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TRANSFEMINICIDIO
Bolsonaristas assassinam travesti: vamos vingar cada uma
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN
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O Brasil é o país do transfeminicidio. É também recordista número um nos assassinatos LGBT. Ontem perdemos uma travesti, da qual até agora não temos nome, pelas mãos de bolsonaristas. Basta de assassinatos LGBT! Precisamos de comitês de auto-defesa e um movimento LGBT que tome as ruas contra a ofensiva da extrema direita!

Na madrugada desta segunda-feira, no centro de São Paulo, uma travesti entrou em uma discussão com quatro ou cinco homens em um bar sobre política, e foi brutalmente assassinada por facadas aos gritos de "Ele Sim" e "Bolsonaro". Ao lado de Mestre Moa, esta travesti deixa esplícito contra quem se mobilizam os seguidores de Bolsonaro.

Apesar do motivo ser a combinação entre a sua existência como pessoa trans e sua posição política contrária a um legítimo representante da sociedade transfóbica, a morte de travestis sem investigação não é uma novidade. Estima-se que foram assassinadas 86 travestis e pessoas trans nos primeiros seis meses de 2018, Bolsonaro, a extrema-direita e o golpismo tem como objetivo multiplicar este número o quanto puderem, como parte de aprofundar de forma mais radical os ataques de Temer e esmagar a classe trabalhadora, partindo de destruir a subjetividade dos setores oprimidos, mais vuneráveis. Sem conseguir obrigar com que andemos de cabeça baixa, produzindo vergonha sobre nossas identidades e sexualidades, genitalizando os corpos, não podem manter o trabalho alienado e que aceitemos viver em piores condições de vida.

Seus aliados e defensores são tanto o judiciário autoritário, quanto a tutela das Forças Armadas, mas também as Igrejas Evangélicas, responsáveis por torturas e agressões de LGBT, dentro de suas próprias famílias e fora delas. Edir Macedo, à frente da Igreja Universal do Reino de Deus, declarou seu apoio a Bolsonaro, assim como os líderes da Assembleia de Deus, como Silas Malafaia.

Bolsonaro é inimigo das LGBT, em entrevista com Ellen Page em 2015, famosa atriz e ativista lésbica, afirmou que "Quando eu era jovem, existiam poucos gays. Com o passar do tempo, com as liberalidades, as drogas e as mulheres trabalhando, aumentou bastante o número de homossexuais. Se o filho começa a andar com certas pessoas, vai ter aquele tipo de comportamento, achar que aquilo é normal". Alem de defender agressão contra filhos que não sigam seus ideais, e a dependência dos heterossexuais já que casais homossexuais não reproduzem.

O General Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, além de anunciar a destruição do 13 salário, um direito ao qual poucas LGBT tem acesso, também afirmou que a criminalidade é produto das famílias pobres, ou sem pais e sem avós, este ataque racista e machista, tem também conteúdo LGBTfobico. Condizente com quem quer para a Presidência da Câmara dos Deputados, Levy Fidelix, da famosa frase "órgão excretor não reproduz".

Precisamos de um movimento LGBT que exploda seu orgulho nas ruas e combata toda forma de opressão

A torcida do Atlético Mineiro entoou um canto "Ô cruzeiro, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar todos os viado" no mês de Setembro. As pichações tomaram os banheiros das universidades com ameaças às LGBT e às negras e negros. Esta ofensiva demonstra que além de um governo de extrema direita, a força eleitoral já legitimou com que graves expressões do preconceito tomem forma e ceife vidas. E que não se pode vencer esta ofensiva, apenas organizando e mobilizando mais voto contrários a sua candidatura.

Nós acompanhamos todas as LGBT que votarão em Haddad para rechaçar Bolsonaro nas urnas. Mas não compactuamos com o papel cumprido pelo PT e PCdoB que já se reúnem com lideranças religiosas e em defesa do direito "a vida e foram responsáveis pela chegada de Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos em 2013, abriu espaço para o golpe institucional, assinou o Tratado Brasil - Vaticano, a Carta ao Povo de Deus e permitiu com que setores reacionários pudessem destilar todos seu ódio contra nossas identidades orgulhosas.

Nós que estivemos sempre na linha de frente exigindo investigações e justiça para as vítimas da homofobia e transfeminicidio ao longo dos governos petistas, com Kaique Augusto, Laura Vermont, Verônica Bolina, entre outros. Nós que estivemos na primeira fileira da batalha contra a tentativa de volta da Cura Gay, sempre denunciando a patologização das identidades trans. Nós que fizemos ecoar o ódio contra o assassinato de Dandara, hoje denunciamos com todas as nossas forças que esta vítima de transfeminicidio e de ódio Bolsonarista e que como outras tantas pessoas trans corre um enorme risco de ser enterrada como indigente, não tendo sequer o direito ao luto.

Por isso, por não aceitarmos esta morte, por não querer naturalizar nenhuma das vítimas desde movimento com fortes traços fascistas, expressos nesse assassinato político, fazemos em cada local de trabalho a exigência que as Centrais Sindicais, assim como nas universidades onde estamos exigimos das entidades estudantis, convoquem comitês de base para organizar a nossa luta. Assim como queremos chamar todas as LGBT que se inconformam com esta situação, de transformarmos o medo e a angustia do futuro, no ódio potente para que sejamos sujeitos para construir uma saída anticapitalista para esta situação.

Retomemos a história combativa de Marsha P. Johson e Silvia Riveira que mesmo com medo, enfrentaram a polícia e deram um basta a repressão policial! Façamos como o Gays e Lesbicas em Apoio aos Mineiros que buscaram se aliar a classe trabalhadora para enfrentar Margaret Tatcher e o neoliberalismo! Façamos como a Frente Homossexual de Ação Revolucionária que exigia dos sindicatos e partidos a aliança revolucionária entre LGBT e trabalhadores! Façamos novamente história, sejamos uma poderosa força contra Bolsonaro, os golpistas e o capitalismo!

 
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