrestrita, em sua maioria de mulheres negras. Por isso, o CACH deve levantar a efetivação de todos os trabalhadores terceirizados sem necessidade de concurso público.

Contra Bolsonaro que esbraveja pelo fim das cotas étnico-raciais, a partir dessa conquista e da implementação do vestibular indígena, devemos construir um movimento estudantil que se coloque frontalmente pelo fim do vestibular, que exclui milhares de jovens todos os anos, defendendo o direito à educação a toda a juventude, a partir da estatização das redes de ensino privadas, que querem lucro certo com a proposta reacionária de Ensino à Distância no Fundamental, para que passem às mãos dos trabalhadores e estudantes.

Além disso, historicamente, os estudantes do IFCH têm ocupado a universidade e seu Instituto com festas e espaços de vivência. Ainda mais em face ao fortalecimento de uma extrema direita conservadora, que quer cercear nossa sexualidade e incita os assassinatos LGBTs, como Laysa, e que as mulheres sejam “recatadas e do lar”, ocupar nossos espaços com festas, saraus e festivais está a serviço de fortalecer nossa resposta política ao conservadorismo, em combate às opressões, e romper com a lógica produtivista da universidade. Infelizmente, também não achamos que a chapa majoritária defendeu as festas e nossos espaços, frente à ofensiva da justiça que quer multar a Unicamp. Construir o espaço do Centro Acadêmico, revitalizado, ligado à vivência no campus e no IFCH por toda a juventude de Campinas deve ser um ponto que nos fortaleça politicamente.

Por fim, isso não está desligado de um CACH vivo, que não só ocupe os espaços, mas que construa e componha amplos debates políticos, como mesas, rodas de conversa e espaços que pela base permitam aprofundar nas distintas visões no Instituto. Paulatinamente, o CACH atual tem relegado os grande debates com a intelectualidade que é parte do IFCH e com quem cotidianamente discutimos nas salas de aula, às iniciativas da direção. Mais do que nunca, os estudantes devem ser linha de frente de querer pensar os rumos do país e da sociedade, ligando sua politização cotidiana à construção de uma entidade militante, que na prática fortaleça uma saída ao lado dos trabalhadores para que sejam os capitalistas a pagarem pela crise. Isso não se dará sem um vivo debate das divergências no movimento estudantil. Por isso, defendemos a proporcionalidade no Centro Acadêmico, que permitiu ao longo de todo o ano que as chapas que o compuseram pudessem expressar posições distintas e a todos os estudantes fazerem experiência com uma concepção de entidade mais democrática, na qual posicionamentos políticos minoritários têm espaço - ao contrário da direita que defende um pensamento único.

É com essas ideias que convidamos os e as estudantes do IFCH a debaterem com nossa chapa e construírem uma alternativa que se disponha a organizar a luta dos estudantes pela base, retomando o legado de Maio de 68, quando os estudantes abriram os portões da Sorbonne à classe operária e construíram juntos barricadas contra as reformas dos capitalistas, nos 50 anos desta data.

 
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